Coesão, coerência, regras gramaticais e ortográficas são alguns dos conceitos avaliados nas provas escolares. Diante desta situação, de acordo com o site da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), o Projeto de Lei 93/2017 do deputado José Américo (PT) visa “a inserção da matéria de redação nos estudos do 3° ano do ensino fundamental como forma de desenvolvimento do cidadão, assim como para melhorar as habilidades na comunicação”.
O projeto sugere ainda que, uma vez por semana, os alunos estudem as novas regras ortográficas com o manuseio do dicionário, além de interpretação de texto. As atividades, em conjunto com as avaliações mensais de redação, fariam parte dos parâmetros para o cálculo da média bimestral dos alunos. Dentre os argumentos, o projeto salienta que é “imperiosa a reestruturação das grades curriculares” em relação à língua portuguesa visto que as os resultados em provas realizadas, como o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), “revelam o desastre na redação dos alunos da rede pública que não tiveram estimulação para escrever, interpretar um texto ou manipular um dicionário”.
A proposta aguarda apreciação da Comissão de Constituição, Justiça e Redação e, após tramitar pelas comissões temáticas da Alesp, será submetida ao plenário.
Diante disto, a orientadora pedagógica da EM (Escola Municipal) Professora Rosy Odetty Roriz Brandão, Luciana Luz, avalia a proposta como positiva, porém, explica que o projeto de lei tem suas falhas. “Apesar de não conhecer todas as vertentes da proposta, é claro que a formação desta criança desde os primeiros dias de estudos é fundamental para dar subsídios no futuro, mas a redação já é trabalhada aqui, só que não como forma de disciplina”, comenta. “Desde os anos iniciais, a escrita é trabalhada na escola como uma representação da língua, então se houver implantação dessa lei, é necessária a inserção de especialistas nessa área”, acrescenta.
Para a pedagoga, a introdução deste tipo de profissional na sala de aula pode trazer uma forma diferenciada no modo de ensinar, e acredita que será válida a proposta de lei se houver este requisito. E reforça ainda que diversas atividades de escrita, de leitura e ortografia já são introduzidas desde bem cedo para as crianças absorverem de forma leve e divertida as mudanças na língua portuguesa.
O uso do dicionário, segundo Luciana, já é usado pelos estudantes como forma de aprendizagem. “Semanalmente ou diariamente, são realizadas tarefas que envolvem o manuseio destes elementos, então algo que está nesta proposta já foi implementado há um tempo nas escolas”, fala. Sobre a importância da redação na vida dos estudantes, ela afirma que “é de suma importância a prática contínua da escrita e reescrita”, além de que tudo o que é feito dentro do espaço físico da escola é para preparar o aluno para possíveis e posteriores desafios, como prova e vestibulares.
Sala de aula
Dentro e fora dos portões da Escola Rosy Brandão, a língua portuguesa “serve para inspirar a criatividade e os estudos da criança todos os dias”, conforme a professora da turma do 3° A do período da manhã, Négia Mariano Schisbelgs. “Em nossa escola, o projeto de texto e redação já é bem realizado. Sempre fazemos atividades de contos populares brasileiros, transcrevemos histórias em quadrinhos no caderno, ou seja, já são realizadas várias questões que estão nesta proposta”, analisa.
A docente também concorda sobre a necessidade de profissionais mais preparados para atender às demandas do projeto de lei. “Talvez fosse melhor implantada se tivesse este tipo de pessoa, porque hoje é muito cobrada a produção de texto na vida adulta e pra sempre, ‘né’?”.
Os estudantes da turma do 3° ano do ensino fundamental admitem que a produção de texto para uma boa gramática é o que mais fazem com frequência dentro da sala de aula. A aluna Joana Souza Gomes, 8 anos, explica que seus pais incentivaram sempre a melhorar seu desempenho. “Gosto muito de histórias em quadrinhos, então eu leio e tento escrever tudo o que eu vejo por aí,” observa. Outros coleguinhas de sala também expressam o amor pela redação. “Eu pratico minhas tarefas de língua portuguesa tanto aqui na escola como na minha casa e gosto bastante quando a professora passa atividades de escrever”, fala o estudante Lucas Lemes Félix, 8 anos.
SAIBA MAIS
IMPORTÂNCIA DA REDAÇÃO NA NOTA DO ENEM
- Acesso à educação superior – Sisu (Sistema de Seleção Unificada), Prouni (Programa Universidade para Todos), Instituições Portuguesas;
- Financiamento estudantil – Fies (Fundo de Financiamento Estudantil);
- Desenvolvimento pessoal – Autoavaliação e inserção no mercado;
- Melhorias na educação – Estudos e indicadores para aperfeiçoamento do ensino.
Fonte: ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio)