Produtores mantêm aposta para triplicar plantio de amendoim

Levantamento do IEA mostra que a quantidade plantada na safra passada chegou à área final de 6.048 ha (hectares), e em 2018/2019 promete ser 21.233 ha

REGIÃO - THIAGO MORELLO

Data 10/07/2019
Horário 04:10
Arquivo - Da área final na safra de 2017/2018, a intenção de plantio vai de 6.048 a 21.233 hectares
Arquivo - Da área final na safra de 2017/2018, a intenção de plantio vai de 6.048 a 21.233 hectares

Se a área final do amendoim plantado na região de Presidente Prudente foi de 6.048 ha (hectares), pela safra 2017/2018, na de 2018/2019 a intenção de plantio é 3,5 vezes maior: 21.233 ha. Isso é o que mostra a segunda estimativa da safra agrícola, liberada nos últimos dias pelo IEA (Instituto de Economia Agrícola) do Estado de São Paulo. A análise ainda mostra uma crescente em relação à produção, que no primeiro dado do instituto, divulgado em fevereiro, ficou em 21.098 ha. Na região, o índice é formado pelos três EDRs (Escritórios de Desenvolvimento Rural) existentes: Dracena, Presidente Prudente e Presidente Venceslau.

Pra quem entende do assunto, algumas situações fomentam para que o cenário seja esse. Por exemplo, hoje, conforme o produtor Rodrigo Scapin, de Teodoro Sampaio, a principal destinação do amendoim é para o mercado de cereais, que cresceu nos últimos tempos. “Todo amendoim é vendido para um cerealista em Santo Anastácio, que tem comércio direto com a Rússia e a Argélia”, completa.

E nesse meio, ele destaca ainda a visibilidade que o amendoim ganhou no Brasil, devido a falta da produção na Argentina - maior concorrente. “Com as novas taxas de exportação em alta, a gente acabou saindo na frente”, pontua Rodrigo. O produtor começou com o amendoim em 2015, com 45 ha, e hoje soma cerca de 300 ha.

A rentabilidade na produção, devido aos altos preços praticados hoje na compra e venda, também é o que faz crescer os olhos para a cultura. Mas isso também é uma preocupação, de acordo com Rodrigo, pois o cenário é esse, uma vez que na safra de 2017/2018 a produção sofreu com o clima, resultando em uma colheita baixa de amendoins com qualidade. “Então, como tinha pouco, o preço subiu com a concorrência. Existe um medo que esse ano seja dessa forma também”, argumenta.

O presidente do Sindicato Rural de Prudente, Carlos Roberto Biancardi, também confirma a situação de alta no amendoim, e ainda aponta uma indústria especializada no plantio em Tupã (SP), mas que tem apostado em alguns produtores da região para compor ainda mais o necessário. “Além disso, a intenção do mercado é o que também sempre vai prevalecer. O que está em alta segue a tendência”, lembra.

Cenário geral

Das 10 produções avaliadas pelo IEA nessa segunda estimativa, cinco tiveram queda na intenção de plantio, em comparação com a primeira. No quadro geral e englobando todos os alimentos, de uma análise a outra, o cenário fomentou para a redução do que se esperava plantar: de 121.526 ha para 114.795, queda de 5,53%. Algodão, banana, café, feijão e milho foram as produções afetadas.

E na região, que é composta por três EDRs (Escritório de Desenvolvimento Rural), a variação negativa do milho, que foi o destaque - a intenção de plantio da produção caiu cerca de 10 mil ha: de 24.167 para 14.625 ha -, teve reflexo expressivo na unidade prudentina.

De Anhumas, o produtor Renato Bosisio aponta o clima como um dos problemas para que a situação hoje fosse essa. “Esse ano não foi dos melhores para o milho. Faltou chuva na hora da floração e enchimento dos grãos”, pontua. Para ele, a questão de chuva ou tempo seco é fator essencial. Com isso, a alternativa é procurar outras saídas. Entre elas, o produtor cita o plantio direto, ou seja, sem intervalo, ou a escolha por alguma variedade que tenha um ciclo mais rápido, como por exemplo, o safrinha.

Amendoim e exportação:

Como noticiado por esse diário, o saldo da balança comercial no início do ano, um dos destaques positivos foi o município de Ribeirão dos Índios, com superávit de 660,82%. Em 2017, o saldo foi de US$ 225.550, e em 2018 foi para US$ 1.716.020. Em ambas as situações, a cidade apenas exportou. Mas qual a ligação com o cenário apresentado? É que, como dito pelo prefeito José Amauri Lenzoni (PSDB), tudo isso é graças a produção do amendoim.

Saiba mais

A cana-de-açúcar, principal produção da região, após fechar a área final de 2017-2018 com 513.346 ha produzidos, também já possui uma primeira estimativa para essa safra, que não foge do valor anterior. Conforme levantado pelo IEA, o esperado dessa vez é 512.190 ha. Em comparação dos dois números, há uma variação negativa de 0,22%:

EDR

Cana para indústria

Evolução do total (%)

Área final (2017-2018)

1ª Estimativa (2018-2019)

EDR de Dracena

143.503

140.735

-1,90%

EDR de Presidente Prudente

255.122

255.678

0,21%

EDR de Presidente Venceslau

114.721

115.777

0,92%

Total

513.346

512.190

-0,22%

 

Produção

1ª Estimativa (ha) 2018-2019

2ª Estimativa (ha) 2018-2019

Dracena

Presidente Prudente

Presidente Venceslau

TOTAL

Dracena

Presidente Prudente

Presidente Venceslau

TOTAL

Algodão

484

632

450

1.566

305

772

450

1.527

Amendoim-das-águas

4.175

15.482

1.441

21.098

4.130

15.662

1.441

21.233

Arroz-de-sequeiro e várzea

0

7

0

7

0

7

0

7

Banana

48

6

17

71

48

4

7

59

Café

27

7

18

52

27

21

0

48

Feijão-das-águas

220

200

15

435

265

120

25

410

Milho

3.184

15.383

5.600

24.167

3.025

5.530

6.070

14.625

Milho irrigado

2

626

340

968

4

806

250

1.060

Soja

1.050

57.421

11.076

69.547

1.645

58.420

12.146

72.211

Soja irrigada

0

2.305

1.310

3.615

0

2.305

1.310

3.615

TOTAL

9.190

92.069

20.267

121.526

9.449

83.647

21.699

114.795

Fonte: IEA

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