Produção de orgânicos gera parceria com Senar

A fim de contribuir com alimentação saudável, instituição realiza curso de cultivo de tomates sem agrotóxico em chácara de Regente Feijó 

REGIÃO - IZABELLY FERNANDES

Data 22/07/2018
Horário 05:59
José Reis - Produtor conta que a ideia da horta orgânica foi incentivada pelo pai
José Reis - Produtor conta que a ideia da horta orgânica foi incentivada pelo pai

Em meio ao uso indiscriminado de agrotóxicos na agricultura atual, muitas pessoas buscam alternativas para continuar a consumir alimentos sem tanto veneno. Em Regente Feijó, o produtor rural Mauro Caldeira, 61 anos, produz orgânicos desde 1996, com o objetivo de prevenir a saúde das agressões dos produtos químicos. Tomate, alface, cheiro-verde, couve-flor e beterraba são alguns dos legumes e verduras produzidos na propriedade de cerca de 3,5 mil metros quadrados. O Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), juntamente com o Sindicato Rural de Presidente Prudente e a Casa de Agricultura de Regente Feijó, realizou uma parceria com Mauro, para que fosse oferecido em sua propriedade o curso de Frutificação de Tomate Orgânico.

O Senar é uma entidade vinculada à CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), que tem como objetivo organizar, administrar e executar, em todo território nacional, a formação profissional rural e a promoção social de jovens e adultos que exerçam atividades no meio rural. Mauro explica que a parceria surgiu depois que ele realizou um curso profissionalizante pela instituição e comentou sobre a sua produção de orgânicos. “Para que o curso ocorra é necessário que um dos alunos disponibilize uma área para o desenvolvimento do plantio. Em uma das reuniões eu disponibilizei minha propriedade e, depois de uma análise, ela foi definida como a área experimental.”, declara.

Com encontros quinzenais, o curso teve início no mês de março e contou com aulas teóricas e práticas. A formação reuniu 15 alunos, que utilizaram como princípio do plantio orgânico a utilização de adubos de liberação lenta de minerais, como biofertilizantes preparados com plantas naturais, dejetos de origem animal e de rochas, e caldas defensivas de origem vegetal.

Segundo o instrutor do curso, Júlio Cézar Dominato, 51 anos, no princípio houve uma “desconfiança” por parte dos alunos, pois a cultura de tomate é “muito suscetível” ao ataque de pragas e doenças, exigindo, muitas vezes, o uso intenso de controles químicos. “Depois, ao iniciar o desenvolvimento do plantio e observando o desenvolvimento da cultura feita somente com métodos naturais de preparo de solo e controle fitossanitário, os alunos despertaram grande interesse pelo método aplicado”, afirma.  

Horta orgânica

De acordo com Mauro, a horta orgânica se diferencia da comum, devido a não utilização de agrotóxicos e adubos químicos. “Aqui na chácara nós só utilizamos capim, pó de serra, esterco, folhas de árvore e a técnica de compostagem”, explica.

Conforme o produtor, os orgânicos geram um rendimento de cerca de R$ 2 mil por mês. A ideia da horta surgiu com os pais, que sempre atuaram com produção rural. “Meu pai sempre lidou com agricultura, e como naquela época não existiam produtos químicos, aprendemos a sempre tratar a plantação com produtos naturais. Por ter vivido isso, nunca gostei de agrotóxicos”, conta.

Agrotóxicos

Desde 2002, está para ser votado pelo plenário o Projeto de Lei 6299/2002, que foi apelidado de “PL do veneno”. A proposta tem a justificativa de fazer mudanças na lei para desburocratizar compras de produtos químicos no país. Porém, muitos ambientalistas, ONGs (organizações não governamentais) e alguns famosos vêm se manifestando contra essa medida. Isso ocorre, pois uma das propostas é que só serão considerados crimes a produção, armazenamento, transporte e importação de produtos não registrados e não autorizados pelos órgãos reguladores, excluindo a quantidade, local e o modo de aplicação. 

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