Um total de 2.415.969 toneladas de cana-de-açúcar. Essa foi a quantidade de produção reduzida de uma safra para outra, nos dois últimos anos na região de Presidente Prudente, o que representa uma queda de aproximadamente 9,5%. Os dados são da Única (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), ao avaliar que em 2016/2017 a colheita foi totalizada com 25.334.447 toneladas, enquanto 2017/2018 fechou com 22.918.478.
Para o presidente da Udop (União dos Produtores de Bionergia), Celso Torquato Junqueira Franco, dois fatores influenciam para esse cenário: a recessão da economia, que reduziu bastante o consumo de energia elétrica e combustível, e intervenções da Petrobras, que produzem um estímulo muito grande para o consumo de gasolina. “Na verdade, esse estímulo já foi maior anteriormente. Com isso, já podemos ver sinais de melhorias, apesar da queda. Há uma tendência para crescimento”, completa.
O presidente não deixa de citar que, hoje em dia, a produção da cana se resume, quase que inteiramente, para açúcar e o que sobra vira etanol. No entanto, Celso menciona que ainda pode haver uma reversão para esse quadro. Um dos fatores que fomenta para isso, segundo ele, foi ocasionado no fim do ano passado, quando houve interesses a fim de estabelecer uma politica sustentável para uma lei de biocombustíveis.
E se por um lado, há pouco mais de três anos, Celso declarou a este diário que se a situação perdurasse, “em cerca de cinco anos a região perderá as usinas que produzem etanol hidratado”, hoje o prognóstico dele é o contrário. “Existe uma preocupação muito grande de empresas que não conseguem suprir o mercado. Ainda tem unidades que possuem dificuldades, mas acendeu uma luz agora”, pontua. O presidente da Udop ainda arrisca dizer que “o Brasil vai dar uma lição para o mundo no que tange ao consumo de combustível limpo”.
Na prática
Para quem trabalha na prática diariamente, de uma safra à outra foi possível até ver um crescimento, o que destoa do cenário. O contador da Usina Branco Peres Açúcar e Álcool, Ítalo Daniel Fratini, registra que “a questão de produtividade agrícola foi bem estimada”, mesmo sendo, “pouca coisa superior do que” antes.
Contudo, para fim de resultados financeiros não continuou subindo. Ítalo considera que ficou no zero, pois os custos para essa produção também são altos. Outra dificuldade que o contador põe à mostra é a questão do combate às pragas com defensores agrícolas, que encarece. “O problema é que com a mecanização parou um pouco a queima da cana, era uma coisa que combatia a praga. Quando para de queimar, ele tem uma manifestação maior. O uso de defensivos agrícolas encarece”, conclui.
PRODUÇÃO DE CANA NAS DUAS ÚLTIMAS SAFRAS
PRODUTOS |
2016/2017 |
2017/2018 |
MOAGEM DE CANA (ton.) |
25.334.447 |
22.918.478 |
PRODUÇÃO DE AÇÚCAR (ton.) |
1.543.949 |
1.480.993 |
PROD. DE ETANOL ANIDRO (m3) |
430.228 |
388.432 |
PROD. DE ETANOL HIDRATADO (m3) |
598.454 |
502.991 |
PROD. DE ETANOL TOTAL (m3) |
1.028.682 |
891.423 |
Fonte: Única