A presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial Estado de São Paulo), Maria Izabel Azevedo Noronha, cumpriu, durante o dia de ontem, visitas em duas escolas estaduais de Presidente Prudente, a EE Fernando Costa, pela manhã, e EE Arlindo Fantini, pela tarde, com o intuito de orientar os profissionais da área e repercutir os dados levantados pelo sindicato, que apresentam o número de 10.038 aulas vagas que deixaram de ser ministradas na rede de ensino no primeiro semestre deste ano.
De acordo com a sindicalista, o levantamento apresentado sobre a falta de aulas – e divulgado ontem por O Imparcial, é um “link” para a conversa com os professores, pois “a tendência é que os números aumentem ainda mais nos próximos meses e anos”. “São informações que preocupam demais e tendem a crescer, pois não vai ter professores para dar aula. Ninguém quer ficar em uma profissão que não tem uma carreira atrativa e boas condições de trabalho”, expõe.
Ainda segundo a presidente, a região de Presidente Prudente foi a primeira a fornecer dados neste segmento, mas as outras regiões da Apeoesp já seguem no trabalho para acompanhar a situação. “Daqui a pouco estaremos falando que apenas 50% das aulas foram ministradas e a culpa vai cair sobre os professores, que não são os verdadeiros culpados”. Como noticiado ontem por este diário, o Estado argumenta que, “em muitos casos, o aviso de falta do professor chega em cima da hora”, inviabilizando o docente substituto de dar a aula em questão. Observa ainda que o total de 10.038 aulas vagas corresponde a 9% das previstas para o primeiro semestre, sendo que a situação está sob controle, pois a reposição é realizada desde o segundo bimestre e segue até novembro, normalmente aos sábados
Outro assunto debatido durante a conversa com professores das duas unidades escolares foi a audiência pública na Assembleia Legislativa, no dia 26, que, segundo Maria Izabel, vai contar com a participação de sindicatos para o protesto contra o corte de gastos do governo na área pública. A reivindicação diz respeito ao Projeto de Lei 920/17, do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que trata da renegociação de dívidas do Estado com a União. “Esse projeto de lei vai congelar os gastos com áreas públicas, como a educação, que são fundamentais à população. Com a crise, a demanda do serviço público vai aumentar e, com o enxugamento, o setor público apresentará carência e as pessoas não serão bem atendidas”, salienta.
Com esta realidade, a presidente ressalta que os jovens não sonham mais em se tornarem professores e que a falta de profissionais no mercado tende a ser o “assunto do momento” daqui aproximadamente dois anos.
Atividades
A agenda da presidente do sindicato contou ainda com uma carreata pelas ruas de Prudente e roda de conversa com professores. Segundo o coordenador regional da Apeoesp, William Hugo Correa dos Santos, a carreata teve início no fim da tarde, às 17h, com início na sede da Apeoesp, na Rua Placídio Nogueira, no Jardim das Rosas, passou pela EE Maria Luiza Formozinho Ribeiro, seguiu para a EE Fernando Costa e retornou ao sindicato. “A intenção é reivindicar melhores condições de trabalho junto à comunidade, que é a maior prejudica com toda a situação que a educação vive”, ressalta.
Já às 18h30, na sede da Apeoesp, professores, membros e a presidente da Apeoesp se reuniram em uma roda de conversa para expor ideias, debater condições de trabalho e repercutir o levantamento feito pelo sindicato e o Projeto de Lei 920/17.
