Prefeitura proíbe descarte de restos da construção em aterro

A partir do impedimento do poder público de Presidente Prudente para entrada no espaço, empresas do ramo de caçamba apontam dificuldades para destinação correta dos resíduos

PRUDENTE - THIAGO MORELLO

Data 12/01/2018
Horário 12:08

A Prefeitura de Presidente Prudente proibiu ontem o despejo de materiais oriundos de caçambas no aterro sanitário. Ao longo do dia, uma fila de caminhões se formou no local, que, de acordo com os motoristas, aconteceu de surpresa. Contudo, a administração municipal lembra que a proibição já existe “há anos”, porém, “vinha sendo objeto de desrespeito pelos usuários, apesar de reiterados alertas”. Quem realiza o descarte no local diz se sentir de mãos atadas, uma vez que não há um novo espaço para a destinação correta.

A proibição contempla restos de construção civil, galhos de árvores e outras fontes de poluição nos aterros controlados. Por meio de nota, a Secom (Secretaria Municipal de Comunicação) lembrou que tal ação faz parte do processo de encerramento do antigo lixão e que despejar resíduos não correlacionados ao lixo orgânico, “seria contrário às normas ambientais vigentes”. No que diz respeito aos avisos feitos às empresas do ramo, estavam recomendações de que “fosse viabilizado um local ambientalmente apropriado para tal descarte”. Indicações essas feitas por parte da Prudenco (Companhia Prudentina de Desenvolvimento).

Aliás, a Prudenco, recentemente, sofreu auto de infração e imposição de multa pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), ocasionada pelo ingresso de terceiros para o despejo dos materiais citados. “Ocorre que a situação chegou a ponto insustentável, uma vez que o espaço físico existente no aterro está alcançando seu limite, de forma que poderá comprometer até mesmo o despejo do lixo orgânico no local. Essa mudança de postura que se faz necessária, já ocorreu com relação ao lixo hospitalar, cujos geradores passaram a destiná-los a locais apropriados”, destaca a Prefeitura.

 

E agora?

Se está proibido, aonde o descarte será feito? A reportagem fez esse mesmo questionamento a Marcelo Tarabai Dipi, que é motorista e representante de uma empresa especializada em aluguel de caçambas na cidade. Ele diz se sentir “perdido”. “Não tem espaço físico para colocar, não há para onde irmos. Se o despejo é feito em qualquer local, corre o risco de sermos até multados e processados”, lamenta.

Desde terça-feira, Marcelo diz que a empresa tem feito o recolhimento e descarte de dejetos no lixão de aproximadamente quatro caçambas, bem abaixo do costume, que gira em torno de 20. “Tem ficado muita fila e somente na parte da tarde eles liberam a entrada de alguns. Até mesmo o depósito de lixo orgânico eles não estão deixando. Tá difícil”, considera.

Também descontente, Ângela de Oliveira, proprietária da Eldorado Caçambas, disse que ainda estão tentando entender a situação “para poder se localizar e realmente poder falar sobre”.

 

Destinação

Em 2016, como noticiado por este diário, um grupo de empresários do ramo de transporte de resíduos e da construção civil (caçambeiros), construtores, gestores ambientais e engenheiros criou a Cooperen (Cooperativa para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição). Hoje, o presidente da entidade, Fernando Lopes de Oliveira, informa que a maioria dos caçambeiros de Prudente são cooperados, cerca de 90% do total.

Sobre a situação, ele afirma que vai propor uma “pauta” com a Semea (Secretaria Municipal do Meio Ambienta) e a Prudenco, para discutir o caso. “Já temos uma área licenciada para o descarte da construção civil, na estrada do bairro Sete Copas, em Indiana, porém, ainda aguardamos algumas liberações. Isto será conversado na reunião, para ver o que pode ser feito” destaca. Contudo, ainda de acordo com Fernando, o depósito do lixo orgânico deve permanecer no lixão, pois não se trata de materiais recicláveis. No momento, os dejetos estão ficando nas caçambas.

A reportagem tentou contato com o secretário da Semea, Wilson Portella Rodrigues, no entanto, ele informou que esse assunto só poderia ser discutido hoje, pois ainda não “está a par de toda a situação ocorrida”.

 

SAIBA MAIS

Em agosto do ano passado, O Imparcial noticiou a pretensão do Executivo de implantar um aterro municipal para a destinação de resíduos inertes da construção civil. Na época, de acordo com a administração pública, estavam em finalização os estudos ambientais para entrar com processo de licenciamento ambiental junto à Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).

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