Prefeitura conclui obras, mas “trava” operação de terminais urbanos

Dos 4 dispositivos construídos na município, por meio do Programa de Mobilidade Urbana, somente um está em funcionamento, mas em “condições precárias”

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 17/08/2018
Horário 04:01
José Reis - Terminal da zona oeste está inoperante, mas portas dos banheiros já estão danificadas
José Reis - Terminal da zona oeste está inoperante, mas portas dos banheiros já estão danificadas

Os quatro terminais urbanos construídos em Presidente Prudente, por meio do Programa de Mobilidade Urbana, são alvos de reclamações de munícipes por conta das depredações que vêm sofrendo. Os dispositivos foram erguidos nas zonas norte, sul, leste e oeste do município, sendo que apenas um deles está em funcionamento, mas “em condições precárias”. Eles custaram R$ 3,7 milhões aos cofres públicos.

O único terminal em operação está localizado na Avenida Tancredo Neves, e, segundo os munícipes ouvidos pela reportagem, o local encontra-se “com os banheiros inutilizáveis, iluminação escassa e ausência de vigilância, tendo a mesma finalidade que um ponto de ônibus comum, porém, em um espaço maior e com mais recursos gastos”. A faxineira Sandra Silva, 45 anos, faz questão de mostrar o prédio fechado, com exceção dos banheiros, que se tornaram “inacessíveis” por conta da sujeira, depredação e mau cheiro. Em sua opinião, o que foi pensado como um benefício para a população se transformou em um local com “dinheiro público estacionado”.

Já a dona de casa Generosa Maria de Souza, 72 anos, aponta para uma lixeira disposta no espaço e cercada por entulhos. Ela acredita que, por se tratar de um ambiente frequentado diariamente pelos cidadãos, a limpeza poderia ser mais frequente. Além disso, diz ser necessária a contratação de uma pessoa para zelar pelo prédio, sobretudo durante a noite.

Isso porque a falta de reparos na iluminação deixa o local escuro neste período, o que gera a sensação de insegurança para quem o utiliza. Sandra e Generosa relatam que, normalmente, preferem fazer a parada no ponto de ônibus anterior do que desembarcar no terminal, onde temem ser abordadas por pessoas mal intencionadas. A aposentada Fátima Aparecida Napoleão Vieira, 48 anos, também cobra a presença de um vigilante e a manutenção imediata dos banheiros. Quando passa longos intervalos de tempo esperando pelo transporte coletivo, ela tem de recorrer a um restaurante situado nas imediações para conseguir ter acesso ao banheiro. “É preciso que a Prefeitura providencie os reparos. Se for para deixar abandonado, era melhor que nem tivesse construído”, avalia.

A diarista Cecília Santana, 53 anos, lamenta a situação do prédio, que considera “bonito, mas desvalorizado”. Para ela, o terminal tinha tudo para ser um ganho aos usuários e, enquanto permanecer parado, a tendência é que estrague. A seu ver, uma das medidas iniciais para a conservação do local é a inclusão de um guarda, que “imporia respeito” e afastaria os vândalos.

Sem portas, nem torneiras

Enquanto o terminal em funcionamento da zona leste carece do referido monitoramento, o dispositivo da zona norte, ainda desativado, dispõe do serviço 24 horas por dia. A reportagem passou pelo local e conversou com um agente da Sosp, o qual afirmou que, sem a vigilância, “o espaço seria destruído”. Este é o cenário do terminal da zona oeste, que, por sua vez, está desamparado. Um dos banheiros está sem a porta, enquanto a entrada do segundo foi danificada. No interior deles, as pias não dispõem sequer de torneiras. Além da sujeira, é possível ainda ver o quadro de luz com a fiação exposta e suscetível a furtos.

A reportagem tentou entrar em contato com o secretário municipal de Obras, Rodnei Rena Rodrigues, que, por meio de sua secretária, informou que os trabalhos competentes à pasta já foram finalizados, ficando a operacionalização dos serviços sob responsabilidade da Semav (Secretaria Municipal de Assuntos Viários e Cooperação em Segurança Pública). Sendo assim, um segundo posicionamento foi solicitado à pasta correspondente, no entanto, não houve resposta até o fechamento deste material.

“Mobilidade Urbana”

Anunciado em 2014 como “o maior investimento em infraestrutura do sistema viário de Presidente Prudente” e como uma “linha de ações que ‘transformaria a cidade’”, o Programa de Mobilidade Urbana chega a 2018 com 15 conjuntos de obras concluídos em sua totalidade pela Sosp (Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos). Juntos, os trabalhos correspondem a um valor total de R$ 32,7 milhões, distribuídos entre pavimentações e ciclovias (R$ 13,3 milhões), pontes (R$ 8,2 milhões), recapeamentos (R$ 4,5 milhões), abrigos (R$ 2,3 milhões) e lombofaixas (R$ 466 mil), além dos terminais urbanos (R$ 3,7 milhões).

Relação de obras executadas no Programa de Mobilidade Urbana

Empreendimentos

Total vigente

Pavimentação e ciclovia Avenida Raimundo Maiolini

R$ 6.612.396,63

Ponte Rua Juarez Pimentel de Oliveira

R$ 5.098.878,21

Ponte Rua Johann Liemert

R$ 1.429.288,35

Ponte Rua José Alfredo da Silva

R$ 1.738.209,27

Pavimentação Rua João de Rezende

R$ 1.775.050,74

Pavimentação Ruas Avelino Santos, Profº Krizan e João Botosso

R$ 1.334.544,49

Ciclovia Lar dos Meninos até Parque dos Pinheiros

R$ 947.259,69

Ciclovia Monte Alto até Ana Jacinta

R$ 1.765.841,69

Ciclovia Avenida Marginal César de Campos

R$ 875.284,78

Recapeamento Avenida Presidente Prudente

R$ 1.676.313,76

Recapeamento Avenida Coronel José Soares Marcondes

R$ 1.468.319,21

Recapeamento Marginal César de Campos

R$ 1.430.095,06

Terminal Leste

R$ 660.346,74

Terminal Oeste

R$ 1.574.509,77

Terminal Sul

R$ 725.446,91

Terminal Norte

R$ 756.779,94

Subtotal Terminais

R$ 3.717.083,36

Abrigos

R$ 2.369.937,81

Lombofaixa

R$ 466.036,47

Totais

R$ 32.704.539,52

Fonte: Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos

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