Pragas aparecem principalmente em grãos secos, diz biólogo

Segundo especialista, bichinhos não afetam a saúde; principal causa da sua aparição nos alimentos é o armazenamento em longo prazo

REGIÃO - SANDRA PRATA

Data 24/06/2018
Horário 05:14
Marcio Oliveira - Rita de Cássia já encontrou carunchos e, por isso, seleciona cuidadosamente os alimentos
Marcio Oliveira - Rita de Cássia já encontrou carunchos e, por isso, seleciona cuidadosamente os alimentos

Seja no arroz, na farinha ou no feijão, é comum abrir um pacote e se deparar com eles. Os carunchos, os famosos bichinhos que surgem no meio dos alimentos, vez ou outra aparecem na dispensa para lembrar que sempre deve haver cuidado com o armazenamento da comida. A presença dessas pragas urbanas, que contaminam alimentos industrializados, é tão comum, que foi tema do Simpósio Nacional de Pragas e Vetores, de 18 a 21 de junho, no Instituto Biológico (IB) em São Paulo. Mas, afinal, por que esses bichinhos são tão comuns e de que forma é possível se livrar deles?

Não importa o mês nem a época do ano. De acordo com o biólogo e professor da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), Willian Takata, os carunchos podem surgir independentemente da estação. Conforme ele, o atrativo para essas pragas são alimentos secos, por isso a alta propensão de sua aparição em embalagens de arroz, farinhas e feijão. “Eles se alimentam disso, principalmente de grão secos”, explica. O maior culpado disso, segundo o docente, é o armazenamento em longo prazo e o mais indicado para evitar o encontro com eles é comprar apenas aquilo que será consumido em um curto período de tempo. “É importante se atentar também à embalagem que usa, porque eles conseguem furar e penetrar nos alimentos”.

O biólogo destaca que é bom sempre optar por lugares refrigerados e armazenar os alimentos na geladeira. Fora isso, uma opção que tem sido adotada com frequência e obtido bons resultados é o armazenamento em garrafas pet. “Guardar na garrafa e tampar de forma correta evita que eles consigam entrar em contato com o alimento”, frisa. Caso não consiga evitar que eles apareçam, Willian informa que, dependendo do alimento, existe a possibilidade de recuperá-lo, mas, em alguns casos, a única solução é joga-lo fora. “Se forem grãos, por exemplo, é possível colocar em um recipiente com água, aqueles que estiverem com o bichinho vão boiar e você poderá fazer essa separação”.

Mas, e se por distração acabar ingerindo algum desses carunchos? O biólogo informa que não tem com o que se preocupar, tendo em vista que são totalmente inofensivos à saúde humana. “Não transmitem nenhuma doença e, se ingeridos, serão digeridos da mesma forma que os alimentos”, ressalta.

Cozinhando com atenção

Justamente preocupada em proteger os alimentos e evitar encontros indesejados com os carunchos, a dona de casa Suze Lopes veda os alimentos já abertos de forma cuidadosa. A atenção é ainda redobrada quando se trata de farinha de trigo. “Uma vez encontrei alguns em um saco de farinha e acredito que tenha sido porque pegou umidade onde eu estava guardando”, relata. Após isso, a prudentina busca guardar o produto na geladeira e sempre transfere o alimento da embalagem original peneirando e o passa para um recipiente de plástico. No mercado, a atenção com os pacotes de farinha também é válida. “Procuro ver se não estão empedrados, se estão fofinhos, porque pode acontecer que antes ou até mesmo no mercado fiquem em local úmido e a gente não saiba”, frisa.

Já a experiência de Rita de Cássia Ferreira foi justamente por culpa do armazenamento duradouro. Ela, que é casada há 10 anos, divide o lar com o marido e a filha de 8 anos, e já encontrou os bichinhos em um pacote de fubá esquecido no armário. “Como somos só nós três, não consumimos tanto, então, às vezes demoramos um pouco para consumir tudo”, explica. De acordo com ela, os horários de alimentação em família são sagrados e, por isso, cuida na hora de escolher os alimentos que servirão nas refeições. “Apesar de procurar sempre o mais em conta, me atento também na qualidade para evitar que aconteça outras vezes”, conta.

Se engana quem pensa que a invasão ocorre só nos lares. Os profissionais da cozinha também estão sujeitos a esses infortúnios. Josiane Perreti trabalha há 5 anos no ramo e é proprietária de um restaurante, e, segundo a empresária, o primeiro procedimento tomado nessas situações é tentar uma devolução ao fornecedor solicitando a troca do produto. Caso não seja possível, é, então, feito o descarte. “Na maioria das vezes eles já vêm de fábrica no alimento e como deixamos na dispensa podem passar para outros”, explana.  

SAIBA MAIS

Segundo o biólogo, é importante se atentar ao ar também. “Os carunchos voam, então, pode ser que na sua casa não tenha, mas se no vizinho tiver, eles podem chegar até a residência em busca de mais alimento”, informa. Mas como é possível se livrar disso? Willian aconselha sempre a armazenar os alimentos por curtos períodos, se atentar a fechar as embalagens corretamente e optar por guardar em ambientes refrigerados.

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