Polícia prende 4 acusados por fraude em vestibular

Três homens e uma mulher são investigados por participação em grupo criminoso que atuava no Estado de São Paulo

REGIÃO - ROBERTO KAWASAKI

Data 12/04/2019
Horário 18:03
Polícia Civil: Objetos de valor e dinheiro foram apreendidos nesta manhã
Polícia Civil: Objetos de valor e dinheiro foram apreendidos nesta manhã

Foi deflagrada hoje a Operação Asclépio, que visa combater uma organização criminosa que efetua fraudes em vestibulares para o curso de Medicina. Em todo o Estado de São Paulo, 17 suspeitos de participação foram detidos temporariamente nesta manhã, sendo que quatro prisões – de três homens e uma mulher, ocorreram em Presidente Prudente. No total, 55 buscas foram feitas e houve apreensão de dinheiro e bens de valor. A investigação foi conduzida por meio da Delegacia Seccional de Polícia Civil em Assis (SP), junto ao MPSP (Ministério Público do Estado de São Paulo).

De acordo com o Deinter-8 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), as investigações iniciaram por meio de denúncia de um suposto esquema fraudulento no vestibular para o curso de Medicina da Fema (Fundação Educacional do Município de Assis), ocorrido em abril de 2017. Na ocasião, a direção da instituição teria descoberto que terceiras pessoas haviam se passado por cinco candidatos e realizaram as provas. Diante disso, a Fundação Vunesp (Vestibular da Universidade Estadual Paulista), organizadora do certame, constatou inconsistências nas identificações datiloscópicas, assinaturas na folha de respostas.

Ainda, foi verificado que as imagens captadas dos candidatos no dia da prova, não consistiam com as coletadas dos alunos aprovados que, posteriormente, foram matriculados no curso. Desta forma, foi aberto inquérito policial para apurar os crimes de organização criminosa, estelionato e falsificação de documento público.

Valores negociáveis

Segundo a Polícia Civil, no decorrer da investigação um homem foi identificado como sendo o “principal articulador” do esquema de venda de vagas para ingresso no curso, bem como no processo seletivo de transferência de alunos para o mesmo curso em demais faculdades do Estado de São Paulo. As negociações ocorriam mediante pagamento de valores entre R$ 80 mil e R$ 120 mil por vaga, dinheiro que entrava de forma parcelada ou por permuta de bens móveis e imóveis.

Com o avanço da investigação, a polícia identificou que havia três grupos na organização. O primeiro, denominado grupo familiar, era comandado pelo investigado que coordenava as ações e colocou familiares na organização para atuação no preparo das ações, recebimento e ocultação dos proventos ilícitos. Já o segundo grupo, o dos captadores e vendedores de vagas, surgiu pela necessidade de trazer mais efetivo, pois como a procura por vagas era grande. Por sua vez, o grupo de intermediários com pessoas ligadas à Universidade Brasil, que possui faculdade de Medicina em Fernandópolis (SP), identificados como integrantes da organização criminosa.

Matrículas canceladas

Por meio de nota encaminhada à reportagem, a Fundação Educacional do Município de Assis informa que sempre teve suas atividades pautadas pela “transparência e pela lisura”, e afirma que os envolvidos tiveram suas matrículas canceladas, “reforçando o compromisso da instituição com os processos legais”. O Ministério Público também se pronunciou relatando o fato, e reforça que o esquema criminoso “não conta com a participação de pessoas ligadas à Fema”. A reportagem solicitou posicionamento da Universidade Brasil por meio da assessoria de imprensa, mas, até esta publicação o e-mail não havia sido respondido. A assessoria de imprensa da Fundação Vunesp não foi localizada.

 

 

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