A prática de trote telefônico contra a Polícia Militar é mais comum do que parece. E olha que o número é surpreendente! Apenas no ano passado, o Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) do CPI-8 (Comando de Policiamento do Interior), em Presidente Prudente, atendeu uma média de 586 mil chamadas. Do total, aproximadamente 46 mil foram trotes. O número equivale a 7% das linhas atendidas – percentual que poderia estar sendo ocupado por alguém que realmente estivesse em situação de emergência.
Em 2018 o número foi ainda maior. Das 614 mil chamadas atendidas, 69 mil eram de trotes (11% do total). De acordo com o chefe do Copom, capitão PM Cássio Vinícius Caetano Lenarduzzi, são diversos os tipos de trotes, que vão desde crianças que ligam por brincadeira, pessoas que efetuam a chamada e desligam, e outras que simulam ocorrências. “Muitas vezes mobilizam as viaturas e equipes da polícia, sem nenhuma necessidade”, lamenta.
No entanto, os policiais são treinados para identificar a veracidade da informação, atividade que conta com apoio de um supervisor. “A situação é prejudicial, pois gera gastos ao Estado, além do quê, uma linha sendo utilizada para um trote pode atrapalhar de fato alguém que esteja necessitando da intervenção da Polícia Militar”, considera. O que ajuda a polícia a identificar os autores são os mecanismos disponibilizados pela instituição.
Conforme o chefe do Copom, houve casos em que os policiais “seguraram a pessoa na linha” até a guarnição chegar ao endereço e efetuar a prisão em flagrante por falsa comunicação de crime, como consta no artigo 340 do Código Penal. Em outras situações, o MPE ( Ministério Público do Estado) foi acionado para suspender a linha telefônica do indivíduo, além de ser responsabilizado pelo crime. Segundo Lenarduzzi, a penalidade contribui para a queda no número de trotes.
“Também acontece muito de pessoas ligarem para o 190 para perguntar sobre a localização de ruas e outras localidades, entre outras informações de utilidade pública. Tudo isso também atrapalha”, lembra o capitão. “As pessoas têm que se conscientizar de que esse é um serviço de emergência e tratá-lo como tal”.
DESAFIO ENFRENTADO
PELOS ATENDENTES
O principal desafio para quem trabalha no 190 é manter o equilíbrio, mesmo diante de insultos. De acordo com o capitão, para trabalhar no setor é necessário passar por testes e entrevistas. Ele conta que, nesse processo, são eliminados os considerados de “pavio curto”. Entre outras qualidades, o atendente tem de saber ouvir com atenção, colocar-se no lugar do outro e controlar situações de emergência sem agressividade. “Também é preciso uma dose extra de paciência e diplomacia para explicar aos solicitantes que nem tudo o que ocorre de errado na cidade é caso de polícia”, afirma.
No Copom de Prudente, homens e mulheres fardados atendem cerca de 280 ligações a cada 12 horas de trabalho. Cada chamada deve durar, em média, três minutos. O ideal é que nunca ultrapasse cinco minutos. O interessante é que o identificador de chamadas também mostra o endereço na tela – caso for aparelho residencial ou público. Isso auxilia na identificação de quem está do outro lado da linha.
NÚMEROS
586 mil
chamadas foram atendidas em 2019
46 mil
trotes foram atendidos em 2019
614 mil
chamadas foram atendidas em 2018
69 mil
trotes foram atendidos em 2018
280
é a média de ligações a cada 12 horas de trabalho no Copom