Plástico é considerado vilão do meio ambiente

Ambientalista diz que material pode comprometer águas, solos e fauna; projetos de diminuição do consumo e produção estão no Senado

PRUDENTE - IZABELLY FERNANDES

Data 21/09/2018
Horário 06:27
José Reis - Elys desenvolveu hábitos sustentáveis para diminuição do uso do plástico
José Reis - Elys desenvolveu hábitos sustentáveis para diminuição do uso do plástico

Considerado um dos materiais mais poluentes ao meio ambiente, o plástico pode demorar de 50 a 500 anos para se decompor. Para que o consumo deste resíduo seja diminuído ou até mesmo eliminado, vários projetos estão no Senado para discutir algumas maneiras efetivas. O uso de canudos foi banido de bares e restaurantes desde julho deste ano no Rio de Janeiro, assim como as sacolas plásticas em algumas cidades do país. Em Presidente Prudente, a Lei 9774/2018 também obriga a utilização de canudos comestíveis ou em papéis biodegradáveis ou recicláveis, em restaurantes, bares, lanchonetes, e ambulantes no município. Promulgada em 18 de setembro, a legislação entra em vigor em 90 dias a partir da data de publicação. Além disso, o uso de microplásticos em cosméticos também está sendo discutido para proibição de utilização. 

Para o ambientalista Djalma Weffort o plástico é um dos maiores vilões do meio ambiente, pois pode comprometer o solo, a qualidade das águas de rios e oceanos, bem como a fauna terrestre e aquática. “Esse material possui uma aparência inofensiva, mas é altamente contaminante se for descartado de forma incorreta. Isso se agrava, se a quantidade for extrema”, explica. Djalma frisa que é preciso que o poder público pense seriamente na questão da sustentabilidade, para a eliminação dos resíduos plásticos.

“Quando as pessoas estavam se acostumando a utilizar sacolas reutilizáveis, jogaram abaixo o acordo. É necessário realizar a substituição por sacolas biodegradáveis, assim como eliminar canudinhos e copos plásticos”, defende Djalma. Ele diz que, em relação às políticas públicas, já foram estabelecidos caminhos para sanar este problema, porém, ainda não foram adotados, devido a pressões de grupos econômicos. O ambientalista acredita que, aos poucos, a sociedade está se conscientizando quanto à gravidade deste e de outros materiais ao ambiente. Ele ainda reflete que o excesso destes resíduos, na maioria das vezes, não é culpa do consumidor, pois ele, muitas vezes, não encontra outras opções, ou devido à rotina atribulada não consegue se preocupar com essa questão.  

De acordo com o professor do curso de Engenharia Ambiental da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), Elson Mendonça Felici, além de parar em fundos de córregos, rios e mares, o material plástico também pode se tornar um foco de dengue, devido à possibilidade de armazenar água parada. “Além disso, devido à presença de petróleo na composição da matéria-prima, o plástico pode poluir o solo e servir de alimento de forma inadequada aos animais”. O docente reflete que o hábito da população acerca da conscientização para uma sustentabilidade está melhorando com o decorrer do tempo, mas que ainda requer uma evolução. “É comum ainda ver as pessoas pegando muitas sacolas plásticas dos supermercados e usando muitos canudos e copos descartáveis”, afirma.

Conscientização

A estudante de Presidente Prudente, Elys Angélica Santana Couto, 22 anos, sempre se sentiu incomodada com o excesso de lixo produzido pela população, e com isso sempre tenta diminuir a própria produção através de hábitos sustentáveis. “Eu costumo usar minha garrafinha de água, guardanapos, copos e talheres reutilizáveis para evitar o uso de descartáveis, assim como prefiro levar as ecobags para o supermercado”, declara. A jovem acredita que as pessoas estão começando a refletir sobre as agressões deste material ao meio ambiente. “É muito importante que a sociedade adquira essa consciência, nem que seja por hábitos simples, pois os plásticos trazem muitos malefícios para a saúde e para o planeta”, frisa.

A escola de idiomas Yázigi está promovendo, em âmbito nacional, uma campanha a respeito da conscientização sobre os efeitos dos canudos plásticos ao meio ambiente. A campanha é composta por duas fases. A primeira já ocorreu durante os meses de maio e junho deste ano, com um convite para os alunos abolirem o uso de canudos dentro e fora da instituição. Com a hashtag #desencanudese, eles também realizaram diversos desafios nas redes sociais quanto à utilização deste material. Na segunda fase, que será desenvolvida em setembro e outubro, os alunos irão fazer visitas aos estabelecimentos de Prudente, a fim de conscientizarem os proprietários quanto ao acúmulo de resíduos plásticos, como os canudos. Segundo a diretora do Yázigi, Renata Mello, o objetivo da escola é, além de ensinar outros idiomas, também passar valores cidadãos, de maneira interdisciplinar. “Recebo vários relatos das famílias dos alunos de que eles estão levando estes hábitos também para a casa”, afirma.

SAIBA MAIS

No dia 18 de setembro, a Prefeitura de Presidente Prudente promulgou a Lei 9774/2018, que dispõe sobre a utilização de canudos comestíveis ou em papéis biodegradáveis ou recicláveis, em restaurantes, bares, lanchonetes, e ambulantes no município. Estes estabelecimentos ficam obrigados a usar e disponibilizar esse novo tipo de canudo, com exceção dos estabelecimentos de saúde. O descumprimento resultará em multa aos infratores no valor de R$ 2 mil, e, em caso de reincidência, R$ 5 mil. Se for persistido o descumprimento da lei, o estabelecimento poderá ser fechado e a licença de funcionamento cassada até a adequação. O documento entra em vigor em 90 dias a partir da data de publicação.

CONSUMA MENOS PLÁSTICO

- Leve a própria sacola ao mercado, como sacolas de pano ou ecobags;

- Caso não possua sacolas reutilizáveis, opte por caixas de papelão para armazenar as compras;

- Leve o próprio copo ou caneca para estabelecimentos gastronômicos ou para o trabalho, para diminuir o uso de copos descartáveis;

- Não use canudos; opte por tomar as bebidas em copos;

- Se possível, prefira comprar produtos a granel, para eliminar as embalagens.

PROPOSTAS SOBRE ELIMINAÇÃO DE PLÁSTICO

- PL 382/2018: Proíbe a produção, importação, exportação, comercialização e distribuição de sacolas plásticas;

- PL 322/11: Proíbe a utilização, importação, comercialização e distribuição de sacolas plásticas que em sua composição química tenha como base o polietileno, o propileno e o polipropileno;

- PL 263/18: Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, para vedar o uso de micropartículas de plástico na composição de cosméticos e para proibir a fabricação, a importação, a distribuição de utensílios plásticos descartáveis para consumo de alimentos e bebidas, com exceção dos fabricados com material integralmente;

- PL 243/17: Altera a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) para determinar que os fabricantes industriais utilizem plásticos biodegradáveis como insumo e proibir a adição de metais pesados na fabricação de plásticos oxi-biodegradáveis;

- PL 92/2018: Dispõe sobre a obrigatoriedade da utilização de materiais biodegradáveis na composição de utensílios descartáveis destinados ao acondicionamento e ao manejo de alimentos prontos para o consumo.

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