Plano de resgate tem custo estimado em R$ 100 milhões

Efetivo teria uso de mercenários estrangeiros, helicópteros, lança-mísseis e metralhadoras; Major Olímpío relatou informações de agentes em ofício

REGIÃO - Da Redação

Data 02/11/2018
Horário 05:04

O plano de uma das facções criminosas que age dentro e fora dos presídios, que visava o resgate de chefes do comando, descoberto semanas atrás pelo governo do Estado de São Paulo, previa ação com mercenários estrangeiros, dois helicópteros de guerra, lança-mísseis e metralhadoras, um efetivo com custo estimado de R$ 100 milhões. Por conta disso, como acompanhado por este diário, o aeroporto municipal de Presidente Venceslau chegou a ser fechado no início do mês, para evitar um possível sucesso no plano.

É que no local, onde fica localizada a Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira, conhecida como P2, é onde está aquele que seria o alvo principal do resgate: Marco Camacho, o Marcola. Os detalhes da planejada investida criminosa foram apurados pela “Folha de S.Paulo” com integrantes da cúpula da segurança pública do Estado e aparecem também em ofício do deputado federal e senador eleito Major Olimpio (PSL) encaminhado ao governador Márcio França (PSB) e aos comandos do Exército e da Aeronáutica, responsáveis pelas tropas no estado de São Paulo.

Segundo o parlamentar, as informações foram repassadas a ele por agentes de segurança que temem uma “carnificina” na região de Presidente Prudente, onde estão presos os chefes da facção. E embora descoberto, o plano ainda não teria sido abortado pelos criminosos. “Estamos falando de uma operação e um vulto que transcendem a competência e possibilidade de enfrentamento da força policial estadual. Na hora que acontecer mesmo, vai se lamentar as mortes. Não posso me omitir”, afirma.

A possibilidade desse arrebatamento de presos foi o que levou a Justiça de Venceslau a interditar o aeroporto da cidade. Na ocasião, o juiz Gabriel Medeiros demonstrou a dimensão do temor. “Há enorme preocupação com o aeroporto municipal, pois [fica] muito próximo ao estabelecimento prisional, permitindo logística para atuação de referida organização criminosa. A medida se mostra absolutamente necessária, pois evitará problemática maior”, completa.

Tal plano corroborou ainda para que o governo estadual permitisse a manutenção, em Venceslau, de um contingente de policiais militares que inclui grupos de elite como Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e GOE (operações especiais), além de veículo blindados capazes de resistir a tiros de fuzil. No início do mês, ao ser procurado pela Folha de S.Paulo, o governo paulista negou o plano de resgate e disse que se tratava de um treinamento de rotina das forças policiais locais.

A reportagem apurou que esse efetivo foi enviado ao oeste do Estado quando setores de inteligência da SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) detectaram o plano. Essa informação foi repassada pelo secretário Lourival Gomes (Penitenciária) ao colega Mágino Alves Barbosa Filho (Segurança Pública), que determinou o envio das tropas, sem prazo para deixar a região.

“As informações trazem que diversas forças paramilitares iranianas, nigerianas e membros das Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] teriam sido contratadas para tal empreitada criminosa, o que foge das ações perpetradas por criminosos comuns”, diz o ofício enviado pelo Major Olímpio às autoridades. O documento cita também a necessidade de haver participação da PM, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira, a fim de monitoramento, restrições e demais ações preventivas e repressivas emergenciais.

Rebelião

Pelas informações detectadas pelos setores de inteligência do governo, os presos planejam uma rebelião no presídio, para, ao mesmo tempo, criminosos do lado externo tentarem romper os muros da penitenciária de Presidente Venceslau onde está Marcola.

Pelas informações encaminhadas pelo senador ao Exército e à Aeronáutica, os criminosos também pretendem usar metralhadoras .50 para impedir a saída de policiais de quartéis e os helicópteros da PM de levantarem voo, como já teria ocorrido em Araraquara (SP) e Bauru (SP), em outras ações criminosas. Também haveria o uso de explosivos para destruir as torres de vigilância dos presídios. Outra tática comum é queimar veículos para impedir acesso nesses locais.

Em junho deste ano, os setores de inteligência da PM e da SAP já tinham detectado outro plano de resgate de integrantes da facção nesta mesma unidade prisional, este atribuído ao preso Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden, um dos chefes da organização criminosa presos em Venceslau.

Naquele plano, a ideia dos criminosos era usar um caminhão-guincho, grande e pesado, preparado com chapas de aço. A proteção serviria para resistir a tiros da polícia e, ao mesmo tempo, ajudar a derrubar os muros da prisão. O veículo também teria janelas para tiros contra as forças de segurança.

Ainda em 2014, o governo paulista também detectou suposto plano de resgate de Marcola e mais três comparsas. Os criminosos planejavam utilizar dois helicópteros blindados, camuflados com as cores das aeronaves da Polícia Militar, para pousar no presídio com uma cesta de resgate.

Com FolhaPress

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