Pesquisador diz que RCD é fonte de matéria-prima

PRUDENTE - GABRIEL BUOSI

Data 23/02/2018
Horário 14:44

A destinação correta do RCD (Resíduo de Construção e Demolição) tem sido o tema de amplas discussões na em Presidente Prudente. Isso porque, a Prefeitura deu um prazo inicial de 20 dias corridos - que já foi duas vezes adiado - para que as empresas de transporte destes produtos recolhessem as caçambas que ficaram espalhadas pela cidade, após a determinação de que o aterro sanitário do município não poderia mais receber os objetos, conforme noticiado por este diário. A logística ideal, no entanto, é motivo de estudos por parte do pesquisador Silvio Rainho Teixeira, o qual afirma que os entulhos possuem aplicações simples para o reuso, como na pavimentação de ruas e fabricação de tijolos e tubos de água.

O pesquisador de resíduos é também professor de física da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e esclarece que o RCD pode e deve ser utilizado como fonte de matéria-prima, uma vez que são comprovadas as maneiras em que ele pode ser utilizado. Silvio lembra que a implantação de uma URE (Usina de Reciclagem de Entulho) é uma das alternativas para Presidente Prudente, que se tornaria acessível por parte do poder público como uma solução do problema. “Já orientei diversos trabalhos de conclusão de curso que reafirmam a usabilidade destes materiais. Dentre as conclusões, está, por exemplo, a retirada dos resíduos dos aterros e destinação à URE, que liberaria o espaço no local, que não é próprio para isso, e reduziria problemas de transmissões de doenças, já que o assunto também engloba a saúde pública”, informa.

Sob a orientação do pesquisador, os alunos do curso de Engenharia Ambiental, Davi Aquino, Guilherme Giglio e Thiago Azenha, produziram uma cartilha com a intenção de apresentar as opções de reuso e importância da implantação de uma URE. De maneira clara, o documento ressalta que a usina processaria os materiais recebidos, que poderiam ser utilizados na fabricação de novos materiais como tubos de água, esgoto, postes, bancos de praça e tijolos. “Costumam colocar em caçambas produtos como azulejos, sacos de cimento, ferro, latas de tinta, pregos e madeira. Para a URE funcionar melhor, devem estar na caçamba apenas tijolos, azulejos, telhas, terra, concretos e derivados”, informa.

Uma maquete que exemplifica o funcionamento da usina também foi elaborada pelos estudantes.  

 

Aproveitamento dos resíduos

Com a intenção de mostrar que o RCC (Resíduo de Construção Civil) pode ser utilizado como material não plástico para a produção, por exemplo, de tijolos cerâmicos, um trabalho de conclusão de curso foi produzido pela engenheira ambiental, Milena Talavera. A ideia surgiu, a partir dos dados de que o RCC, em média, representa 50% da massa de resíduos sólidos urbanos no mundo, além da baixa quantidade de UREs nas cidades brasileiras.

“A região possui depósitos de argila com alta plasticidade, ou seja, necessitam da adição de material não plástico [como areia] para adequar a composição do material cerâmico. Neste contexto, a utilização do RCC como material não plástico viabilizaria mais uma opção de aproveitamento deste resíduo, e diminuiria o consumo de argila, bem como o impacto ambiental”, esclarece.

Para o reaproveitamento, a engenheira afirma que são necessários equipamentos de baixo custo, como betoneira, triturados e prensa hidráulica, para um material simples de trabalhar e que reduziria os preços da construção civil devido a utilização de matéria-prima mais barata. “Com um trabalho planejado e organizado, há também o retorno social, a implantação de uma usina de reciclagem de RCD tem o potencial de expandir a geração trabalho e renda”, expõe.

Por fim, Milena afirma que faltam investimentos na área, uma vez que o segmento da reciclagem de resíduos “ainda é incipiente” no Brasil, quando poucas cidades possuem uma usina de reciclagem de entulho.

Publicidade

Veja também