Em 35 dias, se mantidos os baixos índices de isolamento social e, portanto, uma maior taxa de transmissibilidade do novo coronavírus em Presidente Prudente, as UTIs (Unidades de terapia Intensiva) estarão lotadas e o sistema público de saúde do município entrará em colapso. Esta é a principal previsão da pesquisa coordenada pelo professor titular do Departamento de Geografia da FCT/Unesp (Universidade Estadual Paulista ‘Júlio de Mesquita Filho’), Raul Borges Guimarães.
A parte boa disso é que, de acordo com Raul, temos tempo, ainda que pouco, para mudar essa situação, aumentando a adesão à quarentena e viabilizando novas vagas para casos graves na capital do oeste paulista. O estudo, que analisou dados de 28 de fevereiro a 29 de abril, observou, nos últimos dias pesquisados, isolamento de 42%, abaixo da média estadual e muito menor que a recomendação de 70%.
O relatório da pesquisa destaca que as previsões são preliminares, pois ainda necessitam analisar com maior detalhamento o fluxo de entrada e saída de pacientes nas internações, assim como considerar a demanda regional, já que os leitos de UTI disponíveis em Prudente atendem, também, as necessidades de cidades vizinhas.
REUNIÃO NA
PREFEITURA
Tendo em vista a situação preocupante apresentada pela pesquisa, reuniram-se com o professor alguns prefeitos da região no gabinete do prudentino Nelson Roberto Bugalho (PSDB): Roger Gasques (PSDB), de Álvares Machado; Itamar dos Santos Silva (PSDB), de Narandiba; Marcos Rocha (PSDB), de Regente Feijó; e Alberto Cesar Centeio de Araújo, Iéia (PSDB), de Rancharia.
Raul demonstrou a Bugalho as regiões de Prudente onde há concentração dos casos da Covid-19, descrito da seguinte forma no relatório: “uma à noroeste [área de saúde 2], próximo ao serviço de atenção básica da Cohab, uma próxima a São Judas e ao centro econômico da cidade [ambas na zona 5], ao sul do Parque do Povo [zona 3] e na zona leste, entre as unidades São Pedro e Santana [zona 4]”.
O documento prossegue: “Em apenas dois meses, observa-se a ocorrência de casos suspeitos por toda a extensão territorial da cidade, tendo a concentração tanto em áreas centrais, como em bairros mais distantes, demonstrando a necessidade de enfocar os serviços de saúde em algumas áreas específicas”.
Sobre o assunto, Bugalho propôs o início de uma campanha de conscientização nas áreas críticas, de modo a demonstrar à população aquelas áreas em que o vírus está, por lá, circulando.
Raul demonstrou aos demais prefeitos presentes a necessidade de que as secretarias de Saúde de cada cidade disponibilizem, com urgência, dados que complementem a pesquisa e faça valer a posição de Prudente como um dos 13 centros regionais do Estado e referência em saúde.
O secretário de Saúde de Prudente, Valmir da Silva Pinto, comprometeu-se a entregar à Secretaria de RI (Relações Institucionais) da cidade um plano de contingenciamento do DRS-11 (Departamento Regional de Saúde), que demonstra as cidades que dependem de Presidente Prudente no enfrentamento da doença. O secretário de RI, Emerson Leite Camargo, contatará cada um dos municípios, solicitará os dados e repassará ao professor para análise e avanço das pesquisas.
“Essa primeira análise realizada em Prudente demonstra a necessidade de prosseguirmos no detalhamento do estudo, considerando a situação desse município no contexto regional. Nesse aprofundamento, destaca-se a necessidade urgente da análise mais detalhada da capacidade de atendimento dos casos mais graves da Covid-19, dado número de leitos de UTI disponíveis para a doença”, enfatiza as considerações finais do relatório apresentado aos prefeitos. O prosseguimento do estudo busca, também, considerar a disseminação do novo coronavírus na área urbana de Prudente, com destaque para as áreas de maior vulnerabilidade social.
LEITOS DE UTI
DISPONÍVEIS
Em 1° de maio, este diário publicou notícia na qual o secretário Valmir destacava que dos 81 leitos de UTI de Prudente, 26 foram separados com exclusividade para a Covid-19 e, naquele dia, apenas 10 estavam disponíveis. Raul demonstra que o aumento de casos implica em aumento de casos graves e no crescimento da taxa de ocupação de leitos de UTI.
O mapa demonstra a quantidade de casos suspeitos em Prudente, em vermelho, as maiores concentrações