“Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão”. Tais versículos do livro de Provérbios, na Bíblia, abre espaço para diversas interpretações. Ao longo da Romaria de Santo Expedito, o caminhar pôde ser cumprido, em um momento de cansaço e até mesmo de fraqueza física, com amizade e troca de experiências. Durante os três dias caminhados, que se encerra hoje, a formação de uma família é possível entre a oração, agradecimentos e pedidos.
Família, pelo menos é dessa forma que Valdeci Oliveira, 46 anos, classifica. “No começo de tudo, são grupos percorrendo até Santo Expedito. Mas no final, todos se tornam uma só família”, explica. Participante pela quarta-vez, o veterano lembra que não é somente caminhar, mas que todos estão ali com algum propósito, com um objetivo particular.
Em alguns casos, o caminhar não é nem para si, mas a pedido de alguma graça para outra pessoa, um ente querido. Como o caso do seu Tarcizo Augusto da Silva. Aos 67 anos e pai de três filhas, a motivação dele é pelo agradecimento a vida de todas, mas o pedido vai a uma em específico. À reportagem, ele não se intimida em dizer que uma delas tem dificuldade para engravidar, fato que motivou ainda mais a participação na Romaria. “Eu estou aqui por ela, o meu caminhar é por ela, por essa graça. Quem sabe essa situação não cabe somente à medicina?”, brinca Tarcizo, sem deixar de segurar o terço que envolvia seu pescoço.
Ao lado dele, também estavam Marcos Hernandes Alves, 48 anos, e Egydio Barbosa Filho, 60 anos. Este segundo, aliás, chamava a atenção por segurar uma cruz de porte médio, cerca de 1,20 metro, em seu colo. Nem para falar com a reportagem ele soltou o objeto religioso, que, para ele, também traz sua mensagem. “O dia é de Santo Expedito, mas não podemos deixar de citar que nada é feito sem a interseção do Nosso Senhor Jesus Cristo”, pontua.
Tanto ele quanto Marco não quiseram partilhar mais detalhadamente os motivos que os levaram até ali, ou melhor, os pedidos feitos, além das graças conseguidas. Contudo, o que foi dito no início é confirmado por eles, ao garantir que cada passo dado é uma experiência trocada. “São orações em silêncio, mas também existe conversa e amizade. Nós compartilhamos nossas histórias, nossas dores e sofrimentos, mas também nossas alegrias”, completa.
São dores que transcendem o físico, que nitidamente é marcado pelo cansaço, mas que não motiva a desistir. São sofrimentos que vão além dos pés com bolhas, as faces vermelhas de sol e a boca seca de sede, que por sinal, são sacríficos válidos, como dito por todos.
Em alguns casos, o caminhar não é nem para si, mas a pedido de alguma graça para outra pessoa, um ente querido