Pensando nas ocorrências de abuso sexual, que ganharam números expressivos neste ano, em Presidente Prudente, o Creas (Centro de Referência Especializada de Assistência Social) promove pela primeira vez, uma ação de conscientização nas ruas da cidade. A passeata de mobilização a cerca deste crime ocorre nesta sexta-feira. Usando como plano de fundo o Dia Nacional de Combate à Violência e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, celebrado hoje, o evento começa às 9h, na Praça Nove de Julho. A abertura fica por conta do CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) e do Conselho Tutelar.
Logo após, é a vez das entidades especializadas em atender esses crimes, Creas e o Aaveas (Ambulatório de Atendimento às Vítimas de Exposição e Abuso Sexual), realizarem um ato de mobilização em prol da importância de colocar a sociedade na luta contra o crime de violência sexual. O evento é aberto para a população e segue até 12h, em passeata por todo o calçadão, na Rua Tenente Nicolau Maffei, no centro da cidade.
De acordo com a coordenadora do Creas, Andréia Cristina da Silva Almeida, a ideia de ir para as ruas se deu pelos índices significativos e pela necessidade de chegar diretamente até às pessoas. “As pessoas precisam entender que existe esse crime e que ele pode estar dentro da própria casa, a maioria dos casos ocorre nesse ambiente”, frisa.
A SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) está durante esse momento de conscientização promovendo a campanha “A voz da criança precisa ser ouvida”, que visa mentalizar a importância de perceber o crime. Segundo a secretária municipal de Assistência Social, Luzia Fabiana Sales Macedo, a ação - que iniciou no dia 2 - vem para incentivar o fim deste tipo de violência. “Hoje existe um número muito grande na cidade e vem crescendo, isso está nos preocupando”, relata. Outro ponto que destaca é fazer com que os pais tenham mais atenção aos possíveis sinais que os filhos podem emitir. “O comportamento da criança vai ser alterado e isso às vezes passa despercebido, por isso, pessoas próximas devem estar atentas”.
Dia de combate
O dia 18 de maio parece uma data comum e de fato pode ser para muitos. Exceto para aqueles que já vivenciaram em seu ciclo de amigos, família, ou conhecem alguma criança e adolescente que já foi vítima de abuso e exploração sexual. O dia foi escolhido por ter sido palco, em 1973, daquilo que simboliza atualmente: a violação infantil. Hoje, o foco é conscientizar sobre esses crimes presentes no convívio social e que são silenciados. De acordo com levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), referente à 2011, 70% das vítimas de estupro do Brasil são crianças e adolescentes - e dessas ocorrências, em mais da metade são constatadas a existência de um histórico anterior.
Esse índice completa o cenário do ano passado na região. Afinal, quem não se lembra do caso noticiado pelo O Imparcial, de um morador de Mirante do Paranapanema, que foi preso em setembro de 2017, acusado de aliciar menores via Facebook? Na época, foram constatadas duas vítimas, ambas meninas de 9 anos. Outa ocorrência noticiada na mesma cidade ao fim do ano passado expõe a prisão em flagrante de um homem de 24 anos, que supostamente estuprou a prima de 6 anos. Esses são alguns dos casos que estampam as páginas dos jornais e chocam aqueles que folheiam. Entretanto, de que forma esse tipo de situação é tratada no município?
Em contraponto aos números, o promotor de Justiça, Cláudio Santos Machado, revela que não recebe tantas denúncias, se comparado a casos de roubos e furtos. Isso ele explica que se dá ao fato das chamadas subnotificações. É o extravio de ocorrências. “Não são todos os casos que chegam para a gente, é preciso que um familiar ou um agente externo que tenha contato com a criança, normalmente professores, denuncie o caso na Polícia Civil”, explica. Conforme Cláudio, após essa denúncia, é feito um processo de validação de provas, para que não exista uma acusação injusta.
CRONOGRAMA
9h - Abertura do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes
9h30 – Ato de mobilização “A importância da sociedade contra a violência sexual de crianças e adolescentes”
10h - Apresentação do Projeto Guri
10h30 – Passeata e panfletagem no calçadão de Prudente – profissionais da rede de proteção e convidados
12h - Encerramento
