Para médicos, Whatsapp auxilia no contato com pacientes

De acordo com pesquisa, a ferramenta é utilizada, na maioria das vezes, para agendamento de consultas e esclarecimento de dúvidas

PRUDENTE - SANDRA PRATA

Data 20/12/2018
Horário 08:04
José Reis - Heloísa utiliza o Whatsapp para marcar e desmarcar consultas
José Reis - Heloísa utiliza o Whatsapp para marcar e desmarcar consultas

Todo mês quando precisa agendar exames de rotina ou consultas com o dentista ou dermatologista, Heloísa Godói Ferron, 52 anos, abre o Whatsapp e envia uma mensagem para o consultório. O procedimento se repete quando, por algum motivo, precisa cancelar a consulta. A prudentina não é a única que prefere a praticidade da tecnologia na hora de entrar em contato com setores de saúde, ao menos é o que aponta uma pesquisa da Associação Paulista de Medicina com 848 médicos paulistanos. Destes, 85,02% aprovam o uso de ferramentas de mensagem instantânea para o auxílio no contato com pacientes. Ainda conforme o estudo, 42,7% agendam e desmarcam consultas pelo aplicativo e 34% recebem imagens de exames dos pacientes.

Imagens, principalmente de cachorros. Isso é o que o médico veterinário Luiz Carlos Kayahara da Silva mais recebe em seu Whatsapp. Por isso, possui um número especial para a clínica, assim “facilita o contato e dá mais visibilidade ao serviço”. Segundo ele, o contato de clientes pelo aplicativo é constante, em especial para saber preços de banho e tosa. No entanto, o profissional frisa que a tecnologia não substitui a necessidade de um atendimento presencial. “Funciona como um complemento, um pós-atendimento, para o esclarecimento de dúvidas, mas diagnósticos e avalições de quadros devem sempre ser realizadas em consultório”, explica.

O veterinário ainda vê no Whatsapp uma forma de fiscalizar a saúde dos animais que atende, em especial aqueles que estão passando por tratamentos. “Serve para lembrar os donos das datas de vacinas, lembrar dos horários de medicamentos e de cuidados que devem ser tomados”, ressalta.

A ginecologista Arlene Tanure concorda. Conforme ela, o Whatsapp pode atuar como um facilitador no contato com pacientes e também ser decisivo em casos emergenciais que precisem de dicas rápidas para serem solucionados. Porém, nem tudo pode ser feito à distância, em especial no caso da ginecologia. “Exames, informações precisas, tudo isso só pessoalmente”, expõe.

Quando questionada sobre o uso equilibrado do aplicativo para esses fins, Heloisa concorda com os médicos e reconhece que não deve ver na tecnologia uma substituição dos atendimentos. No entanto, reconhece que tudo o que consegue fazer via celular, prefere, ao invés de se locomover ao consultório. “É bem mais prático, em especial pela função de áudio, fica muito mais fácil para explicar e pedir uma opinião, claro, se não envolver uma análise mais detalhada”, explana.

Saber filtrar

Quanto à tecnologia de equipamentos, no geral, a ginecologista frisa que o mundo no qual estamos inseridos hoje é muito moderno e toda essa modernidade é ótima para um melhor desenvolvimento da profissão, principalmente na questão da rapidez de diagnósticos. “Tudo fica mais prático se soubermos os limites. Aplicativos como esses, por exemplo, devem ser usados primordialmente para orientação, complementam, mas não substituem o profissional”, frisa.

Todavia, como disse Arlene, a tecnologia é benéfica se soubermos utilizá-la. O veterinário concorda. De acordo com ele, existe o lado ruim de toda essa praticidade e fluxo rápido de informações. “Constantemente sou vítima de notícias falsas, as pessoas recebem pelo Whatsapp que vacinas fazem mal para os animais e coisas do gênero, é complicado porque muita gente acredita”, expõe. Além disso, o médico reforça que as pessoas devem ficar atentas às famosas “receitas caseiras” que, muitas vezes, podem ser prejudiciais aos bichinhos. “A internet disponibiliza muita coisa, tem que saber filtrar”, frisa.

De acordo com o médico, houve um episódio específico em que estava tratando de um animal e o dono recebeu uma mensagem dizendo que suco de quiabo curaria a doença. “O animal foi retirado do tratamento que exigia internação, após dois dias retornou até a clínica com o quadro muito mais grave e, infelizmente, o animal foi a óbito”, relembra Luiz. Para que casos assim não se potencializem, o profissional ressalta a importância de explicar aos clientes a existência de notícias falsas e seus possíveis riscos.

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