Para amenizar aquecimento global é necessário esforço coletivo

Relatório da ONU aborda necessidade da diminuição na temperatura atmosférica; profissionais defendem viabilidade de tais ações, desde que haja mobilização conjunta

REGIÃO - GABRIEL BUOSI

Data 20/10/2018
Horário 09:08
Arquivo - Estudo afirma que apenas transformação econômica mundial diminuiria emissão de CO²
Arquivo - Estudo afirma que apenas transformação econômica mundial diminuiria emissão de CO²

A ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou no início do mês um documento em que são apresentados os impactos do aumento da temperatura na Terra. Com o envolvimento de 91 cientistas de 40 países, o documento aponta que para evitar um cenário caótico em 2040, com a falta de alimentos, incêndios florestais descontrolados e eliminação de recifes e corais, por exemplo, seria necessária uma transformação na economia mundial, para que, com isso, seja diminuída a emissão de CO² (dióxido de carbono) e, consequentemente, evitado o aumento de 2,7ºC na temperatura da atmosfera até o ano em questão, o que poderia trazer grandes prejuízos. “É possível amenizar os efeitos do aquecimento global, mas este é um esforço coletivo. Além disso, o tema deveria ser amplamente debatido, já que afeta negativamente, por exemplo, a economia”, esclarece o ambientalista Djalma Weffort.

O relatório divulgado pela ONU trata do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas e aponta que para se evitar os danos futuros, seria necessário realizar a transformação na economia mundial em uma rapidez “sem nenhum precedente histórico”. A ideia foi debatida em conjunto com o acordo de Paris, pacto ocorrido em 2015, quando, desde então, várias nações lutam para combater o aquecimento global. A previsão com isso já se tornava alarmante, conforme a ONU, quando estimava-se evitar um aumento de 2ºC na temperatura da atmosfera, reduzindo a emissão de CO². “A nova previsão é de que os efeitos do aquecimento global cheguem muito antes e atinjam a marca de 2,7ºC. Isso significa que as piores previsões eram muito mais otimistas do que a realidade de hoje”, aponta o estudo. “Para prevenir os 2,7ºC de aquecimento, a poluição de efeito estufa deve ser reduzida em 45% dos níveis de 2010 até 2030, e 100% até 2050. As energias renováveis - responsáveis por 20% da eletricidade hoje - teriam que aumentar para até 67%”, acrescenta.

Para o ambientalista, os efeitos do aquecimento global são passíveis de amenização, isso se esforços coletivos forem realizados, já que, segundo ele, o planeta “é um só”, onde todos habitam e deveriam cuidar dele como se cuidassem de suas casas. “Esse fenômeno não é natural, mas sim causado pelas ações da humanidade. A dificuldade maior que vejo é que nem todos estão engajados nesta política, principalmente os governos ou políticos que ameaçam romper, por exemplo, com acordos climáticos”. Ainda conforme o Djalma, entre as ações que o governo do Brasil poderia tomar está a criação de um ministério mais forte do que o do Meio Ambiente, como o da Transição Ecológica, o que proporcionaria uma saída do modelo de emissão e a entrada no modelo sustentável.

O engenheiro ambiental, Raoni Oliveira, por sua vez, lembra que atualmente a preocupação com o meio ambiente e suas causas não estão em primeiro plano, por causa de demais preocupações, como crises econômicas, quando as pessoas “não se importam” em sacrificar o meio ambiente. “É um tema que poderia ser melhor discutido, mas essa percepção é mutável conforme os demais problemas que ocorrem no país. Se prejudicar o ambiente, por exemplo, for uma solução para a fonte de renda e empregos, não haverá grandes esforços para se evitar isso”.

O engenheiro também defende a ideia das medidas para a redução de CO² de forma compartilhada e heterogênea, já que a pluralidade seria capaz de reverter ou melhorar este cenário. “Não podemos achar que apenas uma coisa, uma mudança nossa, vai acabar com o problema. Precisamos de mais de um tipo de transporte, de energia e de diversidade. Além disso, podemos reduzir a emissão de CO² com a otimização do uso das cidades, como o tratamento adequado de resíduos”. Sobre a diminuição da temperatura atmosférica, proposta pelo estudo, ele afirma ser possível sim, desde que haja o bom senso de governos, empresas e população para tanto.

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