Pais vivenciam realidade de filhos com deficiência dentro d’água

SIMULAÇÃO “Sentindo na Pele” reuniu 20 alunos e seus pais no Sesi

Esportes - GABRIEL BUOSI

Data 16/12/2017
Horário 21:28
Marcio Oliveira , Ação fez com que os pais dos alunos sentissem na pele a deficiência
Marcio Oliveira , Ação fez com que os pais dos alunos sentissem na pele a deficiência

A troca de papeis e experiências dentro das piscinas foram as cenas que marcaram o 1º Festival de Natação PcD (Pessoas com Deficiência), realizado na manhã de ontem no clube do Sesi (Serviço Social da Indústria) de Presidente Prudente. Conforme a organização, o “Sentindo na Pele” foi pensado a partir de uma tripla parceria entre a Semepp (Secretaria Municipal de Esportes de Presidente Prudente), Apop (Associação Paradesportiva do Oeste Paulista) e a escola. Ao todo, 20 alunos com deficiências físicas, visuais ou intelectuais entraram na água acompanhados dos pais, que passaram por atividades que simularam a deficiência dos filhos e mostraram como de fato é a realidade vivida por eles.

De acordo com a técnica desportiva da Semepp, Micheline Cardoso Pereira, o projeto de natação para as Pessoas com Deficiência teve início em fevereiro deste ano e atende 20 alunos com deficiências físicas, visuais ou intelectuais e teve como objetivo, na manhã de ontem, proporcionar aos familiares um momento em que deficiência fosse sentida na pela. “Os pais de alunos com deficiências motoras, por exemplo, terão os pés amarrados para que nadem com a sensação de não ter os movimentos dos pés. Já os acompanhantes dos deficientes visuais terão os olhos vendados, e assim faremos uma troca de experiências”, salienta.

Conforme Micheline, a natação do projeto, que ocorre três vezes por semana, traz conquistas que vão além de medalhas e competições, mas sim a autonomia e independência. A técnica informa que a maioria e redescobriu no esporte e ultrapassou as barreiras do óbvio. “Muitos se escondem atrás das deficiências e aqui eles percebem que são capazes de qualquer coisa”. A atividade contou com alunos de 10 a 49 anos.

 

Experiências

A coordenadora pedagógica Alexandra Figueira de Moraes, 42 anos, acompanhava o filho, que é cadeirante. Ela diz que o jovem, de 13 anos, tem uma má formação na coluna, o que fez com que ele perdesse os movimentos da cintura para baixo. Ao ser questionada sobre a importância da ação, Alexandra afirma que o momento estimula a vivência das demais pessoas dentro do universo dos PcDs. “O pai do João vai entrar com ele na água e terá os pés amarrados. Vejo que a oportunidade vai fazer com que ele entenda o nosso dia a dia, já que eu passo mais tempo com ele”, relata.  A coordenadora pedagógica informa ainda que o filho se sente bem dentro da piscina, além de notar benefícios comportamentais, respiratórios e de postura ao filho.

Já o dentista Carlos Alberto Gomes, 47 anos, estava com a família e aguardava o momento da atividade que passaria com a filha Manoela, de 13 anos. A garota teve um sangramento na medula aos três anos, que comprimiu a medula espinhal e a deixou tetraplégica ainda criança. Conforme Carlos, foram a natação e a hidroterapia os fatores que proporcionaram a volta dos movimentos da filha. “Ela começou a nadar antes mesmo de andar, pois desde a lesão proporcionamos o contato com a água. Percebi melhorias na postura dela, além dos diversos benefícios do esporte à saúde”, comenta.

Manoela Gomes, por sua vez, teve como sequela uma dificuldade no caminhar, mas complementa a fala do pai ao lembrar que participa do projeto desde o início, em fevereiro, e que o esporte já trouxe até medalhas em competições regionais. “Gosto muito da natação e entendo que os benefícios são visíveis para mim”, acrescenta.

O pequeno João Pedro de Souza Silva, 12 anos, tem uma má formação nos braços e mãos desde que nasceu. Acompanhado da mãe, Joselaine Aparecida de Souza Silva, 36 anos, afirma que estar no projeto promove interação com pessoas que também apresentam deficiências. “Me sinto feliz e com mais disposição com meus novos amigos”. Já a mãe, toda orgulhosa, ressalta que o esporte faz com que o filho não se sinta sozinho e estimule a prática de exercícios.

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