Os desafios do Educa São Paulo

OPINIÃO - Cesar Silva

Data 14/04/2019
Horário 04:15

A mudança de governo em São Paulo trouxe grande expectativa quanto às chances de as reformas do ensino médio, a abertura das trilhas formativas eletivas e a organização das parcerias público privadas ocorrerem mais rápido do que imaginado. Foi com este sentimento, que os educadores receberam o projeto Educa São Paulo, o primeiro piloto de um modelo estruturado da reforma do ensino médio.

A principal proposta consiste em ofertar mais 200 horas de curso, de conteúdo e atividade contextualizada para alunos do ensino médio. Essa carga pode ser cumprida em outras instituições, desde que privadas, além da escola pública, com um projeto diferenciado e que motive o aluno a continuar os estudos. O modelo permite ao aluno cursar até duas escolas, uma na base nacional curricular do ensino médio, a outra na trilha formativa eletiva, integrando ambas para o aluno concluir o Médio: um piloto para o estado implantar a reforma do ensino médio na íntegra e na totalidade das escolas, até 2021.

Os acertos do projeto consistem em testar uma carga horária pequena (200 horas, ou um sexto da trilha formativa eletiva), ter um valor hora padrão já definido e dar a opção aos alunos das escolas públicas de escolher a instituição e o programa. O que desestimula as escolas de educação básica é a indicação de IES (Instituições de Ensino Superior) como as parceiras das escolas públicas, preterindo as Escolas Técnicas e seus programas de Educação Profissional de conteúdo contextualizado e atividades práticas mais próximos da realidade dos alunos do ensino médio propedêutico. As escolas técnicas ficam fora desta oportunidade de trazer uma visão de continuidade de estudos que não seja, exclusivamente, o ensino superior!

Se o objetivo é abrir as universidades para estimular os alunos a continuar a estudar, é um erro, porém posicionar a graduação como etapa seguinte ao ensino médio. Prova disso são as centenas de milhares de brasileiros que estudam Direito e se tornam infelizes bacharéis que, não aprovados no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), passam anos como Técnicos em Serviços Jurídicos nos escritórios de advocacia.

Deve-se priorizar as escolas técnicas em vista de ofertarem muito menos vagas do que as IESs. Se aquelas não atenderem toda a demanda, como é provável, as IESs completariam. O ideal é a oferta ocorrer nesta ordem: escolas técnicas do estado e federais, escolas do Sistema S, Escolas Técnicas Privadas do Estado, faculdades federais e estaduais e Centros Universitários e Faculdades Privadas. Bem encaminhadas, as mudanças podem reduzir a evasão escolar e melhorar os indicadores de ensino de forma sustentável.

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