Mais uma vez a região de Presidente Prudente foi acordada com a notícia de uma operação policial de combate ao crime organizado, mais especificamente a facção de São Paulo que atua dentro de fora dos presídios do Brasil e de outros cinco países da América do Sul. Denominada operação interestadual Echelon, a ação promoveu o cumprimento de cerca de 20 mandados de prisão em penitenciárias da região. Ao todo, conforme noticiado hoje por este diário, foram cumpridos 59 mandados de prisão em 14 Estados, além disso, a Justiça decretou a prisão preventiva de 75 pessoas acusadas de serem integrantes da facção.
Mas o que chama a atenção em tudo isso, além do número de presos, é claro, é a maneira como se chegaram as informações. A ação conjunta entre a Polícia Civil, o MPE (Ministério Público Estadual) e a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) foi desencadeada após 12 meses de investigações policiais, depois que agentes penitenciários encontraram fragmentos de manuscritos nos esgotos do Presídio de Segurança Máxima de Presidente Venceslau. Os papéis levaram a identificação técnica de sete líderes da organização criminosa e revelaram a existência de uma célula denominada “sintonia de outros Estados e países”, apontada como responsável por acirrar a disputa de facções no país e pela execução de mais de uma centena de pessoas.
O que impressiona é a organização com a qual o crime está se impondo. Números recentes apontam para um crescimento exponencial da referida facção, que passou de algo em torno de 3 mil para mais de 20 mil integrantes fora de São Paulo neste ano. No Estado são quase 11 mil adeptos e sua bandeira já alcançou outros cinco países do continente. O grupo possui uma liderança afinada, em “sintonia”, como eles denominam, e seus integrantes seguem regras e obrigações, como por exemplo, pagar mensalidade ao “partido”.
Logo, como é possível vencer uma facção tão organizada, com tantos membros e que sabem bem quais são suas posições no grupo? A resposta foi dada ontem pela Polícia Civil, MPE, através do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), e pela SAP: organização. A ação conjunta de ontem provou que o crime organizado só pode ser enfraquecido com organização, sem a qual a sociedade seguiria refém do medo e da insegurança.