Opinião pública poderá exercer pressão sobre movimento grevista

EDITORIAL -

Data 04/06/2018
Horário 07:52

Após dez dias da paralisação dos caminhoneiros no país, a região ainda amarga os prejuízos e sofre para se recuperar completamente dos danos causados pelo desabastecimento. Até ontem, ainda havia postos de combustíveis com gasolina em falta, o estoque de gás de cozinha nas distribuidoras seguia prejudicado e o transporte coletivo operava ainda com racionamento nas linhas.

Os próprios hospitais admitem que é preciso mais tempo para a normalização completa dos exames laboratoriais e das cirurgias eletivas. Tudo isso ocorrendo sobre uma ameaça de retomada da greve a partir de hoje, burburinhos que percorreram redes sociais, mas até o momento ainda não se confirmaram.

É compreensível certa indignação dos caminhoneiros ao notar, por exemplo, que mesmo após o anúncio da redução do preço do diesel em R$ 0,46 pelo governo federal, na sexta-feira as bombas ainda registravam um aumento acumulado de R$ 0,58 no preço do combustível. No entanto, é necessário ter um pouco de paciência e cobrar de quem deveria repassar a queda anunciada: as distribuidoras.

Paralisar mais uma vez de forma completamente desorganizada, prejudicando os serviços públicos mais essenciais do país – sobretudo quando os mesmos estão fragilizados – seria uma atitude precipitada, imatura e vil com a população como um todo. As negociações avançaram e, a grosso modo, os beneficiados em toda essa história continuam sendo os já privilegiados. As transportadoras, desoneradas no preço do diesel e as distribuidoras beneficiadas com uma subvenção federal. E nessa história, a União optou por reduzir a arrecadação de impostos que incidiam em investimentos na Educação e na Saúde.

A opinião pública pode exercer pressão sobre o movimento grevista e influenciar também neste cenário. Não é justo que todo o povo se torne refém de uma categoria – a qual, diga-se de passagem, parece mais patronal do que de trabalhadores. Cabe aos munícipes denunciar a sombra de locaute que pairou sobre todas as paralisações dos últimos dias e não permitir que o caos se instaure novamente.

Existem outros movimentos que podem beneficiar mais a população caso apoiados, como da greve dos funcionários da Petrobrás, os quais demandam por uma mudança na política de preços adotada pela Estatal (que influenciaria nos valores pagos pelo gás de cozinha e da gasolina, por exemplo) algo muito mais efetivo e estrutural do que simplesmente cortar impostos de um único combustível. Em momentos como esse, nos quais grupos com interesses diversos se digladiam para ocupar os holofotes e assumir a narrativa, é necessário distanciamento para compreender quais batalhas são realmente válidas de se lutar.

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