Onipotência e submissão

Confrontos e rivalidades são alguns movimentos que fazemos quase sempre no dia a dia. Confrontamos com a televisão, jornal, política, amigos, local onde moramos, síndico, funcionários, escola ou universidade, familiares, enfim, uma infinidade de situações. Ao longo de toda trajetória fazemos amigos e inimigos. Muitas vezes, queremos que tudo saia como a gente acha que deve ser. E não percebemos que estamos impondo, exigindo, passando dos limites, exacerbando e invadindo as fronteiras do bom senso. A civilização trouxe a ordem, normas e regras, valores socioculturais, censura, referências, individuação e individualização. Podemos transitar na individualidade, mas levando em consideração o direito da individuação de cada um. Tornamos ao longo do tempo indivíduos com direitos e deveres onde modulações entre o prazer e realidade devem existir. Não podemos sair des-embestados por ai. Desde as mais simples atitudes até as mais complexas possuem sentidos e significados importantes, podendo implicar em felicidade ou infelicidade, certezas e dúvidas, certo ou errado, bom ou ruim e bem ou mal. Há pessoas que se esforçam para não entrar em conflitos, outras entram em confrontos e desavenças por picuinhas. Penso que a causa desencadeante de comportamentos tão devastadores tem a ver com a frustração: “A não realização de um desses desejos infantis eternamente indomados”. Há indivíduos que não aceitam limites impostos pela civilização e acabam não respeitando o tempo e o espaço necessário entre as pessoas. Não podem ser confrontado com nada. Não há lei que o iniba. Ele quer e tem de ser na hora. Cheio de razão, só ele sabe e é o correto, invade a fronteira ou limites que já não lhe pertence. Não percebe o limite entre realidade e prazer. O desejo e sua realização devem acontecer não importando o preço. Sabem aquelas pessoas que perguntam: “Você sabe com quem está falando?”, e que não sabem esperar a sua vez? O que podemos dizer da pessoa onipotente, e deuses do olimpo? São inseguros, desestabilizados emocionalmente, não conhecem a si próprio, precisam a qualquer custo de autoafirmação. Sofrem muito. Pensando sobre o onipotente e arrogante, que em nenhum momento tolera frustrações, lembro logo do que o faz existir, que são os submetidos a eles. O onipotente que vive confrontando e fazendo birras iguais aos bebes, só existem devido aos sujeitos que aceitam ficarem nesse lugar de submissão. Uns não toleram frustrações e o outro é a própria frustração. Não ocupam seus espaços de direito. Não legitimam sua existência. Ficam reféns e não tomam atitudes. Necessitam da opinião do outro para tomadas de decisões. A vida é um risco. Viver é arriscar-se. Só temos nosso passado, e o presente em que estamos agora. O futuro é o caminho da obscuridade. Só aprendemos com a experiência. Tente fazer de sua vida uma matemática, verá que não vai dar exato. Se acertar bem, se errar aprendeu com a experiência e a emoção do momento. Muitas vezes é pelo caminho da ferida que encontramos a luz.

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