O UÍSQUE É O MELHOR AMIGO DO HOMEM: É UM CACHORRO ENGARRAFADO (Vinicius de Moraes)

Persio Isaac

CRÔNICA - Persio Isaac

Data 12/01/2020
Horário 04:50

Você nunca bebeu? Respondi, ainda respondo e vou continuar respondendo essa pergunta. Não, nunca bebi nada alcoólico. Isso é, nunca fiquei bêbado. Nunca me senti um estranho no ninho, apesar de cada dez amigos, dez bebem. Transitam muito bem pelo mundo etílico. Fico observando, sem nenhuma intenção, como vão se transformando sob o domínio de uma cerveja, vodka, caipirinha, uísque, etc. Vão chutando as emoções para fora das prisões emocionais, ficam mais alegres, mais criativos, mais soltos e muito mais corajosos.

Acho legal. Sempre detestei o politicamente correto: "Se algo ruim acontece, você bebe para tentar esquecer; se algo bom acontece, você bebe para comemorar; e se nada acontece, você bebe para que algo aconteça”. Esse era o lema do poeta e escritor, Charles Bukowski, que intercalava doses de uísque com copos grandes de cerveja. Mais de 50 livros do escritor giravam em torno do universo da bebida.

Ernest Hemingway, ganhador do Prêmio Nobel da Literatura, adorava uma bebida, Mojito que teria sido criada por um inglês em alto-mar ou na terra. Essa história desse lendário drink era contada nos bares cubanos, em especial no La Boteguita del Medio em Havana, Cuba. Lugar preferido de Hemingway. Ernest Hemingway viveu durante 30 anos em Cuba. O único lugar em que se sentia amado. Foi casado quatro vezes e na sua vida sempre procurou o amor verdadeiro. "Um homem sem amor não é ninguém", dizia ele. Quando percebeu que tinha perdido sua genialidade e inspiração para escrever, a vida começou a perder o sentido. Se sentia velho apesar de ter somente 59 anos, impotente, se suicida em sua casa em Idaho. Pra que beber mais? Seu lema: "Um homem não existe até que fique bêbado”.

O escritor Lima Barreto gostava de cerveja, o poeta Paulo Leminsk começava com vinho e terminava com vodka, gelo, com raspa de limão. William Faulkner, como todo bom sulista do Mississipi, tinha como drink favorito, o Mint Julep (folha de hortelã, bourbon, açúcar e água). Achava que escrevia melhor com o álcool correndo em suas veias. A se julgar pelo “O Som e a Fúria” e “Luz em Agosto”, não parecia estar errado. Seu lema: "Não existe uísque ruim. Alguns uísques são simplesmente melhores que outros".

O autor beatnik, William S. Burroughs, mestre de literatura marginal e lisérgica com ápice em “E os Hipopótamos Foram Cozidos em Seus Tanques”, adorava Cuba Libre, mas com pouca Coca-Cola e muito rum. Francis Scott Fitzgerald bebia Gim Rickey (gim, soda limonada, suco de limão). Homem de sociedade, preocupado com as aparências, F. Scott Fitzgerald alegava que gostava de gim porque ninguém podia sentir a bebida em seu hálito. Seu lema: “Primeiro você toma um drinque, então o drinque toma outro drinque e depois o drinque toma você”. Oscar Wilde gostava de beber absinto. Jorge Amado bebia cachaça. Se eu fosse me tornar um membro honorário do mundo etílico, beberia como um escritor. A burrice é a maior das drogas.

 

 

 

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