Nossa Senhora das Dores

OPINIÃO - Sandro Rogério dos Santos

Data 16/09/2018
Horário 04:06

A vida dos santos em geral, e de Maria e José em particular, revelam que a sorte do Mestre é a mesma dos seus discípulos. Poderíamos identificar a purificação de Maria no Templo, quando Simeão a encontra e profetiza “uma espada de dor transpassará sua alma” como uma segunda anunciação – a primeira, feita pelo Anjo Gabriel. Ontem, 15 de setembro, a igreja recordou Nossa Senhora das Dores. A festa, imediatamente depois da Exaltação da Santa Cruz, recorda-nos a particular união e participação de Maria no Sacrifício do seu Filho no Calvário.

A piedade cristã meditou desde o princípio nos relatos que os Evangelhos nos transmitiram sobre a presença de Nossa Senhora junto da Cruz. A sequência da Missa “Stabat Mater Dolorosa” (“Estava a Mãe Dolorosa”) aparece já no século 14. O Papa Pio 7º, em 1814, estendeu esta devoção a toda a Igreja, e em 1912 São Pio 10º fixou-lhe a data atual, oitava da Natividade de Maria. Nossa Senhora ensina-nos qual é o valor corredentor que podem ter as nossas dores e sofrimentos.

“Fazei, ó Mãe, fonte de amor,/ que eu sinta a tua dor/ para contigo chorar./ Fazei arder o meu coração/ por Cristo Deus na sua Paixão,/ a fim de que mais viva n’Ele que comigo”. O Senhor quis associar a sua Mãe à obra da Redenção, fazendo-a participar da sua dor suprema. Ao celebrar esse sofrimento corredentor de Maria, a Igreja convida-nos a oferecer pela nossa salvação e pela de todos os homens as mil dores da vida, quase sempre pequenas, bem como as mortificações voluntárias. Maria, associada à obra de salvação de Jesus, não sofreu apenas como uma boa mãe que contempla o seu filho nos maiores sofrimentos, até que morre.

A sua dor tem o mesmo caráter que a de Jesus: é uma dor redentora. O sofrimento da Escrava do Senhor, d’Aquela que é puríssima e cheia de graça, eleva os seus atos a tal ponto que todos eles, em união profundíssima com o seu Filho, adquirem um valor quase infinito. Nunca compreenderemos totalmente a grandeza do amor de Maria por Jesus, causa das suas dores. Por isso, a Liturgia aplica à Virgem dolorosa, como ao próprio Jesus, as palavras do profeta Jeremias: Ó vós todos que passais por aqui, olhai e vede se há dor como a minha dor (Lm 1,12).

A dor de Nossa Senhora foi imensa devido à sua eminente santidade. O seu amor por Jesus permitiu-lhe sofrer os padecimentos do seu Filho como próprios. Quanto mais se ama uma pessoa, mais se sente a sua perda. “Mais aflige a morte de um irmão que a de um irracional, mais a de um filho que a de um amigo. Pois bem [...], para compreendermos quão grande foi a dor de Maria na morte do seu Filho, teríamos que conhecer a grandeza do seu amor por Ele. Mas quem poderá alguma vez medir esse amor?” (Santo Afonso Maria de Ligório).

A maior dor de Cristo – no Getsêmani – foi o conhecimento profundo do pecado como ofensa a Deus e da sua maldade diante da santidade de Deus. E a Virgem penetrou e participou mais que nenhuma criatura desse conhecimento da maldade e da fealdade do pecado. O seu coração sofreu uma angústia mortal causada pelo horror ao pecado, aos nossos pecados. Maria viu-se submersa num mar de dor. E já que cada um de nós contribuiu para acrescentá-la, não devemos compadecer-nos e procurar reparar as feridas infligidas ao Coração de Maria e ao Coração de Jesus? [Francisco Fernández-Carvajal]

Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!

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