Na quinta-feira, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que aproximadamente 4,8 milhões de brasileiros desistiram de procurar trabalho no segundo trimestre de 2018, em vista das dificuldades encontradas. Ou seja, eles gostariam de trabalhar, mas não procuram. O desalento é reflexo de uma crise, que assola o país desde 2016. Na região de Presidente Prudente também não é difícil encontrar números ruins, uma vez que o Ciesp/Fiesp (Centro e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) mostra que, pelo segundo mês consecutivo, o nível de emprego fechou em saldo negativo.
O déficit de julho, último período analisado pelas entidades, foi de -650 postos de trabalho nas indústrias. Somado às -250 vagas de emprego em junho, os dois meses anteriores resultam no saldo de pelo menos 900 pessoas sem ocupação, empresas com o quadro de funcionários mais enxuto e maior concorrência no dia a dia, uma vez que o número de pessoas em busca de um espaço aumenta.
E entre contratações e dispensas profissionais, o cenário negativo tem sido assim nos últimos 12 meses, como um todo. Apesar do mês de maio ter fechado positivo pra região, com superávit de 300 novas vagas de emprego, de julho a julho (2017-2018), há o acumulado de uma variação em déficit, -1,53%, ou melhor, -650 vagas de emprego.
Mas ainda falando do último período analisado, o mês de julho, a situação foi pior para alguns setores. Os dados do Ciesp/Fiesp mostram que na área de coque, petróleo e biocombustíveis, a variação foi de -1,57%, seguido pelas indústrias de artefatos de couro, calçados e artigos para viagem, com -3,69%; móveis, que carrega o déficit de -0,41%; e confecção de artigos do vestuário e acessórios, com adequação de -0,68% de trabalhadores.
E apesar de percentualmente falando o segundo setor apresentado mostrar um número negativo maior, é válido lembrar que uma categoria pode possuir um contingente de recursos humanos maior que a outra, sendo assim, a variação pode ser mais baixa, mas a quantidade de trabalhadores demitidos maior, que vai de acordo com a proporção.
Atuação do mercado
Dentro da categoria que pior se saiu em julho está o setor sucroalcooleiro. Nesse momento, o período é de colheita da cana-de-açúcar, ou seja, tem trabalho a ser feito, e o normal é que haja manutenção das ocupações, contudo, o presidente do Sindetanol (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêuticas e Fabricação de Álcool, Etanol, Bioetanol e Biocombustível de Prudente e região), Milton Videiro Sobral, explica que a seca deste ano não ajudou muito, o que fez com que a safra fosse prejudicada.
“Sendo assim, a tendência é ter menos trabalhadores em campo, já que apesar do trabalho existir, ele ocorre numa proporção de corte menor. A situação pode piorar entre outubro e o fim de novembro, quando tem o término da safra”, completa Milton. Na região, ele exemplifica que, de maneira geral, as usinas não fecharam portas, porém, uma unidade de Narandiba teve diminuições, devido à frente do trabalho que mudou, por conta da seca.
Por sua vez, na área industrial de artefatos de couro, o verão do hemisfério norte surtiu efeito no hemisfério sul. De forma mais específica, o diretor do Curtume Touro - empresa atuante no setor -, Fernando Carballal, detalha que o mês de agosto é de férias de veraneio na Europa e na América do Norte, logo, haverá retração no mês anterior. “É um setor que depende muito das exportações, então é normal que isso ocorra”, explica Fernando, que não deixa de dizer que essa situação não é algo que “assusta”, porque não difere dos anos anteriores.
NÚMEROS
650
postos de trabalho foram encerrados, no saldo geral da região
-1,53%
é a variação dos últimos 12 meses
-1,57%
é o déficit do setor com pior atuação em julho