Munícipes se queixam de sujeira em linha férrea

Segundo Prefeitura, compete à Rumo/ALL a limpeza e conservação da área; empresa diz que “realiza a roçada regularmente”

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 25/11/2017
Horário 12:30

Um cenário tem chamado a atenção das pessoas que passam pelo Centro Cultural Matarazzo, na Vila Marcondes, em Presidente Prudente. Isso porque o pátio da antiga Estrada de Ferro Sorocabana, que fica defronte ao prédio cultural, está tomado por entulhos. A sujeira virou assunto de uma publicação no Facebook, em que a fotógrafa Claudia Miyuki Koga Sugui lamenta a situação de abandono do local. “Triste ver essa área assim. Muitos ensaios fotográficos são feitos ali. O lugar é lindo”, comenta. Para ela, o espaço deveria ser tombado pela Secult (Secretaria Municipal de Cultura), com o objetivo de agregá-lo.

Na mesma postagem, o titular da pasta, José Fábio Sousa Nougueira, ressalta que o trecho em questão está sob a responsabilidade da Rumo/ALL (América Latina Logística), que “tem sido notificada constantemente a respeito desse problema”. Na réplica, também informa que o local não reúne “fato histórico” para o devido tombamento, o que seria feito, se fosse o caso, pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico) municipal. Destaca, no entanto, que, desde janeiro, o prefeito Nelson Roberto Bugalho (PTB) negocia a transferência de toda a área para a administração municipal, a fim de dar um novo destino para ela. “Vale esclarecer que um grande projeto já está sendo elaborado, que poderá transformar o local em uma grande área de lazer e entretenimento, o que é um sonho antigo e de muitas pessoas”, aponta.

À reportagem, a Secom (Secretaria Municipal de Comunicação) argumenta que compete à Rumo/ALL a conservação e limpeza da área, sendo que a Prefeitura já notificou a empresa para que proceda a retirada dos entulhos. Confirma que existe um projeto para revitalizar o ambiente, mas que o mesmo ainda está em fase de estudos.

Já o presidente do Condephaat, Josué Pantaleão da Silva, diz que, por ora, não é viável estudar o tombamento do trecho, uma vez que ele é alvo de um impasse entre administradora, governo federal e municipalidade. “Como ainda não conseguiram nem colocar os trilhos em ordem ainda, eu preferi dar prioridade aos processos de tombamento da Igreja Matriz e do IBC [Instituto Brasileiro do Café], que estão em andamento dentro da Prefeitura”, expõe. Ele não descarta a possibilidade de considerar o reconhecimento do valor histórico da linha férrea no futuro, tendo em vista que se trata de um patrimônio da cidade, faz parte da cultura local e está diretamente ligada ao desenvolvimento do município.

 

“Vale esclarecer que um grande projeto já está sendo elaborado, que poderá transformar o local em uma grande área de lazer e entretenimento, o que é um sonho antigo e de muitas pessoas”

José Fábio Sousa Nougueira,

secretário municipal de Cultura

 

Limpeza regular

Por meio de nota, a Rumo/ALL comunica que realiza a roçada em sua faixa de domínio regularmente, sendo que o lixo é depositado pela própria população e, por esta razão, pede a colaboração da comunidade para que o problema não ocorra. Sobre o interesse da Prefeitura na concessão do bem, denota que não recebeu nenhum pedido de transferência, que deve ser feito através do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). Já a respeito do plano de logística prometido para a UEPP (União das Entidades de Presidente Prudente e Região), pontua que o encontro está previsto para dezembro.

 

Munícipes

Conforme constatado pela reportagem, o local reúne restos de mobília, madeira, embalagens plásticas e de metal, entre outros entulhos. A vendedora ambulante Aparecida Dias, 65 anos, toca um negócio em frente ao espaço e afirma que se depara constantemente com munícipes descartando lixo por ali. Ela diz se sentir incomodada com a situação e acredita que as pessoas poderiam ser mais conscientes. A auxiliar de cozinha Isabel Cristina Pavani, 56 anos, é da mesma opinião. Para ela, que é funcionária de um restaurante do Matarazzo, a poluição da paisagem desvaloriza a área, que é tão movimentada em virtude do prédio cultural.

O soldador Elias Junior, 29 anos, trabalha em uma metalúrgica na localidade e teme que a clientela diminua em função do lixo acumulado. Em sua opinião, a Rumo/ALL deveria revitalizar o espaço e mantê-lo conservado, pois a “sensação de abandono favorece a disposição irregular de entulhos”. Ele pondera que o “descaso” aumenta até mesmo a insegurança do trecho, já que o pátio conta com maquinários desativados onde pessoas mal intencionadas podem se esconder durante a noite. “Muitos utilizam aqui como atalho, o que eu acho perigoso. Afinal, nunca se sabe quem pode te abordar”, relata.

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