Uma nova “vizinha” está preocupando moradores da Rua Manoel Marques de Freitas, no bairro Ana Jacinta, em Presidente Prudente. Trata-se de uma torre de telefonia celular que foi instalada recentemente em um terreno localizado entre as residências. A vizinhança teme supostos “efeitos nocivos” da radiação emitida pela antena na saúde dos que vivem nas proximidades, onde existem escolas, um parquinho e um asilo. “A minha filha estuda ali, brinca nesse parquinho”, afirma a manicure Elisângela Lucas, 45 anos, moradora das imediações, que está preocupada com a saúde das crianças.
Os moradores se queixam, também, de não terem sido avisados sobre a construção da torre. O aposentado Aparecido Virgílio, 73 anos, diz estar indignado com a falta de comunicação por parte da Prefeitura e da operadora responsável. “Para colocar uma coisa dessas aí, tinha que comunicar a população. Para mim ninguém falou nada”, reclama.
Motivados pelo medo das radiações e riscos à saúde, os moradores estão realizando um abaixo-assinado, organizado pela Elisângela, a fim de ter respostas dos poderes público e privado e requerendo, inclusive, a retirada da antena, como reitera o aposentado Paulo Pinheiro, 75 anos.
Há riscos?
A reportagem entrou em contato com o físico, especialista em radiação, Cássio Fabian Campos, 45 anos, para esclarecer se realmente as radiações emitidas pelas torres de telefonia são nocivas à saúde dos que residem nas suas proximidades. Cássio explica que as radiações empregadas em sistemas de telecomunicação e celulares são conhecidas como radiações não ionizantes, logo não possuem energia suficiente para causar a ionização de tecidos biológicos, que são os fenômenos químicos relacionados ao surgimento de cânceres. Ao contrário das radiações utilizadas em exames radiológicos e tratamentos radioterápicos.
Cássio lembra que estudos sobre radiações de celulares e antenas vêm ainda sendo feitos ao redor do mundo, mas, oficialmente, o que se conhece são os efeitos térmicos, apenas, ou seja, aquecimento de tecidos biológicos, quando expostos à radiação não ionizante diretamente, o que não é o caso das antenas. “Em geral, aceita-se que o nível emitido pelas antenas, no pé da torre, é abaixo das normas do considerado seguro. O nível emitido pelo celular no ouvido é até maior do que o transmitido pela estação devido à proximidade”, pontua.
O físico recomenda que os moradores exijam, da companhia responsável, a taxa de radiação emitida pela antena. Esse tipo de informação também está presente em manuais de instrução de celulares, junto ao tempo que o fabricante orienta utilizar o aparelho. “Algo que raramente lemos, mas que é muito importante para o uso seguro”.
Exigências cumpridas
A Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, por sua vez, informa que o responsável pela referida obra cumpriu todas as exigências de legislação, apresentando o EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) pormenorizado, além da declaração de anuência de oito moradores vizinhos, por escrito. Ao atender as exigências, o município emitiu a Certidão de Uso do Solo. Segundo a secretaria, não há qualquer irregularidade na instalação da torre. O Poder Executivo não informou a empresa responsável pela antena, alegando serem informações confidenciais do processo.