O cenário encontrado às margens da linha ferroviária que corta Presidente Prudente, para ser mais exato, em frente ao Centro Cultural Matarazzo, que fica na Vila Marcondes, vai além do abandono visível de um vagão de trem, usado para fins ilícitos, ou da sujeira causada por moradores de rua e até mesmo usuários de droga. Quando é possível encontrar, ainda na luz do dia, o que se vê são peças de roupas rasgadas, restos de objetos queimados e garrafas de bebidas alcóolicas quebradas. Isso porque, conforme moradores e comerciantes locais, o cenário é ainda pior devido o medo e o receio pela presença destes indivíduos, que constitui um problema que está longe de ser recente. Em visita ao ponto, a reportagem encontrou comércios que já foram arrombados, possivelmente por estes usuários, e moradores que ficam ilhados em casa pela noite, com medo de serem abordados.
Antes de tratar do tema, vale lembrar que somente o laudo pericial vai apontar o que causou um incêndio na madrugada de domingo em um prédio que fica na Avenida Brasil, em Presidente Prudente. Mas, em situação de abandono, o local contava com a presença de moradores de rua e usuários de droga, como noticiado por este diário na edição de hoje. A questão é que esse não é um caso isolado no município, sendo que as empresas que ficam às margens da linha férrea, em frente ao Centro Cultural Matarazzo, reclamam da insegurança causada por pessoas que ocupam o lugar durante a noite e trazem prejuízos às lojas.
É o caso do responsável pela metalúrgica que funciona na linha, Francisco Santos, 61 anos. Questionado, o homem lembra estar com a empresa aberta no local há cerca de um ano e seis meses, sendo que neste período o estabelecimento já teve a porta arrombada, possivelmente, como acredita, por usuários de droga que dormem no vão que fica ao lado da porta de entrada. “Tivemos que promover algumas reformas e colocar, por exemplo, câmeras de segurança. Há quatro meses eles entraram e levaram apenas fios de cobre, quando deixaram as máquinas caras e demais itens, para nossa sorte”, lembra.
Situação pior, no entanto, sofre o borracheiro José Domingos dos Santos, 59 anos, que trabalha na Rua Gaspar Ricardo, esquina com a linha férrea. Segundo o homem, a borracharia funciona no local há dois anos e já teve as portas arrombadas três vezes. “Eles furtaram jogos de chaves e máquinas. Só não entraram mais uma vez, pois instalamos um alarme, o que impediu a entrada deles. Durante a noite não dormimos com a consciência tranquila, pois nos preocupamos com a situação vulnerável que vivemos”, salienta.
A aposentada Maria Luiza Cavalli, 68 anos, mora em frene à borracharia há 40 anos, e diz que a situação que vivem é algo que costuma ser debate dos vizinhos. “Eu mesma já realizei limpezas com a intenção de melhorar o local e tentar afastar esses moradores irregulares. Quando preciso sair à noite sinto muito medo e só vou se for de carro, pois não quero ser abordada de surpresa. Tudo isso já foi pior, mas, mesmo assim, nos preocupa e muito”.
Não muito longe dali, embaixo do Viaduto Comendador Tannel Abbud, está o proprietário de lava jato, Aldevino Inácio Cardoso, 42 anos, que alega ter visto uma melhora no número de usuários de droga que ficam embaixo no local, mas diz que a vizinhança já foi motivo de perda de clientes. “Eles deixam de vir aqui, pois sabem da presença dessas pessoas. É um problema antigo, já dura anos, mas há pouco mais de dois meses começou a apresentar melhoras, quando essas pessoas começaram a se dispersar para outros pontos”, salienta.