Moradores de rua ocupam espaço no camelódromo

PRUDENTE - THIAGO MORELLO

Data 11/01/2018
Horário 12:27

Um espaço que antes era usado como estacionamento de motos por lojistas do Shopping Popular, o camelódromo, de Presidente Prudente, hoje virou cenário de apreensão e desconforto. Às margens e nos fundos dos boxes, embaixo do pontilhão, moradores de rua tomaram conta do local. Roupas amontoadas, lixo esparramado e colchões velhos. Diante deste cenário, os comerciantes que por ali trabalham, reclamam da situação, que gerou sinônimo de insegurança e, até mesmo, problemas com a comercialização dos produtos.

“Eles brigam entre eles, sujam o local, usam drogas e por aí vai. É uma situação muito ruim, realmente um desconforto”. Para Márcia Rocha, que tem um box no lugar, como descrito por ela, essa é a situação, que, de certa forma, lhe causa revolta. À reportagem, ela ainda conta que faz tempo que isso acontece. E a indignação fica ainda maior por não terem respostas ou ajuda. “A gente fala com a prefeitura e eles falam que precisa conversar com a polícia. Falamos com ela, e eles devolvem. Fica nisso, sem ajuda, sem resolução e só piora”, completa.

Piora, pois, de acordo com ela, a cada dia que passa o número de moradores de rua no local só aumenta. Aliás, moradores não, já que a Márcia lembra que se trata de pessoas com famílias e que, na verdade, só estão ali para “usar drogas”. “E uma coisa puxa a outra, né, já que eles começam a brigar entre si, por conta disso. A preocupação é grande, pois, além do medo, afeta nosso negócio, já que os clientes mesmos reclamam da situação e se sentem desconfortáveis”, explica.

Isso quando eles aparecem por lá. Rosimeire Rocha Monteiro, que também trabalha no camelódromo, afirma que alguns consumidores, que já são “fiéis” ao box, já comentaram sobre deixar de ir até lá, por medo. “Eles se aproximam, até mesmo no momento do atendimento, e pedem dinheiro, comida e ficam em cima. Nunca soube e também nunca passei por alguma agressão ou roubo e furto, mas o constrangimento é o que fica”, esclarece.

A coisa pode piorar na parte da noite. Quem precisa ir até o local para receber ou guardar mercadoria, durante esse horário, lembra que a aglomeração é ainda maior, pois é quando, aparentemente, acontece a comercialização dos entorpecentes. “Há um ano isso não existia e agora só aumenta. Vir aqui no período noturno é um desafio. Medo é a palavra”, conclui a comerciante Márcia Ribeiro de Lima.

 

A preocupação é grande, pois, além do medo, afeta nosso negócio, já que os clientes mesmos reclamam da situação e se sentem desconfortáveis

Márcia Rocha,

comerciante

 

Assistência

Para que esse público seja atendido, a Secom (Secretaria Municipal de Comunicação) explicou que existe o Creas-POP (Centro de Referência Especializado em Assistência Social) voltado exclusivamente à população de rua, que atende cerca de 70 pessoas por dia. “No local, eles podem tomar banho, se alimentar, passar por consultas com equipe multidisciplinar e receber medicamentos de acordo com as eventuais patologias de que são acometidos. Caso queiram, também podem solicitar a internação nas casas de recuperação do município”, pontua.

Os mesmo serviços também são oferecidos no Serviço de Acolhimento à população de Rua (antiga Casa de Passagem). Contudo, a municipalidade salienta que as equipes da “Secretaria de Assistência Social fazem abordagens diárias a pessoas que vivem em situação de rua”, porém os profissionais não podem recolhê-los à força das ruas.

A Polícia Militar também foi procurada para repercutir sobre a situação, no entanto, até o fechamento desta edição, não houve recebimento de respostas, até por conta do horário em que foram procurados, após às 17h.

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