Na região de Presidente Prudente mais de 22 mil eleitores poderão ter seus títulos cancelados caso não regularizem sua situação pendente, pela não realização do cadastramento biométrico nas 14 cidades nas quais é obrigatória a revisão do eleitorado. É trágico notar o desinteresse e o descompromisso com um direito tão precioso, do voto, sobretudo em um momento político tão delicado.
É evidente que o brasileiro está desacreditado do pleito e de suas opções, mas pode ser que pela primeira vez haja uma verdadeira pluralidade de candidatos. Gente nova, com garra e proposta, e que ainda não esteja maculada pelo jogo sujo da política. É importante reforçar a necessidade da participação do eleitorado, não apenas por eventuais sanções pelo não comparecimento, mas porque é nesse regime republicano que confiamos as esperanças do futuro do país.
Em um dia nebuloso, no qual surgem rumores ou fantasias de investiduras militares, no qual coronéis decidem opinar publicamente em redes sociais pela decisão de um habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal), a luz trazida pela democracia – hoje restrita, ameaçada – é mais vívida do que nunca. A bandeira da despolitização não é nada mais do que antidemocrática, de modo que a frase “não gosto de política” não cabe mais na boca do brasileiro. A inércia não é mais uma opção.
Não se trata de punições mais rigorosas aos que não cumprem com suas obrigações eleitorais, como um pai rigoroso que tenta educar seu filho sob medo e repressão. É preciso que se crie uma cultura de politização e antipolarização. De incentivo ao diálogo, às divergências, à busca por informação e conhecimento em múltiplas fontes e que se dê o direito de sonhar.
Hoje os moradores das terras tupiniquins se veem dessa forma: como pessoas que apenas habitam (e coabitam) em um pedaço de terra verde e amarela. Não há um senso de identidade nem a concepção do que é ser cidadão. O intuito não é, nem de longe, criar um ufanismo egocêntrico, ilusório e alienador – como ocorre em um determinado país do continente americano – mas de fazer com que o povo reconheça aquilo que os une como povo.
De ensinar o que é ser brasileiro, de dizer que nem tudo é utopia, que a pequenos passos é possível ter largos avanços e que vale a pena não desistir. Gerar esperança no peito de uma gente cujos direitos tem sido vilipendiados dia após dia. Ontem foi rememorado o dia de Martin Luther King, na data que se retoma o assassinato do pastor pacifista ícone da luta contra o racismo. Não há momento mais oportuno para, assim como ele disse um dia, entoar um coro... “Eu tenho um sonho”.