Mochileiro: De PP ao Mercosul

Após a aventura e o grande contato com a cultura latino-americana, Laudenir pretende dar a volta ao mundo de bikepacking, junto à sua Monark Barra Circular 1979, “Monarkão 79”

Esportes - MARCO VINICIUS ROPELLI

Data 04/03/2020
Horário 04:30
Foto – Isadora Crivelli - O mochileiro pretende se aventurar em viagens mais ousadas, quer dar a volta ao mundo
Foto – Isadora Crivelli - O mochileiro pretende se aventurar em viagens mais ousadas, quer dar a volta ao mundo

Laudenir Rodrigues é o nome do homem que com poucos recursos, “minimalistas”, como ele próprio diz, se aventurou entre os quatro países do Mercosul (Mercado Comum do Sul), Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai. Durante 63 dias, de 19 de dezembro de 2019 até o último dia 20, ele percorreu 5 mil Km (quilômetros), conheceu culturas, lugares, conversou com muita gente e, mesmo assim, voltou com gosto de “quero mais”. Ele promete que sua próxima aventura é a volta ao mundo de bikepacking, junto à sua Monark Barra Circular 1979, “Monarkão 79”, que por enquanto, tem hasteada as bandeiras dos quatro países que conheceu.

Bikepacking é a modalidade de cicloturismo, na qual se viaja sem bagageiros e as malas vão amarradas na bicicleta. Laudenir diz que a preparação para a longa aventura não foi tão difícil. Ele costumava visitar a avó, moradora de Santa Fé (PR) de bike. Certo dia decidiu que iria e voltaria de lá em apenas um dia e assim o fez. Percorreu na ocasião mais de 200 km. “Naquele dia pensei: se consegui rodar em um dia 200 km, eu consigo viajar para outros países de bike”, lembra.

Ele iniciou seu caminho da região de Presidente Prudente, seguiu pelos Estados do Sul, até Chuí (RS). A partir dali adentrou o Uruguai, depois a Argentina, por fim o Paraguai e o retorno ao Brasil.

Por mais simples que pareça, o maior “perrengue” que o mochileiro passou na longa viagem foi a falta de água gelada. “Não faz parte da cultura deles tomar água gelada. Quando eu pedia água, apontavam a torneira. Sofri nesse sentido”, ressalta Laudenir.

 

DESTAQUE

POSITIVO

Em contrapartida, algo chamou sua atenção de forma positiva. Diferente do que ocorre no Brasil, os motoristas dos países do Cone Sul possuem grande respeito pelos ciclistas. “Você pode andar no meio da rodovia que os motoristas não buzinam, eles diminuem a velocidade e seguem atrás de você. Parece algo no sentido humano, um respeito por quem está guiando a bicicleta”, ressalta.

Além disso, a positividade dos “hermanos” chamou sua atenção. “Apesar da condição financeira dos seus países, são felizes. Eu não ouvia coisas ruins”, recorda. Sobre os papos em espanhol, ele sorri: “O espanhol a gente vai arranhando”, é sincero.

 

CURIOSIDADE

POR ONDE PASSOU

“As perguntas quando eu chegava a um lugar eram as mesmas: De onde vem? Para onde vai? O que faz para dormir? O que faz para comer?”. As respostas: Ele dormiu, durante toda a viagem, em sua barraca, com um cobertor e o saco de dormir. Para se alimentar, cozinhava todos os dias, com auxílio de duas panelas e de uma espiriteira a álcool. “Eu ia ao mercado, comprava as coisas que eu gosto, como macarrão, calabresa, massa de tomate, e fazia minha comida”.

No café da manhã, Laudenir costumava comprar um pão e comê-lo com doce de leite. Ele pontua que o pão argentino tem ótimos diferenciais, é mais leve e natural. “A farinha argentina é melhor que a brasileira”, afirma.

Laudenir se apaixonou pelas aventuras e afirma já ter iniciado a preparação para sua volta ao mundo, acredita que em três ou quatro anos pode inicia-la. Seu único temor é o clima frio, por isso pretende reforçar seus equipamentos, em especial cobertor, saco de dormir e a barraca.

 

“VOCÊ PODE ANDAR NO MEIO DA RODOVIA QUE OS MOTORISTAS NÃO BUZINAM, ELES DIMINUEM A VELOCIDADE E SEGUEM ATRÁS DE VOCÊ. PARECE ALGO NO SENTIDO HUMANO, UM RESPEITO POR QUEM ESTÁ GUIANDO A BICICLETA”

Laudenir Rodrigues

 

 

Foto: Isadora Crivelli

Laudenir percorreu 5 mil Km, conheceu culturas, lugares, conversou com muita gente e, mesmo assim, voltou com gosto de “quero mais”

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