Missa de Lava-pés reúne 300 fiéis

Dando sequência às atividades alusivas à Semana Santa, 12 pessoas, simbolizando os discípulos de Jesus Cristo, participaram do ato celebrado pelo bispo diocesano

PRUDENTE - THIAGO MORELLO

Data 19/04/2019
Horário 06:00
José Reis - Missa marca o momento da liturgia em que Jesus lavou os pés dos 12 apóstolos
José Reis - Missa marca o momento da liturgia em que Jesus lavou os pés dos 12 apóstolos

"Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado em suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus e ia para Deus, levantou-se da ceia, tirou as vestes, e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés dos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido”. A descrição do livro de João, capítulo 13, marca um dos momentos da Quinta-Feira Santa, quando o homem de Nazaré, em sua última ceia, humildemente lavou os pés dos seus 12 discípulos. Anualmente, a igreja relembra essa celebração, com a tradicional Missa de Lava-pés, realizada ontem em todas as comunidades. Na Catedral de São Sebastião, a presença de 300 fiéis promoveu o encontro que simbolizou a liturgia cristã.

O monsenhor José Antônio de Lima explica que o momento faz parte dos sofrimentos enfrentados por Jesus na última noite. “Na Quinta-feira Santa realiza-se a celebração da instituição da eucaristia, quando Jesus celebrou com seus discípulos a última ceia. E com um gesto concreto deixou o sacramento de eucaristia, ‘a missa’, como o memorial da sua presença no mundo através do pão e do vinho”, completa.

E é durante esse ritual que o sacerdote lembra do famoso momento entre o Senhor e os apóstolos, no qual ele pede: “Fazei isso em memória de mim”, após compartilhar o pão e o vinho, que simboliza, respectivamente, seu corpo e sangue. “O segundo gesto que a liturgia nos apresenta é o do despojamento. Sendo mestre e Senhor, deixa a sua condição e lava os pés dos seus discípulos. Ele se despiu do poder para servir”, pontua.

E mais que um sinal litúrgico, o monsenhor ressalta que se trata de um exemplo de humildade para que “cristãos possam entender que lavar os pés do outro era uma função do servo, mas mesmo na condição de senhor ele o fez”. Como forma de corroborar a importância do ato, ele destaca o fato de, na última semana, o papa Francisco - líder da Igreja Católica - ter lavado os pés de imigrantes, “ou seja, de pessoas que nem cristãs são”.

E, na prática, a simbolização desse momento ocorre com a escolha de 12 pessoas para terem os pés lavados. À reportagem, o sacerdote ressalta ainda que cada comunidade tem a liberdade de fazer o próprio critério na hora da escolha. Na catedral, José Antônio diz que, nesse ano, não houve nenhum motivo específico, mas são pessoas que estão presentes na comunidade cristã da paróquia, sendo homens e mulheres, isto é, seis casais em matrimônio.

Mensagem

A mensagem foi traduzida aos fiéis que compareceram ontem, ao “lava-pés”, tanto para os 12 escolhidos quanto para os que acompanharam o momento, antes mesmo do início da tradição. No local, a atmosfera de espiritualidade, nos minutos anteriores, já dava pra ser sentida.

É que além do gesto de humildade que a Missa de Lava-pés representa, não se pode esquecer que, nesse dia, foi quando Jesus instituiu a eucaristia. “E eu vivo pela comunhão. É como se fosse um alimento que me permite viver”. Essa é a reação que a falta corpo de Cristo torna-se na vida da aposentada Aide Barbosa de Paula, 88 anos. Há 23 anos frequentando a Catedral de São Sebastião, ela garante que não perde esse momento. “Lavar os pés, para ele, foi mais que ser humilde. Nosso Senhor soube ser pequeno, para ser grande. E essa é a lição que temos que aprender”, afirma.

Fora isso, a lição também está no momento de recolhimento e reflexão que a Semana Santa mostra. Pelo menos é dessa forma para a professora Maria Solange Carrara, 50 anos. “A cerimônia nos ensina humildade, amor pelo próximo, a viver da eucaristia. Mas precisamos refletir sobre isso e entender a importância” completa. Para a fiel, isso deve ser mencionado, pois “ha uma confusão” em achar que o dia de amanhã [hoje] é um feriado, mas, na verdade, é um “luto”.

Ambas concordam, ainda, que aos poucos a comunidade religiosa vai perdendo a força desses atos, pela pouca participação e procura das pessoas por Deus. Para Aide, “falta de Deus”, o que resulta na “calamidade” que vivemos hoje. “Mas por outro lado, quem vive a eucaristia hoje vive pra valer. Perdemos em quantidade, mas ganhamos em qualidade”, finaliza Maria. 

 

Programação da Catedral de São Sebastião

Hoje

Às 15h - Celebração da Paixão do Senhor;

Às 18h30 - Procissão do Senhor morto pelas ruas da cidade.

Amanhã

Às 19h30 - Celebração solene do Sábado de Aleluia

Domingo

Às 8h, às 10h, às 17h e às 19h - Missa de Páscoa

Fonte: Catedral de São Sebastião

 

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