O ideal é que sua saúde não seja um motivo de preocupação, mas sim que receba sua atenção constante, principalmente em termos de prevenção para que não sejam necessárias (ou que sejam mínimas) as intervenções terapêuticas. E o que fazer para dar atenção à saúde? Lembre-se, por exemplo, que você escova os dentes todos os dias, três ou mais vezes. Pelo menos é o que deveria fazer para manter a saúde bucal. Essa rotina de cuidar dos dentes também deveria se estender para outros aspectos da saúde. Em nossa cultura tendemos a dar o merecido valor a alguém ou a algo, apenas quando perdemos. Para a saúde é assim também.
Você consegue pensar e ter uma medida de quanto a perda de sua saúde interferiria em sua vida, na vida de sua família, na sua atividade profissional, em seu orçamento familiar etc? Nem precisa considerar uma doença incapacitante, mas apenas uma doença que limite sua rotina diária e exija alguns cuidados (ex. hipertensão arterial, diabetes).
Dai, agora faça um exercício de pensar o impacto de dezenas, centenas ou milhares de pessoas com doenças limitantes ou incapacitantes. Qual é o impacto social e econômico? Qual o ônus para a economia familiar, a saúde financeira das empresas (absenteísmo dos empregados), das operadoras de saúde (planos de saúde) e para o sistema público de saúde? Se o impacto individual já é significativo, o impacto coletivo e social é imenso.
Então podemos pensar na importância da autogestão da saúde. Esse pensamento é contrário ao senso comum (também um aspecto cultural) de que podemos “terceirizar a responsabilidade” por nossa saúde. Isso significa pensar que o médico, o fisioterapeuta, a nutricionista, o professor de educação física (personal trainer) etc, são os gestores e únicos responsáveis pela manutenção e recuperação de minha saúde. Um exemplo: a estatina prescrita “pelo médico” é o que abaixa e mantém meu colesterol sanguíneo em ordem, e não minha rotina de alimentação equilibrada, prática regular de exercícios e manutenção de meu peso corporal. Uma clara terceirização da responsabilidade.
No ponto de vista de muitos especialistas, o indivíduo deve ser o “senhor de sua saúde” e administrá-la eficientemente, principalmente, por meio da prevenção. O mesmo para os planos de saúde e sistema público de saúde, que deveriam valorizar mais, as “barreiras protetoras”, a saber, a medicina preventiva, a nutrição preventiva e o condicionamento físico preventivo (Figura). O investimento deveria ser robusto e contínuo em informação, conscientização e atividades para arraigar os hábitos de estilo de vida saudável em médio prazo. As vantagens dessa saúde preventiva se mostrariam presentes em médio e, principalmente, longo prazo em termos individuais e sociais.
Este jornal, por meio de seu diretor e do editor-executivo, abriu esse espaço para exposição de temas relacionados à nutrição, atividade física, saúde e longevidade. Serão apresentadas informações com embasamento científico, ou seja, originadas em estudos realizados com o rigor de métodos caracterizados pela confiabilidade e reprodutibilidade. Esperamos esclarecer dúvidas comuns que resultam dessa profusão de “leigos” criando e repassando informações dispensáveis, incorretas e até perigosas nas redes sociais. Também procuraremos trazer os avanços dos estudos sobre saúde e longevidade.