Mesmo com captação em queda de 29%, número de transplantes de rins é estável

De acordo com médico especialista Gustavo Navarro Betônico, quantidade de órgãos é insuficiente para o número de pessoas que aguardam transplante na região

REGIÃO - WEVERSON NASCIMENTO

Data 15/03/2019
Horário 04:15
Weverson Nascimento - Médico nefrologista diz que o tratamento é baseado na mudança do estilo de vida
Weverson Nascimento - Médico nefrologista diz que o tratamento é baseado na mudança do estilo de vida

A data de ontem fez alusão ao Dia Mundial do Rim, voltado à conscientização sobre a importância da saúde renal. Em Presidente Prudente, a captação de órgãos apresentou uma queda de 29,41% comparada aos anos de 2017, com 34 doações, e 2018, com 24, de acordo com o HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo. A Santa Casa de Prudente, único hospital da região credenciado para realização de transplantes de rins, realizou 12 procedimentos em 2017. Mesmo número de 2018, enquanto que neste ano foram realizados três transplantes até o momento. De acordo com médico e especialista em nefrologia e terapia intensiva, Gustavo Navarro Betônico, 44, a quantidade de órgãos é insuficiente para o número de pessoas que aguardam transplante.

Em Prudente o Carim (Associação de Apoio ao Paciente Renal Crônico) estima que haja 400 pessoas em tratamento de hemodiálise nos hospitais credenciados. Parte deste público aguarda na lista de transplantes. No que diz respeito ao tratamento nos hospitais, atualmente há 62 cadeiras de hemodiálise. Número considerado baixo de acordo com o especialista. O HR atende em três turnos, de segunda-feira a sábado, com sessões de quatro horas, três vezes por semana. Por sua vez, a Santa Casa atende 235 pacientes, incluindo os que realizam diálise na instituição e nas residências.

Sintomas

A doença renal crônica, conforme o médico nefrologista, pode estar relacionada a duas principais causas: a diabetes e a hipertensão identificada em vários estágios. “Nos estágios iniciais da doença ela é completamente assintomática, ou seja, não há sintomas. Diferente da pedra no rim ou cólica, que têm dor, a doença renal crônica não dói. Muitas vezes diagnosticamos a doença já no inicio, onde ela não tem sintoma, o que pode facilitar o tratamento. Nos estágios mais avançados ela começa a trazer sintomas, como inchaço, anemia, fraqueza e perca de apetite, levando a uma incapacidade dos rins”, relata.

Tratamento

Nos estágios iniciais, o médico nefrologista detalha que o tratamento é baseado em mudança de estilo de vida, dieta e medicamentos específicos a serem utilizados e prescritos. A recomendação é uma consulta anual ou a cada seis meses. Na medida em que a doença vai progredindo é preciso ver o paciente com mais frequência.

Nos procedimentos mais agravados é necessária a substituição da função do rim. “Os problemas nos estágios mais avançados que é quando o paciente começa ter menos de 10 a 15% de funcionamento do rim, é preciso substituir a função do rim que já não está funcionando. Nestes casos é feito hemodiálise, diálise peritoneal ou transplante renal, ou seja, depende da gravidade da doença para que a frequência de acompanhamento seja maior ou menor”, afirma.

Prevenção

De acordo com o médico nefrologista, a doença renal é prevenida através da prevenção de outras enfermidades. No caso das doenças citadas, hipertensão e diabetes, ele afirma que podem estar relacionadas com a mudança no hábito de vida, excesso de peso, alimentação com grande quantidade de carboidratos, ou seja, alimentação não saudável. “O estilo de vida saudável, exercício regular, perca de peso, manutenção de um estilo de vida saudável, é a melhor maneira de prevenir, tanto a diabetes, quanto a hipertensão e, consequentemente, a doença renal crônica”, cita.

Segundo ele, o ideal é que todo paciente diabético, que está acima do peso, que faz uso abusivo de medicamentos, ou que tem alguém na família com problema renal, procure um médico para fazer o rastreamento da doença. “O exame é simples, de sangue, chamado creatinina, que ajuda identificar a doença. Nos exames anuais como colesterol e diabetes, faz parte do protocolo acrescentar o exame de creatinina. Basta pedir para o médico o exame”, relata o nefrologista.

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