Materiais indevidos são encaminhados à Cooperlix

Lei diz que produtos, como lâmpadas e baterias, devem ser recebidos por fornecedores, mas há quem entrega à coleta seletiva

PRUDENTE - GABRIEL BUOSI

Data 08/02/2018
Horário 13:18
José Reis, Cooperlix fez ações para orientar reciclagem e registrou diminuição na demanda indevida
José Reis, Cooperlix fez ações para orientar reciclagem e registrou diminuição na demanda indevida

Alguns produtos como as lâmpadas fluorescentes, pilhas, baterias, óleos lubrificantes, embalagens de agrotóxicos, pneus e eletrônicos, por lei, desde 2010, devem ser retornados aos fabricantes, distribuidores ou vendedores para o manejo correto e disposição final de maneira que não prejudiquem ao meio ambiente. A logística reversa, no entanto, é encontrada, quando localizada, com dificuldade por consumidores de Presidente Prudente. De acordo com a presidente da Cooperlix (Cooperativa dos Trabalhadores de Produtos Recicláveis de Presidente Prudente), Maria Aparecida Assis Silva, a confusão sobre onde encaminhar é comum e trabalhos de divulgação sobre o que deve ou não ser enviado à reciclagem precisaram ser realizados nos últimos meses.

Maria lembra que a cooperativa recebeu por muito tempo baterias de veículos, lâmpadas fluorescentes e até mesmo pilhas em algumas ocasiões, produtos que não são reciclados, precisam de uma destinação correta e foram motivos de preocupação. “Em setembro do ano passado, vimos a necessidade de fazer ações nas casas das pessoas com instruções sobre como e o que separar para o serviço de reciclagem. A ação deu certo, já que percebemos uma diminuição grande dos produtos indevidos na separação, mas ainda há dúvidas por parte da população”, esclarece. A próxima atividade nas residências está marcada para março.

A presidente diz ainda que a destinação indevida é um problema, uma vez que a cooperativa não dispõe de local apropriado para a destinação e lembra que há alguns anos o aterro sanitário de Presidente Prudente era o destino final de boa parte dos materiais. “É uma preocupação muito grande, por isso buscamos conscientizar a todos. Hoje o único produto que temos aqui são as baterias, que serão vendidas posteriormente aos interessados para a reutilização”, ressalta.

 

Assim como existe o sistema de logística que leva o produto até o consumidor, deve haver a logística reversa. É um dever

Gabriel Lino de Paula Pires,

Promotor de Justiça

 

Realidade

Mesmo com o amparo da lei, não são todas as empresas que recebem o material de volta. A reportagem entrou em contato com estabelecimentos, ação que poderia ser feita por um consumidor, e encontrou dois que promovem o atendimento. A Telha Norte esclarece que apenas os produtos comprados na loja, como as lâmpadas fluorescentes, são aceitos para o descarte, uma vez que uma empresa privada é contratada para o serviço final. “Não há uma política de logística reserva, mas de qualquer forma, a procura por parte dos nossos clientes é baixa”.

Já a distribuidora de baterias Moura ressalta que “há muito tempo” a empresa conta com um programa ambiental, que dá benefícios em compras na base da troca dos produtos, além de informar que os itens adquiridos em demais lojas também podem ser enviados ao local. “Se não for a base de troca, o produto entra como doação e é encaminhado para a fábrica, onde receberá a destinação correta. Essa é uma maneira de incentivar a reciclagem e pensar no meio ambiente. Todos podem nos procurar”.

Segundo o promotor do Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente), órgão do MPE (Ministério Público Estadual), Gabriel Lino de Paula Pires, o comerciante, fornecedor ou distribuidor tem a obrigação de receber o produto, ação que é amparada pela lei. “Assim como existe o sistema de logística que leva o produto até o consumidor, deve haver a logística reversa, quando o material deve ser recolhido. É um dever”, lembra.

Gabriel lembra que se não encontrar o serviço de recolhimento, o cliente pode, eventualmente, formular uma denúncia junto ao MPE.

 

Em setembro, vimos a necessidade de fazer ações nas casas das pessoas, com instruções sobre como e o que separar para a reciclagem

Maria Aparecida Assis Silva,

Presidente da Cooperlix

 

Alternativa

Com a intenção de fomentar o descarte correto das lâmpadas fluorescentes e estimular uma cultura que pense no meio ambiente, desde 2013 a Ponto Final Reciclagem, em Presidente Prudente, promove um trabalho de trituração destes produtos, que ficam retidos em um filtro e ganham destinação adequada junto ao fabricante da máquina em que o serviço é realizado.

Com as atividades interrompidas até possivelmente semana que vem, já que a renovação do licenciamento junto a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) está em fase de finalização, o sócio-proprietário, Felipe Noza Bielli Lourenço, diz que a medida pode ser uma alternativa ao meio ambiente. “Cobramos por unidade triturada e o valor varia de R$ 0,50 a R$ 1,20. Quando estamos em operação, recebemos em média 2 mil lâmpadas”, afirma.

 

Como você faz o descarte de produtos como lâmpadas e baterias?

Jornal O Imparcial

Separo em sacolas diferentes, mas descarto junto com o lixo orgânico”

Luziana de Oliveira

Dona de casa, 42 anos

 

Jornal O Imparcial“Não costumo separar muito, mas mando para a reciclagem da Cooperlix”

Ivanilde Santos Silva

Dona de casa, 49 anos

 

 

 

Jornal O Imparcial“Divido em caixas de papelão e mando para a reciclagem”

Viviane Aparecida Briguenti

Balconista, 39 anos

 

 

Jornal O Imparcial“Normalmente acumula em casa, mas costumo mandar para reciclagem”

Maria Aparecida Sugi

Dona de casa, 39 anos

Fotos: José Reis

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