Luthier mantém tradição e permanece no ramo

Felício Teixeira Neto conta que seu primeiro violino foi fabricado para presentear seu filho, o qual queria aprender música

VARIEDADES - ESTEVÃO SALOMÃO

Data 28/12/2017
Horário 12:30

Dentro de uma serralheira silenciosa, localizada em Álvares Machado, aqueles olhos castanhos e seus cabelos brancos revelam a história de uma vida toda. Ao lado de suas ferramentas de trabalho e das poucas madeiras que ainda fazem do local uma fábrica de violinos, o senhor Felício, confecciona mais uma de suas criações, a viola clássica. Uma verdadeira dádiva, cultivada desde 1982, “quando o violino, por muitos, ainda era um instrumento desconhecido”.

 

“Tenho dois filhos formados e que tocam violino. Moro com minha esposa e, apesar da diminuição de vendas, continuo fazendo aquilo que sempre amei”

Felicio Teixeira Neto,

Luthier

 

Dono de uma fisionomia única, Felicio Teixeira Neto, conta que seu primeiro violino foi fabricado para presentear seu filho, o qual queria aprender música. “Eram poucos os que ensinavam e quase inexistentes os que fabricavam”, relembra, enquanto ajustava os detalhes de sua mais nova encomenda.

Nos anos 80, ao frequentar as aulas com seu filho, de 12 anos, Felício, com 42, aprendera as notas e “aos poucos, apaixonara-se pela canção”.

Sem nenhuma experiência em serralheria, o ex-vendedor de peças automobilísticas fizera de seus anseios a mais pura realidade e, aos poucos, por meio de um domínio genuíno, tão solene quanto a música, o senhor Felício tornara-se um luthier. “Quando me dei conta já estava produzindo uma média de 20 produtos ao mês, divididos entre viola clássica, violoncelo e violino”.

Largou a vida de vendedor e, ao lado da família, construiu a “fábrica dos sonhos”. “Minha esposa e filhos, todos trabalhávamos juntos, era uma época maravilhosa”, se recorda.

O tempo, por sua vez, o mesmo que o trouxera centenas de encomendas, desta vez apresentara “a chegada de violinos fabricados em máquinas, vindos da China”. Uma nova realidade para aquela família, que, por meio da manufatura, levava 15 dias para a conclusão do instrumento. “Foi diminuindo, diminuindo e chegamos à produção de um aparelho por mês”, silenciou.

 

“Quando me dei conta já estava produzindo uma média de 20 produtos ao mês, divididos entre viola clássica, violoncelo e violino”

Felicio Teixeira Neto,

Luthier

 

Atualmente, com 79 anos de idade, ele é músico, construtor, aposentado e um verdadeiro artista, recorda-se e agradece aos anos que se passaram. “Tenho dois filhos formados e que tocam violino. Moro com minha esposa e, apesar da diminuição de vendas, continuo fazendo aquilo que sempre amei”, reflete.

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