Livro “O Cortiço” ganha vida nesta noite, em peça no César Cava

Companhia Mídia Produções Artísticas entra em cena com um enredo que mistura drama, humor e suspense

VARIEDADES - SANDRA PRATA

Data 05/09/2018
Horário 17:43
Divulgação/Diego Santos - Espetáculo traz uma mistura de emoções e usa do humor, do drama e da tragédia em suas cenas
Divulgação/Diego Santos - Espetáculo traz uma mistura de emoções e usa do humor, do drama e da tragédia em suas cenas

Uma das obras mais tradicionais da literatura brasileira ganha vida nesta quarta-feira, em apresentação às 20h, no palco do Teatro César Cava de Presidente Prudente. “O Cortiço”, de Aluísio de Azevedo, marca, em 1980, a estreia no país do movimento literário conhecido como naturalismo. A peça da Companhia Mídia Produções Artísticas foi lançada em 2016 após três meses de produção e agora retoma reformulada para uma nova temporada. Os ingressos antecipados custam R$ 20 inteira e R$ 15 meia-entrada, e podem ser comprados na escola de idiomas Yázigi.

Segundo o diretor do espetáculo, Daniel Neves, a companhia natural de São José do Rio Preto (SP) passa por terras prudentinas sempre que pode. A última visita, conforme o mesmo, foi no ano passado, com a peça “Vidas Secas” e o infantil “Aventuras e Desventuras de Pinóquio”. Desta vez, a expectativa é prender o público de forma dinâmica.

De acordo com ele, a peça reúne apenas os principais personagens da trama de Azevedo e traz fortes traços narrativos. “Contamos a história do Cortiço de São Romão, um lugar onde acontece de tudo, retratamos o cotidiano dos moradores, as lutas diárias pela sobrevivência. É uma peça muito divertida e, ao mesmo tempo, dramática, trágica e reflexiva, assim como o livro”, explica Daniel. 

Crítica social

De acordo com Daniel, a obra e a peça trazem uma ênfase ao caráter de denúncia das condições precárias de moradia as quais muitos brasileiros estão submetidos. “Mesmo que o livro tenha sido lançado em 1980, as questões abordadas são muito atuais, os cortiços ainda são muito comuns, só mudaram de nome, hoje são chamados de favelas”, explana.

Além disso, segundo o diretor, a ideia é mostrar de que forma o ambiente social pode influenciar positiva e negativamente o ser humano que nele está inserido. “Mostramos vários personagens, cerca de 11, aqueles que têm características mais fortes e que conseguimos mostrar essas influências. Por exemplo, temos um personagem português que, com a convivência no cortiço, aos poucos, acaba se abrasileirando, adquirindo traços da nossa cultura”, relata.

Reformando o cortiço

A peça passou por uma reformulação para essa nova temporada. Segundo o ator Giovani Milani, antes eram três atores em cena e agora são apenas dois que mudam de personagens constantemente no palco e cuidam para trazer uma linguagem mais atual e dinâmica. “Sabemos que muitas vezes pode ser um livro difícil de ler pela forma com que é escrito, então pensamos em uma forma de chegar ao público e fazer com que sintam interesse, uma forma de vender o desejo da literatura e fazemos isso de uma forma engraçada e descontraída”, pontua Giovani.

Pensamos em uma forma de chegar ao público e fazer com que sintam interesse, fazemos isso de uma forma engraçada e descontraída”

Giovani Milani

ator do espetáculo

Responsável por seis dos 11 personagens da peça, Giovani é ator e membro da companhia há três anos. De acordo com ele, quando chegou e estreou no espetáculo em 2016, percebeu a relevância que a peça tinha principalmente para os estudantes. “’O Cortiço’ é um livro que é exigido em muitos vestibulares, é uma das leituras exigidas no ensino médio, e quando apresentávamos a peça, percebíamos que podíamos trazer ao público a vontade de ler o livro e também ensinar algumas partes de forma lúdica”, expõe.

Entretanto, Giovani reforça que a peça não é voltada exclusivamente para os estudantes e aos que não conhecem a obra. Pelo contrário, segundo ele, o roteiro, as cenas e os personagens foram escolhidos a dedo para funcionar como um refresco aos amantes de Azevedo. “Quem já conhece a obra e gosta, se assistir a peça vai ver as páginas do livro tomando formas que trazem reflexão de forma leve”, acentua.

Memórias teatrais

De acordo com Giovani, a mensagem que a peça quer passar é dupla. A primeira está relaciona a incentivar os jovens a tomarem gosto pelas obras da literatura brasileira. Já a segunda está voltada a instigar o senso crítico acerca de problemas sociais atuais como desigualdade social e preconceitos diversos.

“O autor trabalha muito o naturalismo, ou seja, o ser humano como ele realmente é, mostramos que cada um tem seu jeito, ninguém é igual, a mensagem principal é mostrar que nos dias de hoje, por mais que tenha melhorado, ainda é muito forte a desigualdade e que só pensamos em nós mesmos, não pensamos no outro, na situação do outro. A ideia é falar um pouco de como é a vida de outras pessoas, de outros lugares que não temos contato, abordar diferenças de convívio, de classe social e de cultura”, reforça Giovani.

Por que “O Cortiço”?

Segundo diretor, a companhia existe há mais de 20 anos e tem como meta central contribuir com a sociedade de alguma forma. Baseado nisso, escolheu trazer em cena os versos de Azevedo. “É um livro muito rico, inaugura um movimento no Brasil [naturalismo] é um relato social real, o autor vivia em um cortiço para retratar, é um tipo de conhecimento necessário e quer precisa ser diluído no coletivo”, expõe.

Outro fator que incentivou a escolha do título foi a montanha russa de sentimentos aos quais os personagens se submetem. “É uma versatilidade legal de retratar, tem momentos cômicos, trágicos e de suspense, é um caldeirão de situações que faz com que o público mergulhe e, muitas vezes, se identifique”, enfatiza.

 

Saiba mais

OUTROS TRABALHOS DA COMPANHIA

 “O Mágico de Oz” da Broadway (Produção de Billy Bond)

 “A Arte do Insulto” com Rafinha Bastos

“Dona Doida”, com Fernanda Montenegro

“Advinhe quem vem para rezar”, com Paulo Autran

“Cócegas”, com Ingrid Guimarães e Heloisa Perissê

“Caixa 2” com Juca de oliveira e Fúlvio Stefanini

“Hermanoteu na terra de Godah”, com a Cia Os Melhores do Mundo

“Improvável”, com a Cia Barbixas de Humor

“Não Existe Mulher Difícil”, com André Bankoff

“Dom Casmurro – O Julgamento”

“Memórias de um Sargento de Milícias”

“Vidas Secas”

“O Mundo Mágico de Oz”

 “O Pequeno Príncipe”

“Aventuras e Desventuras de Pinóquio”

 

 

 

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