Lesões comuns entre os ciclistas

OPINIÃO - Ana Paula Simões

Data 10/02/2019
Horário 07:20

Desde o século passado, quando as bicicletas passaram à forma que têm atualmente, o ciclismo tornou-se popular para recreação, exercício e esporte. Hoje, existem cerca de 80 milhões de ciclistas nos Estados Unidos, por exemplo. Estudos estimam que grande parte desses ciclistas sofrem de problemas físicos: 48% no pescoço, 42% nos joelhos, 36 % na virilha e nádegas, 31% nas mãos e 30% nas costas. Mas não importa o seu motivo, pedalar faz bem, mas podemos seguir alguns princípios básicos de segurança para evitar lesões comuns no ciclismo.

Confira quais são as lesões mais comuns no ciclismo e como elas podem ser prevenidas:

Dor no joelho - O joelho é o local mais comum para lesões por uso excessivo em ciclismo. Síndrome femoropatelar (joelho do ciclista), tendinite patelar, síndrome da plica medial e síndrome de fricção da banda iliotibial são algumas das lesões mais comuns do uso excessivo do joelho. As quatro primeiras lesões mencionadas envolvem dor ao redor da patela (rótula), enquanto a última condição resulta em dor externa no joelho. As palmilhas personalizadas nos calçados, as cunhas abaixo dos calçados e as posições dos grampos podem ajudar a evitar algumas lesões por uso excessivo. Fortalecimento específico dos músculos do joelho e correção da postura são fundamentais.

Ferimentos na cabeça - Uma das lesões mais comuns sofridas pelos ciclistas é a lesão na cabeça pós-queda, que pode ser qualquer coisa, desde um corte na bochecha até traumatismo crânio-encefálico. Usar um capacete pode reduzir o risco de lesões na cabeça em 85%. A maioria dos Estados não tem leis que governam o uso de capacetes enquanto anda de bicicleta, mas capacetes estão prontamente disponíveis para compra, e existem opções de baixo custo.

Dor no pescoço - Ciclistas provavelmente experimentam dor no pescoço quando eles ficam em uma posição de equitação por muito tempo. Uma maneira fácil de evitar essa dor é fazendo alongamentos nos ombros e pescoço que ajudam a aliviar a tensão do pescoço antes, durante e pós-pedal. Postura imprópria também leva a lesões. Se o guiador estiver muito baixo, os ciclistas podem ter de arredondar as costas, colocando assim tensão no pescoço e nas costas. Encurtamento dos isquiotibiais e/ou músculos flexores do quadril também pode forçar os ciclistas para arredondar ou curvar-se mais, o que faz com que o pescoço hiperestenda. Alongar estes músculos em uma base regular criará a flexibilidade e será mais fácil manter a forma apropriada. Mudando a posição do guidão tira o estresse em excesso dos músculos cervicais utilizados e redistribui a pressão para diferentes regiões.

Dor ou entorpecimento do pulso/antebraço - Os ciclistas devem andar com os cotovelos ligeiramente dobrados (nunca com os braços trancados ou retos). Quando atingem solavancos e buracos na estrada, cotovelos curvados atuarão como amortecedores. É aqui também onde a mudança de posições das mãos vai ajudar a reduzir a dor ou dormência. Duas lesões de uso comum de pulso são a paralisia do ciclista e síndrome do túnel do carpo que podem ser evitadas alternando a pressão do interior para fora das palmas e certificando-se de que os pulsos não caem abaixo do guidão. Além disso, luvas acolchoadas e esticar/alongar as mãos e pulsos antes de andar de bike ajudará.

Problemas urogenitais - Uma queixa comum de ciclistas do sexo masculino que passam muito tempo pedalando é neuropatia pudendal, um entorpecimento ou dor na área genital ou retal. É tipicamente causada pela compressão do suprimento de sangue para a região genital. Um assento mais largo, com estofamento, um assento com parte do assento com reforço de amortecimento, mudar a inclinação do assento, ou usar shorts de ciclismo acolchoados, irão ajudar a aliviar a pressão na região.

Entorpecimento e formigamento dos pés - Formigamento e anestesia nos pés são queixas comuns, e sapatos que são muito apertados ou estreitos são muitas vezes a causa. Além disso, o entorpecimento no pé pode ser devido à síndrome do compartimento de esforço. Isso ocorre devido ao aumento da pressão na perna e à compressão dos nervos. O diagnóstico é feito por medições de pressão e é tratado com liberação cirúrgica. Isso acontece nos casos crônicos e sem cuidados.

Qualquer lesão que seja acompanhada por hemorragia, dor intensa, perda de sensação ou aumento da fraqueza deve ser observada por um médico especialista do esporte e com título da SBMEE (Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte). Outras dores devido ao uso excessivo ou lesões citadas acima desde que leves, podem ser tratadas com repouso e tomando as medidas de correções posturais e fortalecimento específicos. Inchaço e dor também podem ser tratados com gelo e, eventualmente, pomadas. Caso persista e diminua sua performance: procure um especialista! Bons treinos!

Ana Paula Simões é professora instrutora da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e mestre em Medicina, Ortopedia e Traumatologia

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