Kairós, o momento favorável

OPINIÃO - Sandro Rogério dos Santos

Data 08/07/2018
Horário 06:00

Os padres da diocese de Presidente Prudente vivenciaram durante a semana o retiro espiritual. É uma necessidade e obrigação que os sacerdotes se retirem por pelo menos quatro dias durante o ano para se colocarem à escuta da voz do Senhor, que nos amou e chamou para o ministério no seio da Santa Igreja, Seu Corpo Místico. Éramos mais de cinquenta reunidos na Casa de Retiros Emaús – da Arquidiocese de Londrina – orientados pelo bispo diocesano de Jundiaí, dom Vicente Costa. Um verdadeiro “kairós”, isto é, um tempo não cronológico, mas de ação da graça divina em nossas vidas.

Retirar-se para estar todo inteiro em presença do Amado, d’Aquele cuja palavra temos sede e fome. A Igreja que é o Povo de Deus em caminho anuncia o Senhor, dando-O a conhecer ao mundo. Ela O testemunha por meio da vida dos seus membros. E estes devem acolher em si e dar ao mundo a Palavra da Verdade, o próprio Senhor. E como anunciar se não ouviram? E como ouvir se não houver quem pregue? Damos do que gratuitamente recebemos. Retiramos coisas novas e velhas do próprio tesouro para enriquecer a nós e aos outros na feliz e esperançosa travessia, chamada vida.

Assim, o retiro espiritual é uma oportunidade para encontrar Deus que também nos procura e quer encontrar. Como os discípulos no Monte Tabor, é bom cessar as atividades e estar com o Senhor para escutá-Lo e rezar... conduzidos pelo Espírito Santo, o mestre da oração, que nos inspira o que pensar, falar e fazer. Podemos ainda afirmar que o retiro espiritual é o tempo favorável, aquela hora que não voltará mais. Estar atento, à escuta, disponível interiormente; silenciar não apenas boca, mas o interior.

Eis um desafio: deixar-se modelar pelo Amor. Embrenhar-se na aventura cujos ponto de partida e companhia reconhecemos, mas o de chegada continua escondido, não sabemos qual é nem onde fica. Ali, naquele lugar retirado, verdadeiro monte da transfiguração, também pudemos descansar um pouco no suave, manso e humilde coração de Jesus. Essa fornalha de amor que santifica e anseia curar o mundo inteiro. Esse refúgio que nos devolve ao mundo cheios do desejo de transformação e de vida nova. Vai ficando claro que esses dias foram de crescimento na fé, na confiança e no amor.

O amor me amou. O amor me chamou. O amor me enviou... para amar, perdoar, servir, gastar-me e ser um só com Ele. Tudo isso nos ajuda a reavivar o dom de Deus recebido na ordenação, a cuidarmos de nós mesmos. Ir ao povo depois de ter estado com Deus. E levar ao povo a palavra que de Deus recebemos. Somos discípulos missionários a serviço da vida e da esperança, a serviço da Igreja e do mundo. Somos sacerdotes, homens tirados do meio dos homens, preparados e devolvidos ao mundo para tratar das coisas de Deus, oferecendo o santo sacrifício e distribuindo sem cessar as riquezas do Senhor.

Oxalá todo o povo de Deus tivesse oportunidade de viver a cada tempo um momento de refrigério para a alma e de docilidade ao Espírito retirado da correria traiçoeira e devoradora dos seus. É preciso fazer uma verdadeira/profunda experiência com o Senhor; crescer na amizade com Ele. Tudo isso nos ajudará a sermos melhores pessoas, a bem cuidar dos outros, a esperar contra toda esperança, a amar especialmente quem não nos parece merecedor desse amor. Espero que em você desperte o desejo de ‘fugir’ um pouco para encontrar-se consigo e com Deus. Ele o/a espera. Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!

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