Jovens representam 18% das mortes de trânsito

De janeiro a abril deste ano, dos 50 óbitos catalogados nas vias de Prudente, nove tinham vítimas entre 18 e 24 anos

PRUDENTE - THIAGO MORELLO

Data 17/06/2017
Horário 11:17

“Os jovens, na maioria deles, têm a ilusão de vida eterna”. Este é o depoimento do sociólogo Renato Herbella, ao tentar explicar o porquê de muitas vezes as pessoas mais novas serem menos responsáveis no trânsito. Uma atitude que preocupa as autoridades e acaba refletindo em tragédias. No ano passado, o Estado de São Paulo registrou 898 óbitos entre pessoas com 18 e 24 anos, equivalente a 18% do total. Em Presidente Prudente, a porcentagem identificada é a mesma. De janeiro a abril de 2017, das 50 mortes de trânsito que aconteceram no munícipio, segundo dados do Infosiga, nove foram de pessoas na faixa etária relatada, o que representa, assim como no Estado, 18% do montante.

De acordo com o Movimento Paulista de Segurança no Trânsito, distração e imprudência são responsáveis por 94% dos óbitos. A delegada seccional da Polícia Civil de Prudente, Ieda Maria Cavalli de Aguiar Filgueiras, relata que um ingrediente a mais é observado: o álcool. “É uma das maiores causas, e isso não é novidade para ninguém. A gente percebe que o que falta no jovem é o compromisso em lidar com a responsabilidade. Desta forma, quem se prontifica a ser fiel a isso, ajuda a garantir, não só menos mortes, mas também redução em acidentes”, ressalta.

Mas para que isso não ocorra, a delegada acrescenta que a educação deve ser o ponto focal. Para ela, hoje em dia, os pais ainda acreditam que o único lugar para aprender é numa escola. “Mas não é. Em qualquer lugar a gente está lidando com informações novas, então, qualquer um pode promover essa conscientização”, completa. O que também é perceptível, segundo Ieda, são os exemplos que as pessoas mais velhas deixam para os mais jovens. “Não há coerência entre a atitude e o que falam. A prática deve ser como o que pregam. É como o ditado: ‘As palavras ensinam, mas os exemplos arrastam’”, finaliza.

Exemplos e ensinamentos que devem e precisam, conforme o sociólogo, ser desde muito cedo. Renato expõe que a educação social não precisa ser destinada somente àqueles que possuem habilitação. Uma vez abordando essas questões desde cedo, com as crianças, ele entende que o reflexo futuro é maior. “Esse controle social é essencial. Nós temos países, como a Austrália, que transmite campanha com cenas fortes e chocantes, a todos os públicos. O que refletiu na queda no número de acidentes. Então, as pessoas devem entender que a realidade é essa e ninguém está isento de passar por isso”, afirma.

Assim como o álcool, relatado pela delegada, o sociólogo aponta outro ponto que pode influenciar nas ocorrências. Para ele, “a distração no uso do celular equivale à embriaguez ao volante”. Renato explica que não é depositando a culpa na tecnologia, que sempre trouxe inovações e resoluções para grandes problemas sociais, mas sim a questão do usuário, que não sabe se limitar.

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