Ipês, cidade e cidadania

OPINIÃO - Sandro Rogério dos Santos

Data 04/08/2019
Horário 06:05

 

Hoje é domingo, o primeiro dia da semana. A ideia de primeiro é interessante porque nos abre possibilidades. Marca o início de um caminho inteiro a ser percorrido. É difícil negar que esperamos a virada do mês e com este o novo salário e que a ideia de reinício forçar-nos a acreditar no mais, no melhor, na superação, no sacrifício perseverante que logrará vitória ou aprendizado. Que este primeiro dia da semana, o Dia do Senhor, guarde as famílias, as pessoas, seus sonhos, fortaleça as suas bases, reconstrua as relações, recarregue as energias físicas e espirituais. Que o sonho do melhor e da vitória alimentem cada palavra, gesto e movimento...

Na edição 20.949, O Imparcial destacou a exuberância dos ipês-roxos floridos em nossa cidade. São cerca de 20 mil dessas árvores, de oito espécies diferentes. Não sei se é muito ou se é pouco, mas números vistosos, como vistosa fica a paisagem colorida. Dia desses, me peguei pensando numa espécie de revanche da beleza. A “sujeira” das flores enfeitando as calçadas e parques. E mesmo os mais insensíveis dos homens se obrigando a falar da beleza exibida pelas flores. A dinâmica da vida não nos permite viver na mesmice.

Vivemos numa cidade bonita, cheia de encantos. Talvez fiquemos chateados com este ou aquele encaminhamento da governança ou com a escassez de empregos e de condições de vida mais digna e justa. Talvez tenhamos reais motivos para a queixa com relação ao trânsito e aos que nele transitam nem sempre preocupados com o outro. Talvez nos sintamos ignorados por autoridades quando a rua não está bem cuidada, a violência bate à porta, a saúde e a educação são aquém e o transporte público não se mostra o melhor exemplo de cuidado. Talvez não colaboremos com a nossa parte na limpeza pública, no cuidado daquilo que é de todos... talvez!

A cidade é o lugar em que nos fazemos, somos, fincamos raízes. Como organismo vivo está sempre em mutação, e isso não é ruim. O cuidado com as pessoas é (ou deveria ser) o princípio da ação de todos os homens públicos. Estes não deveriam viver de humores ideológicos e/ou partidários quando o bem público - e o principal bem que são as pessoas - está fragilizado, carente, exigindo reais cuidados. O espírito público vez ou outra falta quando mais deveria se manifestar.

Na cidade, nasce e vive o cidadão, sujeito de direitos e deveres. Aquele que desejando transformar o seu espaço existencial elege representantes para atuar em seu nome e (talvez) lugar. A fiscalização e o compromisso com o seu representante são itens escassos no exercício da cidadania nacional. A beleza do primeiro dia da semana, mais a beleza dos ipês-roxos floridos poderiam nos inspirar a buscar sempre mais a beleza das cidades e da cidadania. Urge nos reencontrarmos com a busca do amor universal, da prática do bom exemplo, da aceitação e da acolhida de todos, especialmente dos que são diferentes de nós.

Seja florido, belo e bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!

 

 

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