Investimento em modais de transporte influenciaria desenvolvimento regional

EDITORIAL -

Data 29/07/2018
Horário 05:25

Para todos os cinco tipos de valores de terra rural elencados no IEA (Instituto de Economia Agrícola) de Presidente Prudente, quando não apresenta o segundo maior de todo o Estado, figura no último lugar do ranking com o menor preço médio. Isso significa o oeste paulista oferece os pedaços de terra nua rural (sem nenhuma benfeitoria) mais desvalorizados do território paulista para campo, cultura de primeira e de segunda, pastagem e até reflorestamento. A informação foi divulgada com destaque na edição de hoje deste diário.

Representantes regionais da agropecuária ouvidos atribuem o fenômeno, em parte, às constantes ocupações de movimentos que reivindicam a reforma agrária. No entanto, a verdade é que devido à grande fragmentação desses movimentos e perda de lideranças representativas, há muito tempo que as ocupações não são tão constantes. Evidentemente que há uma herança de receio causada pelos meses “vermelhos” de outrora, mas hoje esse temor é pouco justificável.

Uma situação complexa assim não pode ter uma causa só, mas é influenciada por inúmeros fatores como qualidade do solo, topografia, localização, dentre outros. Aí que entra uma possível medida para solucionar esse problema da agropecuária, que é o investimento em modais alternativos para transporte. Como informado pelo Censo Agropecuário de 2017, mais de 90% dos imóveis rurais tem como finalidade a comercialização das culturas. Como a única forma de escoar a produção dessa área distante da capital hoje é por meio da rodovia, processo mais caro e menos célere, os ruralistas estão entre os mais prejudicados pelo sucateamento da ferrovia (processo que já perdura por quase uma década) e também pelo total abandono da hidrovia.

A própria greve dos caminhoneiros, que por dez dias gerou um grave desabastecimento em diversos segmentos em todo o país revelou como o Brasil (na realidade, o mundo) é dependente dos combustíveis fósseis. Além de ser um problema econômico, como ficou evidente nesse período, trata-se de um dilema ambiental também, ao passo que essas fontes de energia “suja” consistem no pilar da sociedade moderna, e do desenvolvimento econômico/tecnológico. Cada vez mais as formas de extração desses recursos não-renováveis ocorre de modo devastador e destrutivo para a natureza, criando abismos que não poderão ser revertidos e trarão consequências incalculáveis para a posterioridade.

Portanto, ao discutir temas que passam pela agricultura à gestão pública, talvez seja sedutora a busca por um bode expiatório. Uma lição que a sociedade deve urgentemente aprender é a não se deixar levar pela solução simples e parar de tentar tampar suas grandes feridas purulentas com míseros “band-aid’s”. É necessário adotar uma nova forma de observar o mundo: ampla, sóbria e capaz de enxergar o horizonte.

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