Inspirada em Shakespeare, Cia do Sul empolga público em PP

Crianças, jovens, adultos e idosos acompanharam espetáculo repleto de alegria e emoção, com coros, acrobacias e figurinos multicoloridos

VARIEDADES - IZABELLY FERNANDES

Data 19/07/2018
Horário 05:45
Marcio Oliveira: Cia investe no caráter dinâmico na peça e traz personagens excêntricos, adereços e figurinos com máscaras e bonecos
Marcio Oliveira: Cia investe no caráter dinâmico na peça e traz personagens excêntricos, adereços e figurinos com máscaras e bonecos

A população prudentina pode apreciar na tarde de ontem, na Praça Nove de Julho, o espetáculo “Caliban – A Tempestade de Augusto Boal”, encenado pelos porto-alegrenses da Tribo de Atuadores Oi Nóis Aqui Traveiz, - inspirada no clássico de William Shakespeare, “A Tempestade”, com uma releitura feita pelo dramaturgo Augusto Boal. Um público numeroso com a presença de crianças, jovens, adultos e idosos puderam acompanhar uma apresentação repleta de alegria e emoção, composta por coros com ações acrobáticas e figurinos multicoloridos.

O professor, Diego Duraes Ferreira, 29 anos, que assistia ao espetáculo em praça pública, reconheceu o evento como uma oportunidade para pessoas carentes. “Eu acho bem interessante, pois qualquer pessoa que passa por aqui pode prestigiar a apresentação. Achei uma ideia bem legal e diferente, gostei bastante”, expõe.

Para a agente cultural, Mariane Palhares Lima, 32 anos, a arte de rua é muito válida e acessível para todos os públicos e classes sociais. “A gente trabalha com arte de rua, por isso estou achando uma apresentação maravilhosa. A companhia é muito boa e o cenário é maravilhoso”, acrescenta.

Marcio Oliveira - Mariane elogia a companhia classificando-a como muito boa, de um cenário maravilhoso

O espetáculo, que contou com a parceria do Sesc Thermas de Presidente Prudente, teve uma narrativa composta por uma mescla entre música, canto e dança. A história retratada na peça é vista pela perspectiva de Caliban, que atua como uma metáfora dos seres humanos originários da América, que foram dizimados e escravizados pelos colonizadores, os quais são representados pelo personagem Próspero.

Com uma combinação de cena que investe no caráter dinâmico, a peça atua com personagens excêntricos, adereços e figurinos com máscaras e bonecos. O grupo gaúcho se apropriou da peça de Shakespeare e do pensamento do doutor e pesquisador cubano na área de Filologia, Roberto Fernándes Retamar, para questionar a exploração da América do Sul pelo colonialismo europeu e para discutir a postura neocolonialista dos Estados Unidos. A peça leva o elenco a explorar novos caminhos e categorias, gerando a possibilidade de fazer teatro de uma maneira arrojada e inovadora.

Marcio Oliveira - Caliban atua como uma metáfora dos seres humanos 

A companhia

O grupo gaúcho Oi Nóis Aqui Traveiz surgiu em 1978. Durante quatro décadas, construiu uma trajetória que marcou definitivamente a paisagem cultural do Brasil. Com a iniciativa de subverter a estrutura das salas de espetáculos e o ímpeto de levar teatro para a rua, abriu novas perspectivas na tradicional performance cênica do sul do país. Seu centro de produção, a Terreira da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, ocupa lugar de destaque entre os espaços culturais do Rio Grande do Sul, sendo igualmente apontada como uma referência de âmbito nacional. Funciona como escola de formação de atores e, principalmente, como ponto de aglutinação de pessoas e profissionais dos mais diversos segmentos, estimulando a criação artística em diferentes áreas.

Marcio Oliveira - Para Tiago a arte de rua na cidade é valorizada pelo público 

Arte prudentina

O artista prudentino, Tiago Munhoz, 40 anos, que trabalha com arte de rua na cidade, diz que essa modalidade artística tem a possibilidade de chegar às pessoas em qualquer lugar, com a mesma qualidade do teatro convencional. “Ela pode atuar em um bairro, em uma praça, numa rua. Ela não necessita necessariamente de uma estrutura técnica de um teatro, nem que as pessoas se desloquem até o local. O teatro de rua pode chegar aonde as pessoas estão”, expõe.

Tiago diz que a companhia Oi Nóis Aqui Traveiz já é uma referência para quem produz a arte de rua. “Eu acho muito bacana toda a estética ritualística deles e também a proposta de um teatro crítico, com uma provocação aos tempos atuais e até mesmo a nossa história”, declara.

De acordo com ao artista, a arte de rua é bem aceita pelo público prudentino, com apresentações que muitas vezes chegam a ser compostas por cerca de 400 espectadores. “Aonde vamos, somos sempre muito bem recebidos. Com certeza, o público valoriza bastante as nossas apresentações. Porém, quanto a investimento público, a cidade precisa propor mais oportunidades”, comenta.

Marcio Oliveira - A apresentação ao ar livre pode contemplar um público de todas as idades, crianças, jovens, adultos e idosos

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