Inadimplentes devem aproveitar a oportunidade para regularização

EDITORIAL -

Data 07/12/2018
Horário 04:05

Mesmo diante de uma dívida de R$ 18,5 milhões referente a 13 mil devedores cadastrados no sistema da Acipp (Associação Comercial e Empresarial de Presidente Prudente), o mutirão de negociação de dívidas promovido em parceria com a Boa vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) registrou uma procura extremamente baixa no município (menos de 10% do esperado), motivando a ampliação do horário de atendimento a partir da próxima semana.

O dado reafirma uma realidade que o conhecimento empírico já apontava: o brasileiro aproveita o clima festivo do final de ano para utilizar eventuais reservas e o 13º salário mais para as compras de Natal e aquisições menos importantes do que para a regularização de suas dívidas. Isso reflete algo que é cultural no país, o pensamento nos prazeres imediatistas e a ausência de análise do custo-benefício no longo prazo.

Não existe consciência sobre organização e saúde financeira na maior parte dos lares do país e sem dúvida, apesar de ser um conhecimento útil no país capitalista e benéfico para toda a população, infelizmente é algo que passa longe das grades curriculares das escolas e principalmente da preocupação dos pais. O problema é tão grande que em julho deste ano segundo o SPC o Brasil alcançou o contingente de 63,4 milhões de devedores – o equivalente à população da Itália.

Para reverter esse cenário é preciso recomeçar. Trata-se de construir uma nova cultura relacionada à forma como as pessoas administram seus recursos financeiros. Mais do que isso, é preciso criar também uma nova forma de enxergar bens materiais e os recursos em si; uma que seja menos opulenta, consumista, irracional, imprudente, superficial e exclusivamente materialista.

Se o setor de vendas e finanças só conhece palavras como oferta, demanda e lucro é preciso trazer a ele novos termos como sustentabilidade e preservação. Incentivar relações de negócio mais saudáveis, pragmáticas, baseadas em reais necessidades ou benefícios e menos em projeção e autoestima. Isso levando em conta não apenas o bem às famílias, mas também ao planeta, que precisa mais do que nunca de cuidado e atenção para que o fim de seus recursos preciosos e não renováveis não resulte em um cenário bem mais caótico do que o endividamento.

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