A prudentina Rafaela de Souza Ribeiro é proprietária de uma clínica de estética e faz parte dos MEIs (microempreendedores individuais) da região. Para manter as contas em dia, ela diz que saber investir no negócio e ter um planejamento dos gastos e os lucros é o ideal. Isso fez com que ela não ficasse na inadimplência, o contrário de outros 16.708 empresários que atuam na 10ª RA (Região Administrativa do Estado de São Paulo), cuja sede é em Presidente Prudente. De acordo com os dados do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), tal número indica que 48,70% dos MEIs estão no vermelho. A situação foi possível ser relatada, em meio ao pagamento ou não da guia do DAS de dezembro de 2017 (Documento de Arrecadação do Simples Nacional), conforme a Receita Federal. Na época, eram 34.305 optantes.
Manter-se no controle para evitar dívidas não é fácil, mas a Rafaela tem feito isso com tanto empenho, como ela mesmo diz, que de MEI está se tornando uma ME (Microempresa). Contudo, chegar até aqui exige esforço e dedicação. No mercado empresarial desde 2014/2015, ela conta que a sua arma principal foi ter controle das despesas. “Não pode gastar mais do que ganha. A dica velha de pôr no papel, separar ganhos e gastos, é clichê, mas funciona”, completa. Para a empresária, isso faz com que lucre mais e tenha mais dinheiro sobrando. Isso faz com que, na hora que precisa, tenha reserva e não necessite cair em empréstimos com juros altos.
E quando sobra dinheiro, também dá para investir, mas investir na hora certa. Rafaela conta que dívidas a prazo não é uma de suas marcas. Quando ela não tem, junta dinheiro para poder comprar. “E assim eu consigo me atualizar, trazer coisas novas para meu negócio. O mercado muda a todo momento, então assim eu posso acompanhá-lo e fazer com que eu conquiste mais clientes”, pontua. Isso sendo feito, ela garante que o cliente fideliza, a ponto de você saber que ele vai voltar a comprar, independente da crise. A partir disso, “é possível ter um controle maior do que vai entrar ou não”, finaliza Rafaela. Ademais, a empresária não deixa de dizer que “não é fácil, mas é preciso se esforçar”.
Se esforçar para ter controle, se esforçar para ter planejamento. Para ser assim e não como os 16.608 MEIs que ficaram em uma situação ruim em dezembro, o gerente regional do Sebrae-SP, José Carlos Cavalcante, ressalta que alguns pontos devem ser observados. Primeiramente ele alega que o cenário chega a esse quadro quando a pessoa opta por ser um microempreendedor individual por necessidade. “Ele não consegue voltar ao mercado de trabalho e, com isso, vem a ideia de ter o próprio negócio. Mas muitas vezes isso acontece às pressas, sem preparo. E assim, ele cai na inadimplência, porque ele não é um comerciante, ele é alguém não especializado que quer voltar a ganhar sua renda mensal, diferente de quem empreende por opção.
Cavalcante explica que o despreparo é a principal causa que impulsiona a inadimplência. Sendo assim, o planejamento deve estar em primeiro lugar. “A dica então é: antes de abrir qualquer atividade, avalie o tipo de negócio. Veja se realmente terá condições. Independente do tamanho, deve verificar a viabilidade jurídica, dificuldade para obter licenças, variedade mercadológica, estimativa de faturamento mínimo. Se prepare!”, orienta o gerente. Sem saber o que está fazendo, sem ter uma noção de gestão e não sabendo lidar com dinheiro, o risco de entrar no vermelho é grande, ainda segundo ele,“como os próprios números mostram”.
Estagnação
Há dois anos, O Imparcial noticiou sobre essa mesma situação, e o cenário não era muito diferente, quando a inadimplência também estava em torno de 48%. Seria isso uma estagnação? A reportagem fez a mesma pergunta ao gerente regional do Sebrae-SP, e ele expôs, ao responder, que a média da quantidade de MEIs no vermelho já foi pior e chegou até 52%. “Infelizmente a média nacional fica mais ou menos acerca desse percentual. Não é algo exclusivo a essa região”, lembra. Para ele, isso mostra sim uma constância, de modo ruim, ao ver que a cultura é a mesma, e os problemas também.
Principalmente no começo. “Dependendo do tipo de negócio, os dois primeiros anos são críticos, em via de regra, então é um período de adequação que muitas vezes passa por essa situação”, fala. E quando ele entra nesse cenário, segundo Cavalcante, ele vai começar a priorizar o que é necessário para manter o comércio em funcionamento, ou seja, o fornecedor e as despesas que são necessárias para permanecer em atividade.
SAIBA MAIS
A contribuição do MEI para 2018 ficou da seguinte forma:
MEI - Atividade |
INSS |
ICMS/ISS |
Total |
Comércio e Indústria - ICMS |
R$ 47,70 |
R$ 1,00 |
R$ 48,70 |
Serviços - ISS |
R$ 47,70 |
R$ 5,00 |
R$ 52,70 |
Fonte: Sebrae-SP
Inadimplência dos MEIs – Guia de pagamento DAS dezembro/2017
MUNICÍPIO |
OPT 11/2017 |
DAS PAGOS 12/2017 |
DAS NÃO PAGOS 12/2017 |
ADIMPLÊNCIA |
INADIMPLÊNCIA |
Adamantina |
1.078 |
937 |
141 |
86,92% |
13,08% |
Alfredo Marcondes |
143 |
89 |
54 |
62,24% |
37,76% |
Álvares Machado |
872 |
453 |
419 |
51,95% |
48,05% |
Anhumas |
186 |
89 |
97 |
47,85% |
52,15% |
Caiabu |
164 |
94 |
70 |
57,32% |
42,68% |
Caiuá |
99 |
48 |
51 |
48,48% |
51,52% |
Dracena |
1.926 |
1.128 |
798 |
58,57% |
41,43% |
Emilianópolis |
92 |
53 |
39 |
57,61% |
42,39% |
Estrela do Norte |
65 |
21 |
44 |
32,31% |
67,69% |
Euclides da Cunha Paulista |
212 |
86 |
126 |
40,57% |
59,43% |
Flora Rica |
52 |
14 |
38 |
26,92% |
73,08% |
Flórida Paulista |
346 |
210 |
136 |
60,69% |
39,31% |
Iepê |
353 |
180 |
173 |
50,99% |
49,01% |
Indiana |
235 |
112 |
123 |
47,66% |
52,34% |
Inúbia Paulista |
202 |
80 |
122 |
39,60% |
60,40% |
Irapuru |
157 |
109 |
48 |
69,43% |
30,57% |
Junqueirópolis |
987 |
480 |
507 |
48,63% |
51,37% |
Lucélia |
652 |
296 |
356 |
45,40% |
54,60% |
Marabá Paulista |
58 |
16 |
42 |
27,59% |
72,41% |
Mariápolis |
102 |
61 |
41 |
59,80% |
40,20% |
Martinópolis |
1.122 |
583 |
539 |
51,96% |
48,04% |
Mirante do Paranapanema |
426 |
250 |
176 |
58,69% |
41,31% |
Monte Castelo |
97 |
37 |
60 |
38,14% |
61,86% |
Nantes |
159 |
53 |
106 |
33,33% |
66,67% |
Narandiba |
173 |
79 |
94 |
45,66% |
54,34% |
Nova Guataporanga |
107 |
38 |
69 |
35,51% |
64,49% |
Osvaldo Cruz |
1.816 |
1.082 |
734 |
59,58% |
40,42% |
Ouro Verde |
362 |
193 |
169 |
53,31% |
46,69% |
Pacaembu |
355 |
198 |
157 |
55,77% |
44,23% |
Panorama |
564 |
252 |
312 |
44,68% |
55,32% |
Paulicéia |
248 |
97 |
151 |
39,11% |
60,89% |
Piquerobi |
215 |
115 |
100 |
53,49% |
46,51% |
Pirapozinho |
1.226 |
546 |
680 |
44,54% |
55,46% |
Pracinha |
38 |
16 |
22 |
42,11% |
57,89% |
Presidente Bernardes |
573 |
280 |
293 |
48,87% |
51,13% |
Presidente Epitácio |
2.106 |
912 |
1.194 |
43,30% |
56,70% |
Presidente Prudente |
9.043 |
4.498 |
4.545 |
49,74% |
50,26% |
Presidente Venceslau |
1.545 |
759 |
786 |
49,13% |
50,87% |
Rancharia |
1.104 |
494 |
610 |
44,75% |
55,25% |
Regente Feijó |
632 |
318 |
314 |
50,32% |
49,68% |
Ribeirão dos Índios |
54 |
41 |
13 |
75,93% |
24,07% |
Rosana |
830 |
347 |
483 |
41,81% |
58,19% |
Sagres |
73 |
28 |
45 |
38,36% |
61,64% |
Salmourão |
143 |
94 |
49 |
65,73% |
34,27% |
Sandovalina |
113 |
24 |
89 |
21,24% |
78,76% |
Santa Mercedes |
144 |
46 |
98 |
31,94% |
68,06% |
Santo Anastácio |
855 |
487 |
368 |
56,96% |
43,04% |
Santo Expedito |
152 |
75 |
77 |
49,34% |
50,66% |
São João do Pau d'Alho |
85 |
52 |
33 |
61,18% |
38,82% |
Taciba |
226 |
84 |
142 |
37,17% |
62,83% |
Tarabai |
235 |
128 |
107 |
54,47% |
45,53% |
Teodoro Sampaio |
980 |
431 |
549 |
43,98% |
56,02% |
Tupi Paulista |
523 |
263 |
260 |
50,29% |
49,71% |
Fonte: Sebrae-SP