Inadimplência atinge 48,70% dos microempreendedores na região

Dados são referentes ao pagamento da guia do DAS de dezembro de 2017; Sebrae fala sobre empreendedores despreparados

PRUDENTE - THIAGO MORELLO

Data 16/03/2018
Horário 09:01

A prudentina Rafaela de Souza Ribeiro é proprietária de uma clínica de estética e faz parte dos MEIs (microempreendedores individuais) da região. Para manter as contas em dia, ela diz que saber investir no negócio e ter um planejamento dos gastos e os lucros é o ideal. Isso fez com que ela não ficasse na inadimplência, o contrário de outros 16.708 empresários que atuam na 10ª RA (Região Administrativa do Estado de São Paulo), cuja sede é em Presidente Prudente. De acordo com os dados do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), tal número indica que 48,70% dos MEIs estão no vermelho. A situação foi possível ser relatada, em meio ao pagamento ou não da guia do DAS de dezembro de 2017 (Documento de Arrecadação do Simples Nacional), conforme a Receita Federal. Na época, eram 34.305 optantes.

Manter-se no controle para evitar dívidas não é fácil, mas a Rafaela tem feito isso com tanto empenho, como ela mesmo diz, que de MEI está se tornando uma ME (Microempresa). Contudo, chegar até aqui exige esforço e dedicação. No mercado empresarial desde 2014/2015, ela conta que a sua arma principal foi ter controle das despesas. “Não pode gastar mais do que ganha. A dica velha de pôr no papel, separar ganhos e gastos, é clichê, mas funciona”, completa. Para a empresária, isso faz com que lucre mais e tenha mais dinheiro sobrando. Isso faz com que, na hora que precisa, tenha reserva e não necessite cair em empréstimos com juros altos.

E quando sobra dinheiro, também dá para investir, mas investir na hora certa. Rafaela conta que dívidas a prazo não é uma de suas marcas. Quando ela não tem, junta dinheiro para poder comprar. “E assim eu consigo me atualizar, trazer coisas novas para meu negócio. O mercado muda a todo momento, então assim eu posso acompanhá-lo e fazer com que eu conquiste mais clientes”, pontua. Isso sendo feito, ela garante que o cliente fideliza, a ponto de você saber que ele vai voltar a comprar, independente da crise. A partir disso, “é possível ter um controle maior do que vai entrar ou não”, finaliza Rafaela. Ademais, a empresária não deixa de dizer que “não é fácil, mas é preciso se esforçar”.

Se esforçar para ter controle, se esforçar para ter planejamento. Para ser assim e não como os 16.608 MEIs que ficaram em uma situação ruim em dezembro, o gerente regional do Sebrae-SP, José Carlos Cavalcante, ressalta que alguns pontos devem ser observados. Primeiramente ele alega que o cenário chega a esse quadro quando a pessoa opta por ser um microempreendedor individual por necessidade. “Ele não consegue voltar ao mercado de trabalho e, com isso, vem a ideia de ter o próprio negócio. Mas muitas vezes isso acontece às pressas, sem preparo. E assim, ele cai na inadimplência, porque ele não é um comerciante, ele é alguém não especializado que quer voltar a ganhar sua renda mensal, diferente de quem empreende por opção.

Cavalcante explica que o despreparo é a principal causa que impulsiona a inadimplência. Sendo assim, o planejamento deve estar em primeiro lugar. “A dica então é: antes de abrir qualquer atividade, avalie o tipo de negócio. Veja se realmente terá condições. Independente do tamanho, deve verificar a viabilidade jurídica, dificuldade para obter licenças, variedade mercadológica, estimativa de faturamento mínimo. Se prepare!”, orienta o gerente. Sem saber o que está fazendo, sem ter uma noção de gestão e não sabendo lidar com dinheiro, o risco de entrar no vermelho é grande, ainda segundo ele,“como os próprios números mostram”.

 

Estagnação

Há dois anos, O Imparcial noticiou sobre essa mesma situação, e o cenário não era muito diferente, quando a inadimplência também estava em torno de 48%. Seria isso uma estagnação? A reportagem fez a mesma pergunta ao gerente regional do Sebrae-SP, e ele expôs, ao responder, que a média da quantidade de MEIs no vermelho já foi pior e chegou até 52%. “Infelizmente a média nacional fica mais ou menos acerca desse percentual. Não é algo exclusivo a essa região”, lembra. Para ele, isso mostra sim uma constância, de modo ruim, ao ver que a cultura é a mesma, e os problemas também.

 

Principalmente no começo. “Dependendo do tipo de negócio, os dois primeiros anos são críticos, em via de regra, então é um período de adequação que muitas vezes passa por essa situação”, fala. E quando ele entra nesse cenário, segundo Cavalcante, ele vai começar a priorizar o que é necessário para manter o comércio em funcionamento, ou seja, o fornecedor e as despesas que são necessárias para permanecer em atividade.

 

SAIBA MAIS

A contribuição do MEI para 2018 ficou da seguinte forma:

MEI - Atividade

INSS

ICMS/ISS

Total

Comércio e Indústria - ICMS

R$ 47,70

R$ 1,00

R$ 48,70

Serviços - ISS

R$ 47,70

R$ 5,00

R$ 52,70

Fonte: Sebrae-SP

 

Inadimplência dos MEIs – Guia de pagamento DAS dezembro/2017

MUNICÍPIO

OPT 11/2017

DAS PAGOS 12/2017

DAS NÃO PAGOS 12/2017

ADIMPLÊNCIA

INADIMPLÊNCIA

Adamantina

1.078

937

141

86,92%

13,08%

Alfredo Marcondes

143

89

54

62,24%

37,76%

Álvares Machado

872

453

419

51,95%

48,05%

Anhumas

186

89

97

47,85%

52,15%

Caiabu

164

94

70

57,32%

42,68%

Caiuá

99

48

51

48,48%

51,52%

Dracena

1.926

1.128

798

58,57%

41,43%

Emilianópolis

92

53

39

57,61%

42,39%

Estrela do Norte

65

21

44

32,31%

67,69%

Euclides da Cunha Paulista

212

86

126

40,57%

59,43%

Flora Rica

52

14

38

26,92%

73,08%

Flórida Paulista

346

210

136

60,69%

39,31%

Iepê

353

180

173

50,99%

49,01%

Indiana

235

112

123

47,66%

52,34%

Inúbia Paulista

202

80

122

39,60%

60,40%

Irapuru

157

109

48

69,43%

30,57%

Junqueirópolis

987

480

507

48,63%

51,37%

Lucélia

652

296

356

45,40%

54,60%

Marabá Paulista

58

16

42

27,59%

72,41%

Mariápolis

102

61

41

59,80%

40,20%

Martinópolis

1.122

583

539

51,96%

48,04%

Mirante do Paranapanema

426

250

176

58,69%

41,31%

Monte Castelo

97

37

60

38,14%

61,86%

Nantes

159

53

106

33,33%

66,67%

Narandiba

173

79

94

45,66%

54,34%

Nova Guataporanga

107

38

69

35,51%

64,49%

Osvaldo Cruz

1.816

1.082

734

59,58%

40,42%

Ouro Verde

362

193

169

53,31%

46,69%

Pacaembu

355

198

157

55,77%

44,23%

Panorama

564

252

312

44,68%

55,32%

Paulicéia

248

97

151

39,11%

60,89%

Piquerobi

215

115

100

53,49%

46,51%

Pirapozinho

1.226

546

680

44,54%

55,46%

Pracinha

38

16

22

42,11%

57,89%

Presidente Bernardes

573

280

293

48,87%

51,13%

Presidente Epitácio

2.106

912

1.194

43,30%

56,70%

Presidente Prudente

9.043

4.498

4.545

49,74%

50,26%

Presidente Venceslau

1.545

759

786

49,13%

50,87%

Rancharia

1.104

494

610

44,75%

55,25%

Regente Feijó

632

318

314

50,32%

49,68%

Ribeirão dos Índios

54

41

13

75,93%

24,07%

Rosana

830

347

483

41,81%

58,19%

Sagres

73

28

45

38,36%

61,64%

Salmourão

143

94

49

65,73%

34,27%

Sandovalina

113

24

89

21,24%

78,76%

Santa Mercedes

144

46

98

31,94%

68,06%

Santo Anastácio

855

487

368

56,96%

43,04%

Santo Expedito

152

75

77

49,34%

50,66%

São João do Pau d'Alho

85

52

33

61,18%

38,82%

Taciba

226

84

142

37,17%

62,83%

Tarabai

235

128

107

54,47%

45,53%

Teodoro Sampaio

980

431

549

43,98%

56,02%

Tupi Paulista

523

263

260

50,29%

49,71%

Fonte: Sebrae-SP

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