Imunoterapia, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), é o tratamento contra o câncer que estimula o sistema imunológico por meio de medicamentos, a fim de modificar a resposta biológica de pacientes à doença. Para conhecer um pouco mais sobre esse procedimento, a reportagem conversou com o oncologista Cézar Wilson Bastos Coimbra, que define o tratamento como uma “opção complementar à quimio e radioterapia”. O Ministério da Saúde informa que a imunoterapia não é um procedimento específico ofertado pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Ainda de acordo com o órgão, imunoterapia diz respeito ao uso de uma série de substâncias chamadas de imunomodulares que favorecem a ação antitumoral no organismo e “como a quimioterapia [ofertada pelo SUS] pode utilizar medicamentos, insumos ou substâncias de caráter imunoterápicos”. Neste sentido, os serviços habilitados em oncologia podem definir quais as drogas mais adequadas para o tratamento de cada um dos seus usuários, desde que autorizados pelas Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Os hospitais que disponibilizam o procedimento podem fazer de forma gratuita ou não.
Segundo o especialista, a imunoterapia nada mais é que uma medicação que ajuda o sistema imunológico a combater o tumor do câncer. É nisso que se difere dos outros tratamentos, conforme expõe, visto que os demais atuam diretamente no tumor, enquanto a imunoterapia busca regularizar o sistema, a fim de melhorar as defesas do organismo e auxiliar no combate ou até mesmo evitar a evolução do quadro da doença.
Todavia, de acordo com o médico, não são todos os quadros de câncer que estão aptos a receber o procedimento imunoterápico. Ele explica que existe todo um diagnóstico feito por meio de exames e da análise do organismo de cada indivíduo. “No entanto, se trata de um procedimento recomendado para casos de câncer no pulmão e melanoma, mas não é uma regra, tudo vai depender de cada organismo”, relata.
Outras variações de câncer que podem aderir à imunoterapia são os de estômago, rim e esôfago. Com isso, o especialista explica que não é coerente comparar a eficácia do tratamento em relação à quimioterapia e radioterapia, por exemplo. “São procedimentos diferentes que possuem reações diferentes. Diria que um não exclui o outro, devem se complementar em busca da cura de um quadro”, pontua.
Não é indicado
De acordo com o oncologista, não é indicado o uso da imunoterapia por pacientes que possuam doenças autoimunes graves. Nesses casos, a pessoa deve optar por outras opções, como quimioterapia e radioterapia. “Fora isso, qualquer pessoa pode passar pela análise médica e verificar se está apta a receber o tratamento”, conta. Em Presidente Prudente, segundo o especialista, o tratamento já é uma realidade. “É uma aplicação simples, não tem mistério”, frisa.
Em tratamento
Passando por seu terceiro câncer nos últimos 10 anos, José Hilário Pasquini, 66 anos, busca melhorar seu quadro após o diagnóstico de câncer de pulmão em outubro de 2017. Há seis meses fazendo tratamento de imunoterapia, o prudentino viaja todo mês à capital para o procedimento. De acordo com ele, já havia passado por quimioterapia antes e por uma determinação médica revolveu tentar o novo tratamento.
“Meu caso é um pouco diferente, porque não senti os efeitos radicais que outras pessoas sentem com a quimioterapia, então, não senti uma diferença muito grande. Continuo me sentindo bem e confortável, da mesma forma que me sentia com outros tratamentos”, ressalta o paciente.
Pasquini, que durante 7 anos comandou as obras do HRC (Hospital Regional do Câncer de Presidente Prudente), explica que se encontra em um quadro estável e que o tratamento tem ajudado para que isso se mantenha. “Agora estou fazendo alguns exames para avaliarmos se já está surtindo efeito”, comenta.