Impactos da reforma trabalhista são discutidos por representantes

Desembargador do TRT da 15ª Região e subprocurador-geral do Trabalho do Distrito Federal estiveram presentes em seminário ontem

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 15/12/2017
Horário 13:21
José Reis, Reforma trabalhista foi pauta de seminário realizado em sede da 29ª Subseção da OAB, em Prudente, na manhã de ontem
José Reis, Reforma trabalhista foi pauta de seminário realizado em sede da 29ª Subseção da OAB, em Prudente, na manhã de ontem

“Se antes tínhamos um direito que protegia eminentemente o lado mais fraco, ou seja, o trabalhador, agora temos um direito que protege igualmente as duas partes”, expõe o desembargador do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 15ª Região, Luís Henrique Rafael, sobre a nova legislação trabalhista, que completou um mês de vigência nesta semana. O magistrado participou na manhã de ontem, na sede da 29ª Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em Presidente Prudente, do seminário “Reforma trabalhista: Os impactos nas relações do trabalho”, realizado pela CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) e Seaac (Sindicato dos Empregados de Agentes Autônomos do Comércio e em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas e de Empresas de Serviços Contábeis), com o apoio da casa.

Na ocasião, Luís Henrique defendeu que as mudanças propostas pela reforma estão sendo discutidas de “forma prematura”, uma vez que os trabalhadores ainda não conhecem de fato a nova lei. Segundo ele, durante a votação da reforma trabalhista, foram divulgadas questões muito pontuais, como divisão das férias em três períodos e o discurso de que benefícios como o 13º salário, por exemplo, não seriam extintos. Aponta, no entanto, que a regulamentação é “muito mais profunda” e “altera completamente as relações de trabalho”, considerando que está focada tanto no trabalhador quanto no empregador. “Os trabalhadores terão que conviver com isso, bem como os sindicatos, que precisarão remodelar a sua atuação”, comenta.

Também esteve presente no evento o subprocurador-geral do Trabalho do Distrito Federal, Luís Camargo de Melo, que enfatizou a necessidade de cautela na análise, interpretação e aplicação das medidas implantadas. Ele destaca que nunca houve uma mudança tão acentuada nas leis trabalhistas como agora e, por esta razão, as expectativas são altas. O representante relata que os efeitos já surtem na esfera trabalhista e muitas das medidas já executadas por empregadores deverão ser objeto de intervenção da Justiça do Trabalho. “É preciso paciência para que o órgão venha a decidir essas questões. O que não podemos permitir é o abuso e a utilização de uma legislação nova para aumentar a exploração do trabalhador”, avalia.

 

“O que não podemos permitir é o abuso e a utilização de uma legislação nova para aumentar a exploração do trabalhador”

Luís Camargo de Melo,

subprocurador-geral do Trabalho

 

Reforma previdenciária

Questionado sobre a tramitação da proposta que altera o sistema previdenciário em âmbito nacional, Luís Camargo de Melo acredita ser inviável a aprovação da medida até o fim deste ano, tendo em vista que o orçamento da União foi votado na quarta-feira e tal sessão antecede o encerramento das atividades no Congresso Federal. “Pelo andar da carruagem, o projeto não será votado em 2017, pois, em três dias úteis, é impossível aprovar algo que precisa ser apreciado em dois turnos, com quórum qualificado”, argumenta.

Luís Henrique Rafael também opina que a discussão da reforma previdenciária deverá ser “procrastinada” para o ano que vem – ou até mesmo para um próximo governo, haja vista que 2018 é um ano eleitoral. “Mas, certamente, as reformas trabalhista e previdenciária são assuntos que se interrelacionam, ainda que o texto da segunda afete muito mais os servidores públicos do que o trabalhador registrado pela CLT [Consolidação das Leis de Trabalho]”, pontua.

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