O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, na sigla em inglês) é o painel científico ligado a ONU (Organização das Nações Unidas), criado em 1988 pela Organização Mundial de Meteorologia e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, com a finalidade de estudar e divulgar informações técnicas e socioeconômicas, e os impactos relevantes aos riscos à humanidade, visando à adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas globais.
Sua estrutura é composta por três Grupos de Trabalho e uma Força-Tarefa. São eles: a) A Base da Ciência Física; b) Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade; c) Mitigação do Clima. Em seu Quinto Relatório de Avaliação, intitulado Mudanças Climáticas 2014: Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade, elaborado pelo Grupo de Trabalho 2, o IPCC detalhou os impactos das mudanças climáticas, os riscos futuros e as oportunidades para uma ação eficaz, buscando reduzir os impactos ambientais.
Um total de 309 cientistas de 70 países, entre coordenadores, autores, editores e revisores, foram selecionados para produzir o relatório, que contou com o auxílio de 436 autores contribuintes e 1.729 revisores especialistas. Em linhas gerais, o relatório aduziu que a resposta às mudanças climáticas recentes envolve fazer escolhas sobre os riscos em um mundo em transformação, já que a natureza desses riscos é cada vez mais evidente, embora essas alterações também continuem a produzir surpresas.
O relatório também identificou as populações, indústrias e ecossistemas vulneráveis ao redor do mundo. Segundo o referido documento, os riscos das mudanças climáticas provem da vulnerabilidade (falta de preparo), exposição (pessoas ou bens em perigo) e sobreposição com os riscos (tendências ou eventos climáticos desencadeantes). Contudo, cada um desses três componentes pode ser alvo de ações inteligentes para diminuir o risco. Impactos observados pelas mudanças climáticas já afetaram a agricultura, a saúde humana, os ecossistemas terrestres e marítimos, abastecimento de água em vários locais do planeta.
Contudo, a característica mais marcante dos impactos observados é que eles estão ocorrendo a partir dos trópicos para os polos, a partir de pequenas ilhas para grandes continentes, e dos países mais ricos para os mais pobres. Segundo Vicente Barros, co-presidente do Grupo de Trabalho II, “vivemos numa era de mudanças climáticas provocadas pelo homem. Em muitos casos, não estamos preparados para os riscos relacionados com o clima que já enfrentamos. Investimentos num melhor preparo podem melhorar os resultados, tanto para o presente e para o futuro”.
Em relação à adaptação, Chris Field, co-presidente do Grupo de Trabalho II salientou que “a adaptação para reduzir os riscos das mudanças climáticas começa a ocorrer, mas com um foco mais forte na reação aos acontecimentos passados do que na preparação para um futuro diferente, já que com níveis elevados de aquecimento, que resultam de um crescimento contínuo das emissões de gases de efeito estufa, será um desafio gerenciar os riscos e mesmo investimentos sérios e contínuos em adaptação enfrentarão limites”.
Neste sentido, o relatório concluiu que as pessoas, sociedades e ecossistemas são vulneráveis em todo o mundo, mas com vulnerabilidade diferentes em lugares diferentes. Logo, a compreensão de que as mudanças climáticas são um desafio na gestão de risco abre um leque de oportunidades para integrar a adaptação com o desenvolvimento econômico e social e com as iniciativas para limitar o aquecimento futuro. Fonte: Contribuição do Grupo de Trabalho 2 para o Quinto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas.