Idosos podem pleitear 10% das vagas de trabalho

Balcão de Empregos oferta, em média, 400 vagas ao mês em Prudente, sendo que 40 delas aceitam público “sem limite de idade”

PRUDENTE - GABRIEL BUOSI

Data 20/07/2018
Horário 08:18
Marcio Oliveira - Isaac Takakura trabalhou como metalúrgico por muitos anos e está desde 2012 na feira
Marcio Oliveira - Isaac Takakura trabalhou como metalúrgico por muitos anos e está desde 2012 na feira

O feirante Isaac Takakura, 63 anos, trabalha nas feiras de Presidente Prudente há seis anos e a decisão de entrar no ramo veio a partir do momento em que ele sentiu a necessidade de ser independente, no que diz respeito à empregabilidade, mas, além disso, na vontade de não ficar em casa, mesmo com a idade mais avançada. Essa, no entanto, não é uma realidade isolada, já que uma pesquisa do curso de Fisioterapia da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista) revela, por exemplo, que a maioria dos idosos retorna ao mercado de trabalho para se sentir mais útil. O panorama também é percebido no Balcão de Empregos de Presidente Prudente, que afirma ver uma procura grande de vagas por parte da terceira idade, mesmo com a destinação de apenas 10% das vagas totais para este público.

A pesquisa mencionada contou com a orientação do docente Weber Gutemberg Alves de Oliveira, e avaliou, durante dois meses, a qualidade de vida dos idosos ativos no mercado de trabalho, bem como as condições socioeconômicas e prevalência de doenças em pessoas com mais de 60 anos, de ambos os gêneros e que exerciam atividades laborais. De modo geral, a maioria dos idosos, apesar de aposentados, retorna ao mercado, devido ao baixo valor da aposentadoria ou simplesmente para se sentir mais útil”, ressalta a universidade, como uma análise do resultado do estudo.

Desta forma, a pesquisa revela que ao estarem no mercado de trabalho, 69% dos idosos apresentaram qualidade de vida regular, com, por exemplo, uma renda que é suficiente para a manutenção do estilo de vida, e outros 70%, por causa da idade, apresentam pressão alta ou doenças metabólicas, sendo 54% doenças relacionadas a exercícios repetitivos, 29% voltadas ao metabolismo e nenhum relato de doenças cardiovasculares, conforme a Unoeste.

No Balcão de Empregos, de acordo com a coordenadora Edileuza Palim, a cada dia que passa, a procura de vagas por parte dos idosos apresenta aumento, mas ela ressalta ter uma baixa empregabilidade, visto que a maioria das oportunidades é para trabalhos braçais, o que, neste caso, dificulta a inserção do idoso. “Nós conversamos com cada candidato, informamos desta dificuldade, mas em momento algum recusamos pegar o currículo, pelo contrário, incentivamos que todos eles se mantenham na esperança de voltarem à ativa, já que a qualquer momento uma vaga pode surgir”, informa.

Ainda conforme Edileuza, o perfil de candidatos mais procurado atualmente não diz respeito à idade, mas sim à escolaridade, o que, conforme ela, muitos idosos não possuem. “Antigamente as pessoas focavam muito na questão do trabalho e muitas vezes deixavam de lado os estudos, e isso hoje traz muitos reflexos, como na hora de pleitear uma vaga”. Sobre as efetivações, a coordenadora do local esclarece que os dados atuais são menores do que anos anteriores, mas diz que a média é de 400 vagas ofertadas ao mês, sendo 40 de delas (10%) ao público “sem limite de idade”, o que inclui idosos. “As empresas, no entanto, estão cada vez mais exigentes”.

Independência

Isaac trabalhou a vida todo como metalúrgico, mas há seis anos resolveu sair da indústria e tentar um negócio em que ele mesmo fosse o administrador. Desta forma, após passar por padarias e também trabalhar com pastéis, encontrou a atividade que lhe agrada: vender churros na feira. “Tenho 63 anos e penso que chega uma fase da nossa vida que a independência fala mais alto e você não quer mais ser funcionário”, ressalta.

Questionado sobre os motivos de estar na atividade e não em casa, ele informa que o trabalho promove momentos de felicidade e motivação, já que o corpo “permanece forte”. “Ainda não sou aposentado, mas também não pretendo parar quando isso ocorrer. Ficar em casa adoece a gente e precisamos colocar a cabeça para funcionar”, ensina.

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